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Drogas, narcisismo e passeatas

Por Valfrido M. Chaves (*) | 20/06/2011 14:40

“Narcotráfico, a grande ameaça à metrópole”, é uma manchete da grande imprensa, que nos parece equivocada, sobre o impacto da violência mafiosa ligada às drogas, sobre a sociedade brasileira.

Já vimos a bandidagem enfrentando de igual para igual as forças de segurança da maior cidade brasileira e deus sabe o que nos espera na Cidade Maravilhosa, com seu sonho olímpico.

Há ainda preocupação, leitor, se por um passe de mágica o tráfico se extinguisse, sobre o que fariam as quadrilhas para manterem seu psicopático ganha-pão... Mas quanto ao que nos parece um equívoco na manchete, caro leitor... Que seria? Não se sabe quem financia o narcotráfico?

Haveria o tráfico sem a “demanda”, sem o consumidor à procura do momento mágico em que supera sua depressão, sentimentos de insignificância, impotência ou estados de ansiedade paralisantes?

Isso deve ficar claro, leitor, em qualquer reflexão sobre a temática “drogas”: seu fascínio está no salto do desconforto grave para um “paraíso” em que o narcisismo e o sentimento de onipotência do usuário nadam de braçadas... Tais fenômenos motivam o consumo e levam o usuário a... financiar e manter o narcotráfico, com sua cadeia de crimes.

Como a droga expande o narcisismo, ou seja, a auto percepção de que se é belo, maravilhoso, acima do bem e do mal, qualquer aceitação de responsabilidade sobre seu papel nessa cadeia infame, é simplesmente inviável, impossível.

Onde estamos chegando então? Que o grande culpado seria o “Narcisismo”, ou a infantilidade do adulto, pois, afinal, o narcisismo nada mais é do que isso: o auge e reino da infantilidade. Por isso o drogado, após perder os bens, a saúde, a família, ainda acha que o “careta” é o outro e ele “é o tal”.

Isso posto, leitor, salvo melhor juízo, ainda que não se puna ninguém por ser fóbico ou depressivo, a lei alcança aquele que bebe e expressa suas neuroses dirigindo e matando no trânsito. E o que busca sentir-se “o rei da cocada preta” após umas “carreirinhas”, financiando, para isso, o Narcotráfico?

Mesmo não sendo um deficiente mental ou psicótico inimputável, deverá ser tratado como tal? E os que superam seus "apequenamentos” através de ideologias onipotentes que os autorizam ao terrorismo, seqüestros, invasões, patrolamento de laranjais burgueses, mensalões, proteção a terroristas assassinos (italianos ou não), como é que ficam face à Lei?

Uma curiosidade, para os onipotentes ideológicos, os “caretas” também seríamos nós, que não alcançamos a grandeza de seus projetos abençoados pela "marcha da História"... Quando nos indignamos com suas mentiras, mensalões, Bancoops, e "dossiêss fajutos", para eles, seríamos míseros “moralistas” burgueses sem capacidade de alcançar a grandeza dessas práticas.

Mas assim vai a barca e o mundo... Cada época com suas contradições, infâmias e evoluções, diante do que não custa tentarmos pensar a realidade, compartilhando nossos esforços, sejam eles mais ou menos racionais, narcísicos. Afinal, todos temos o rabo preso nesse mar em que cantam e encantam as sereias da onipotência. E vamos em frente que, se “viver é perigoso”, atrás pode vir uma passeata progressista pela liberação de mais uma droga.

(*) Valfrido M. Chaves é psicanalista e pós-graduado em Política e Estratégia.

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