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Em defesa da criação da Universidade Federal do Pantanal em Corumbá

Jorge Eremites de Oliveira (*) | 07/09/2012 08:30

Corumbá é um importante município sul-mato-grossense do ponto de vista histórico, cultural, socioeconômico, político e ambiental, do qual Ladário foi distrito até fins de 1953. Surgiu de um povoado fundado em 1778, quando Portugal buscava assegurar suas possessões na bacia do Alto Paraguai, onde o Pantanal está inserido. Durante a guerra entre o Paraguai e a Tríplice Aliança (1864-1870), sofreu grandes prejuízos diante da ocupação das tropas inimigas no sul da antiga Província de Mato Grosso. Após o término deste conflito bélico platino, teve um significativo desenvolvimento econômico, ligado ao comércio fluvial, à indústria e a outros setores produtivos. Toda esta pujança fez com que se tornasse uma cidade cosmopolita, cuja cultura ali emergida e amalgamada a distingue – e muito – em relação a outras regiões do estado. No entanto, a partir da década de 1950 a Cidade Branca ou Capital do Pantanal, como é conhecida, passou a apresentar sérias dificuldades do ponto de vista econômico. Esta questão é geralmente apontada como consequência do desenvolvimento do transporte ferroviário, mas o assunto tem gerado controvérsias entre pesquisadores que estudam a história econômica da região.

Ali, precisamente em 1967, foi criado o Instituto Superior de Pedagogia, onde inicialmente foram instalados cursos voltados para a formação de professores. Dessa instituição deu origem o atual Campus do Pantanal da UFMS, antigo CEUC (Centro Universitário de Corumbá), onde professores, técnicos administrativos e estudantes têm se empenhado na elaboração e defesa do projeto de criação da UFPAN – Universidade Federal do Pantanal. Trata-se de um projeto que é ao mesmo tempo ousado, realista, oportuno e estratégico para o desenvolvimento de Corumbá, Ladário e região fronteiriça, disponível para acesso na Internet (http://cpan.ufms.br/old/includes/Archive/UFPan/UFPan_Projeto.pdf).

A proposta de criar mais uma universidade federal autônoma em Mato Grosso do Sul, como ocorreu com a UFGD, atrai cada vez defensores e mobiliza a população local. Este movimento é bastante pertinente e cada vez mais mobiliza parlamentares, governantes, imprensa, segmentos da sociedade organizada etc. A exemplo do que aconteceu anos atrás em Dourados, onde o projeto de criação da UFGD envolveu amplos setores da população e ganhou a opinião pública, assim está a acontecer em Corumbá e Ladário com o projeto da UFPAN.

Obviamente que um projeto assim não pode ser visto como algo milagroso e salvacionista, mas certamente somará a outras tantas iniciativas voltadas para o desenvolvimento da região. O estado de Minas Gerais, por exemplo, conta com mais de uma dúzia de universidades federais e não seria absurdo ou leviano defender que Mato Grosso do Sul possa contar, ao menos, com umas três instituições desse nível.

Isso trará um conjunto de impactos positivos àquela região fronteiriça no Pantanal: geração de emprego e renda (construção civil, comércio, prestação de serviços, eventos acadêmicos e culturais etc.), formação de recursos humanos e muito mais. Serão milhões de reais investidos anualmente na educação superior, o que a tornará mais uma cidade universitária no Brasil.

Oxalá que Corumbá possa receber o apoio político e os investimentos necessários para a conquista deste sonho acalentado por sua população, engajada e ávida por mudanças significativas rumo ao desenvolvimento socioeconômico e à melhoria da qualidade de vida na região.

(*) Jorge Eremites de Oliveira é doutor em História/Antropologia pela PUCRS e professor da UFGD.

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