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Etanol brasileiro é prejudicado e estrangeiro privilegiado

Por Ruy Sant’Anna (*) | 28/08/2014 13:43

O governo de Dilma tenta esconder tudo o que seja negativo à sua imagem, principalmente quando o que se registra não se trata apenas de uma suspeita. Por isso a presidente bate cabeça para dissimular simpatia aos produtores sucroalcooleiros, mas suas palavras à imprensa ou discursos não se encaixam à realidade. Ora, nenhum governo pode se dar ao “luxo” de pensar e viver de imagem, muito menos de imagem pessoal, pois isto é narcisismo condenável a qualquer título.

Dilma aparece sorridente para dizer que seu governo está atento para os problemas de abastecimento de combustíveis para o Brasil, mas suas atitudes conflitam com o seu verbo. Várias provas colocam em xeque o governo federal diante de falências de usinas que não conseguem manter o nível de empregos nem equilibrar financeiramente seus empreendimentos. O governo Dilma não tem uma política confiável, segura, sobre o que o País deve produzir.

A política econômica do governo petista é atabalhoada, confusa, inconsistente, sem segurança e inspira desconfiança. Por isso tantos desempregos estão aumentando em toda área de produção, serviço e comércio.

Veja que Dilma tirou a prioridade do etanol, e esta era uma das esperanças dos produtores como também dos proprietários de veículos flex. Com o desprestígio de fato do etanol, embora o governo tente disfarçar isso, como fica a situação dessa produção que deveria ser uma das grandes riquezas brasileiras? Diante dessa absurda decisão como fica a indústria de veículos?

Fora essa desastrada atitude o governo de Dilma ainda importa etanol mais caro do que o que produzimos no Brasil. O etanol importado dos EUA é extraído basicamente de milho e é mais caro que o nosso que é produzido da cana, e além do preço mais caro ainda tem que se considerar que o governo desprestigia a produção nacional e fica dependente da exportação.

Quer verdade, certo? Então, o governo Dilma está trazendo 12 milhões de etanol dos Estados Unidos, em plena safra do Nordeste e esse combustível tem por objetivo os distribuidores de combustível nordestino. A gritaria pelo prejuízo e desprestígio governamental ao produto brasileiro foi grande e com total razão, principalmente porque entre os compromissos está o de a cada 45 dias, neste ano de 2014, deve chegar um navio com etanol, segundo projeção da Alphamar, agência responsável pela contratação.

O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúçar), Renato Cunha, classificou essa operação como “esdrúxula”, e “arrasa uma rentabilidade já bastante comprometida e que aumenta o risco de desemprego no setor”.

O que Dilma vê como gosto ruim com relação à FAO e OCDE são porque a Organização das Nações Unidas (ONU), que aglomera tais instituições, distribuiu para o mundo documento com a afirmação de que “a descoberta do pré-sal fez o etanol perder a importância” no Brasil.

Essa decisão esdrúxula vinha se alastrando na medida em que o governo acelerou o investimento no pré-sal. Dilma e seus seguidores não sabem decidir por prioridades que alcancem às aspirações populares e verdadeiras necessidades econômicas. Desde Lula, o governo do PT cria suas necessidades e tenta alcançá-las, assim sai atropelando todo mundo: se der, depois o governo tenta justificar seus vai ou não vai, e upa lê, lê... E o povo? Pra eles, o povo e o empreendedor, indústria, serviço e comércio, são apenas e tão somente detalhes.

Quem disse que o governo tirou prioridade do etanol foi um relatório da FAO, que tem essa sigla traduzida para Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agriculturas. Tal documento foi reforçado por outra instituição, a OCDE que significa Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico. Esta é outra instituição insuspeita que analisa as políticas econômicas internacionais. A OCDE é uma organização internacional formada por 34 países e tem sede em Paris, na França.

A OCDE tem por objetivo promover políticas que visem o desenvolvimento econômico e o bem-estar de pessoas por todo o mundo.

Faz parte de seus compromissos com os países integrantes à OCDE o combate à corrupção e á evasão fiscal. Dos 36 países membros vários já conseguiram resultados positivos nesses dois objetivos e oportunizam mais e melhor desenvolvimento econômico e social para seus povos. E o Brasil não integra essa organização, a não ser quando tem eventual interesse.

A presidente está enredada em viagens e compromissos eleitorais e o problema do etanol está atrapalhando decisões que, na observação palaciana, não deve dar dividendo eleitoral para a candidata Dilma. Só que os áulicos palacianos esquecem que Dilma não usa apenas um cargo de exposição, mas tem responsabilidades funcionais que têm de ser resolvidos, ganhe ou perca a eleição. O País não pode parar. Aos trancos continuamos até 5 de outubro. Assim, sem aleivosias sibilinas, dou às amigas e amigos o meu bom dia, o meu bom dia pra vocês.

(*) Ruy Sant’Anna, jornalista e advogado.

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