Formação para o Ciberjornalismo
Sem qualquer dúvida, hoje, os potenciais campos de trabalho para os profissionais de jornalismo acontecem nas assessorias de imprensa ou de comunicação, área tradicional que absorve a maioria dos egressos dos Cursos de Jornalismo há mais de 30 anos e que se consolidou nos últimos 10 anos, e, de outro lado, em estágio recente e também potencialmente maior, o ciberjornalismo. Deve-se grafar com letras maiores – CIBERJORNALISMO - , pois se trata de uma área em expansão, paradoxalmente àquilo que estudantes e professores dos cursos de jornalismo têm clareza.
Os estudantes de jornalismo, tradicionalmente, quando escolhem esse curso como primeira opção, ou seja, tem consciência do que querem e conhecem preliminarmente os aspectos e o cotidiano da profissão, optam por atuar, inicialmente, no jornalismo de televisão, no telejornalismo e em seguida, tendo em vista a influencia forte dos professores, no jornalismo impresso. Quando chegam nos últimos meses do curso, especialmente no período de elaboração do trabalho de conclusão do curso, no caso dos cursos da área de comunicação, do Projeto Experimental, se compreende que a área de trabalho de preferência, seja nas redações tradicionais, seja no chamado jornalismo alternativo, comunitário, o jornalismo impresso não abre oportunidades de trabalho e que o mercado profissional, nessa área, é muito restrito. São poucas empresas jornalísticas, com quadros de profissionais cada vez mais reduzido.
Se a opção na área de assessoria de imprensa ou comunicação não atende suas expectativas, sobram pouquíssimas oportunidades. Mesmo o jornalismo em televisão, uma opção sempre presente, absorve um número mais restrito ainda de profissionais. Importante destacar que estas reflexões dizem respeito ao mercado profissional com a presença de jornalistas qualificados, ou seja, egressos de algum Curso de Jornalismo, pois muitas vezes essa não é a realidade. O mercado profissional dos jornalistas está cheio de “estagiários” que realizam trabalho de profissionais, além de inúmeros pseudojornalistas, pessoas que nem o ensino médio possuem e ocupam vagas de jornalistas.
O que acontece com tudo essa situação é que muitos egressos dos Cursos de Jornalismo se veem em atuação nos diversos portais jornalísticos na internet. Um mercado potencial e em crescimento geométrico. A pergunta que se faz, pois nos cursos de jornalismo, ou em boa parte deles, não há uma preparação qualificada para atuar em ciberjornalismo, esses profissionais estão preparados para trabalhar nessa área? A realidade do mercado profissional em jornalismo mostra que muitos egressos dos cursos estão em atividade nos portais jornalísticos na internet e nunca se preparam para isso, mais, nunca se imaginaram nessa atividade.
Sem dúvida que os egressos dos cursos de jornalismo estão preparados para atuar em qualquer área da profissão. É entendimento contumaz entre professores e estudantes que aqueles que estiverem qualificados para o jornalismo impresso, estão aptos a produzir para qualquer outro meio! Essa é uma meia verdade. Está correta, e muitos vão discordar desta afirmação, quando se trata de telejornalismo ou de radiojornalismo. Os textos produzidos são curtos e trata essencialmente do lide da notícia, ou seja, do primeiro paragrafo do texto.
No ciberjornalismo também faz-se essa confusão, afirmam muitos que o ciberjornalismo é de uma estrutura de texto enxuta, com, no máximo três parágrafos! Equívoco liquido e certo. A estrutura de texto no ciberjornalismo é complexa, o ciberjornalismo tem como propriedade básica a multimedialidade, ou seja, utiliza vários formatos de mídia ao mesmo tempo.
Sem dúvida, que muitos portais jornalísticos existente não têm essas características e se resumem a textos publicados na internet. Isso não é ciberjornalismo, tampouco jornalismo digital ou coisa semelhante. Dizer que um periódico é um diário digital e ficar apenas em textos e imagens é, como diz a gíria, “enganar a torcida”.
Estar qualificado para a produção ciberjornalística requer conhecimento amplo de informática, base de dados, edição de vídeo, áudio e outros recursos que não cabem mencionar neste espaço. O que muitos egressos dos Cursos de Jornalismo fazem nos chamados jornais da internet é um Blog, limitado pelas linhas editorias definidas pelos proprietários dessas páginas webs. De uma forma ou outra, é a opção profissional que se tem no momento. Ou se faz isso, ou se faz nada!
(*)Gerson Luiz Martins é jornalista e pesquisador do Mestrado em Comunicação da UFMS - www.gersonmartins.jor.br