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Imprensa, responsabilidade social

Por Leandro A. Moura (*) | 09/12/2012 10:29

Notícias como a veiculada essa semana por todos os meios de comunicação em massa, alusivas ao possível suicídio da enfermeira indiana Jacintha Saldanha, vítima de trote de radialistas que queriam informações sobre a internação e gravidez da Duquesa de Cambridge, Kate Middleton, causaram indignação à sociedade internacional.

A enfermeira, segundo informações já veiculadas nos principais jornais eletrônicos, trabalhava há pelo menos 4 anos no Hospital King Edward VII, e segundo o diretor do centro médico, John Lofthouse, era considerada uma enfermeira competente com larga experiência para cuidar de pacientes.

Hoje, não obstante a polícia britânica não ter declarado a causa da morte da enfermeira Jacintha, acredita-se em suicídio. Agora, pergunta-se: o que levaria uma pessoa, com méritos profissionais, segundo declarações do próprio hospital, e, sobretudo mãe, a suicidar-se? Vergonha? Humilhação? Constrangimento? Fraqueza?

Não há dúvida que a enfermeira Jacintha Saldanha sentiu-se constrangida ou até mesmo humilhada com o incidente ocorrido e, provavelmente, em uma janela de fraqueza, tirou a própria vida.

E quanto aos radialistas? Não deveriam ser responsabilizados pelo ato pueril? Não seria a adoção do brocardo: toda ação tem uma reação. É exatamente o que a sociedade local e internacional reclamam: a responsabilização dos radialistas que deve ser imposta tanto sob o prisma moral e ético quanto sob o prisma jurídico.

Os radialistas representam uma fatia da mídia, do labor jornalístico, devendo esse ser exercido com absoluta ética e responsabilidade. Ora, os meios de comunicação em massa (TV, rádios, jornais impressos e eletrônicos etc.) são efetivos formadores de opinião e por essa razão devem estar alicerçados em material idôneo, produzido e obtido com ética e valores sociais e humanos.

Subverter os valores dos meios de comunicação não é formar opinião. É fraudar. É mentir. É enganar. Sem dúvida, subverter os valores dos meios de comunicação não é exercer profissão tão indispensável ao estado de direito. Vejam: os meios de comunicação são indissociáveis do cenário internacional contemporâneo. Efetivamente, a cada segundo, minuto etc., meios de comunicação espalhados pelo globo levam informações capazes de alterar o cotidiano de muitos que são afetados por elas, tratando-se, via de regra, de informações idôneas, baseadas em dados e análises técnicas e não de brincadeiras sem escrúpulos ou valores morais como as protagonizadas pelos radialistas responsáveis pela humilhação que se albergou na vida da enfermeira e que culminou na tragédia de conhecimento de toda a comunidade internacional.

Qual o ensinamento que podemos extrair da tragédia ocorrida no Reino Unido? Que os operadores, formadores de opinião, que exercem suas profissões em qualquer meio de comunicação em massa, devem pautar suas ações nos pilares da ética e de valores morais e sociais, contribuindo com a profusão e difusão de informação obtida de forma responsável, correta e leal, sem subverter ou enganar a fonte, mantendo indelével o ato de noticiar com verdade.

Como já falado anteriormente, os meios de comunicação em massa são indissociáveis da sociedade internacional contemporânea. Digamos mais: os meios de comunicação em massa representam valores sagrados da democracia e liberdade individual e coletiva, estando intrinsecamente arraigados no direito de termos acesso à plena informação, desde que esta seja obtida com absoluta isenção e responsabilidade, sem subversões aos valores ou sem o uso de mentiras.

(*)Leandro A. Moura é advogado e empresário.

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