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Lázaro Barbosa era um monstro, mas não era bobo

Rogério Alexandre Zanetti (*) | 01/07/2021 08:30

Lázaro Barbosa era um monstro. Mas, não era bobo. Durante vinte dias, humilhou quase 300 policiais fortemente armados, com helicópteros, drones e toda tecnologia disponível. Era tão esperto que em fuga tinha rede de apoio, fazendeiros interessados em seus serviços de jagunço afim de aterrorizar pequenos agricultores para depois lhes comprar a terra a preço de banana. Velha prática das elites rurais brasileiras, atrasadas e vivendo como nos tempos das capitanias hereditárias. Esses senhores de terra encheram a mochila do fugitivo Lázaro de muita grana, remédios, biscotinhos, etc.

Lázaro era desumano com suas vítimas. No entanto, a quem interessou a sua morte? Será que aos fazendeiros, que foram beneficiados com uma bela queima de arquivo? Ou as autoridades - não falos dos policiais que o perseguiram, mas dos homens engravatados em gabinetes refrigerados -, que contam com a morte do criminoso como uma espécie de troféu validado com a surrada narrativa do "bandido bom é bandido morto"?

Nos Estados Unidos da América  psicopatas como Lázaro são confinados e, rapidamente, viram objetos de estudo. Se trata de algo que o brasileiro pouco conhece, inclusive as forças de segurança, chamada Psicologia Forense. No filme O Silêncio dos Inocentes, a detetive Clarice tem a missão de visitar o maior psicopata de todos, Hannibal Lecter, para que com sua "experiência criminosa" possa entender o modus operandi de outro psicopata que a polícia ora perseguia. A série Mindhunter, disponível na Netflix, e gira em torno de dois agentes do FBI, interpretados por Jonathan Groff e Holt McCallany, que no ano de 1977 entrevistam assassinos em série presos para tentar resolver casos em andamento. A história dos dois agentes se tornou um livro de sucesso, e seus estudos até hoje contribuem para que as autoridades saibam tratar melhor de crimonosos dessa natureza.

Por aqui, ainda comemoramos policiais se portando feito guerreiros bárbaros após vencer uma batalha, dançando sobre o corpo do inimigo morto. agora, com o marginal fora de circulação, como deveria, a pergunta a ser feita é, quem financiava Lázaro? Sei não, mas acho que o que teremos pela frente é "o silêncio dos culpados".

Não precisamos disso. A justiça precisa ser sóbria, sábia e científica. Um dia, talvez, nos aproximemos disso...

(*) Rogério Alexandre Zanetti é jornalista.

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