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Noblesse oblige, por Heitor Freire

Por Heitor Freire (*) | 17/09/2011 10:35

Todos nós, seres humanos, somos filhos do nosso Pai Altíssimo, que nos criou livres e iguais para, assim, termos a oportunidade de nos desenvolver pelos nossos próprios meios, para cada um conquistar a própria evolução. A única diferença que existe entre todos é exatamente a capacidade de utilizar o conhecimento com que fomos dotados. Depende de cada um.

No livro Deuteronômio, o quinto do Pentateuco, da Bíblia Sagrada, em seu capítulo 30, versículos 11 a 14, Deus declara claramente a Moisés: “Este mandamento que hoje lhe ordeno não é muito difícil, nem está fora do seu alcance. Ele não está no céu, para que você fique perguntando: ‘Quem subirá por nós até o céu para trazê-lo a nós, a fim de que possamos ouvi-lo e colocá-lo em prática?’ Também não está no além-mar, para que você fique perguntando: ‘Quem atravessará por nós o mar, para trazer esse mandamento a nós, a fim de que possamos ouvi-lo e colocá-lo em prática?’ Sim essa palavra está ao seu alcance: está na sua boca e no seu coração, para que você o coloque em prática”.

Assim Deus deu a cada um de nós o mesmo mandamento e da mesma forma, igualitariamente. O mandamento do Pai Altíssimo está em nossa palavra e em nosso sentimento. Cabe a cada um procurá-lo, encontrá-lo e praticá-lo. Somos todos nós nobres de origem, independentemente de raça, nacionalidade, religião, época.

Dessa forma o nosso comportamento deve sempre ser nobre, pois noblesse oblige: nobreza obriga. Devemos sempre agir de uma forma que esteja de acordo com a nossa natureza, com a nossa graduação original e com a nossa consciência. Indo diretamente à fonte, que está em nosso coração.

A tradução literal desta frase quer dizer “a nobreza manda” e, para entendê-la, é bom que se volte um pouco no tempo e que pensemos em história. Houve uma época em que as normas de conduta ética e moral eram transmitidas às novas gerações pelas classes dominantes: a aristocracia, os intelectuais, os escritores, os artistas, ou seja, por aquela categoria de pessoas que tinha acesso ao conhecimento e que, por causa disso, eram exemplos de conduta a serem seguidos.

Isso tudo mudou (e muito, infelizmente!) hoje em dia, mas o significado da frase ainda permanece o mesmo. Quando, por exemplo, nos defrontamos com uma situação em que o outro lado age de maneira rude, ou de forma errada, “noblesse oblige”: que, independentemente de quão rude agiu o outro lado, jamais saiamos da atitude cuja educação diz ser a correta - e quase sempre essa atitude acaba desarmando ou “neutralizando” a incorreção cometida pelo outro lado.

Noblesse oblige é uma frase que deveria se fazer mais presente em nosso cotidiano e sobre a qual deveríamos refletir com mais frequência.

Na realidade, houve uma renúncia, por desconhecimento, ao direito que cada um tem de acessar o seu coração e obter diretamente, sem intercessão de quem quer que seja, a aproximação, a ligação direta com o nosso Pai. Sem dogmas, sem ritualística, sem liturgia.

O primeiro passo, para a evolução é o discernimento. E o que é o discernimento? A capacidade de decidir por nós mesmos o que fazer, sem nos deixar influenciar por quem quer que seja. “Tudo é permitido. Mas nem tudo convém. Tudo é permitido. Mas nem tudo edifica.” São palavras de Paulo na 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 10, versículo 23.

Paulo também pontifica na Carta aos Gálatas, capítulo 5, versículos 22 e 23: “Mas o fruto do Espírito é amor, é alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, mansidão e domínio de si”. Mostrando dessa maneira o caminho para a aplicação do mandamento que Deus nos concedeu e que colocou em nosso sentimento (coração) e em nossa palavra (boca).

Já que estamos com Paulo, na 1ª Carta aos Coríntios, capítulo 13, magistralmente, mostra que o caminho que ultrapassa todos os dons e ao qual todas as pessoas devem aspirar é o amor. O amor é a fonte de qualquer comportamento verdadeiramente humano, pois leva as pessoas a discernir as situações e a criar gestos oportunos. No versículo 13, encerra magnificamente: “Agora, portanto, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. A maior delas, porém, é o amor”.

Voltando então à noblesse oblige, não nos deixemos dominar por outro sentimento que não seja o amor, que tudo encerra e tudo engloba.

(*) Heitor Freire é corretor de imóveis e advogado.

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