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O papel da mãe na governança familiar

Cristhiane Brandão (*) | 04/05/2022 13:30

Um dos conceitos centrais da teoria do psicodrama é o de papel definido por J. L. Moreno como a unidade psicossocial da conduta, que significa uma forma de estar no mundo a partir do desempenho de papéis. Desde o início da nossa vida, e durante toda a sua extensão, é deste modo que nós nos tornamos quem somos.

Com base nesse conceito de papel que Moreno desenvolve sua teoria das relações interpessoais. Afinal, o que essa teoria tem a ver com as mães? Quais papéis exercidos pela mulher e como lidar com eles, em especial, na família empresária? De que modo encontrar equilíbrio frente aos diversos papéis?

Ainda que "a família seja uma coisa e o trabalho outra", a prática exige jogo de cintura, pois como a mãe vai ser conselheira da empresa e avaliar o executivo, que é o filho? Como apoiar a decisão do presidente do Conselho, que é marido e pai do executivo? Como ser justa nos negócios e na família? Como assegurar o legado dos negócios e da família, equilibrando tempo entre família e negócios?

É inegável, a família vem passando por uma transformação tão rápida e profunda que a educação, a convivência e os valores estão permanentemente em xeque. Portanto, é normal a esposa e mãe muitas vezes se sentir perdida e até estressada, pois precisa exercer o papel tradicional de ser "amorosa" sem deixar de "impor limites".

Neste contexto, a família empresária vive um grande desafio: seus integrantes precisam conviver, ter intimidade e ao mesmo tempo disciplina, mas também conseguir separar vida pessoal e profissional.

Observe que já não é mais tão simples para as empresas sobreviverem no atual cenário altamente competitivo e tecnológico, portanto, é imprescindível desenvolver uma estratégia inteligente para definir com clareza os papéis e sistematizar as práticas para a consolidação do legado da empresa.

A mulher novamente é uma peça-chave para a governança familiar devido ao seu papel de educadora, que intuitivamente trabalha pela integração da família e valoriza cada passo do processo de desenvolvimento. Ela é uma espécie de "continente", onde a família se abastece e nutre.

Se antes o lugar delas era restrito apenas à casa, ao lar, e isso por muito tempo foi desvalorizado, hoje, tornou-se um valor essencial para a família empresária onde os papéis transitam com menos rigidez. Uma nova concepção de empresa e de família surgiu, mais integrada.

O objetivo com a governança familiar é justamente que a família experimente maior leveza na condução do trabalho, o que oferece inclusive uma oportunidade incrível: mais tempo para que mulheres e mães possam cuidar de si mesmas. Elas, sempre tão sobrecarregadas, poderão ter mais qualidade de vida.

Porém, é importante compreender que a governança familiar é antes um processo e uma construção. A família empresária precisa olhar para isso, e geralmente a mulher tem mais sensibilidade para compreender o momento necessário.

A governança bem implementada atua na equidade das relações, permeia a cultura existente, introduz novos interlocutores (conselheiros), cria condições para o futuro do negócio e perspectivas para a família, respondendo a questões que geralmente são endereçadas pela necessidade que se apresenta à família e podendo ser trabalhadas de forma preventiva e alinhadas a todos os envolvidos no processo, tais como:

"Quem fará a sucessão da mãe na família empresária? Quem assumirá os compromissos, responsabilidades e ainda perpetuar: a família, os negócios e a propriedade?".

Quando ingressamos, então, na esfera da empresa, percebemos que essa mulher/mãe também estende a maternidade para os "filhos funcionários", cuidando deles, assegurando condições de trabalho, exigindo resultados, e cuidando das estratégias do negócio. E continua cuidando da sua família.

Seja você mãe, filha, neta, mulher, irmã, sócia, gestora, enfim, cada um dos papéis tem sua importância e abrangência. No desenrolar do processo de governança, naturalmente o peso vai saindo dos ombros de alguns membros da família. Para além dos conflitos, medos e angústias, existe muito amor envolvido na família empresária! Hoje é sem dúvida uma datar importante, parabéns mães!

(*) Cristhiane Brandão é Conselheira de Administração em Formação, Consultora em Governança & Especialista em Empresas Familiares.

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