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Pompilho, cientista político

Por Ruben Figueiró (*) | 09/07/2014 13:27

Ele foi adentrando na sala de reuniões com aquele seu jeitão espalhafatoso de seus bons tempos na domação de pingos e burros chucros. Parodiando o capitão Rodrigo Cambara (personagem em o Tempo e o Vento de Erico Verissimo) foi logo alardeando: “Buenas muchachos! Dos que são do contra e magros eu dou de prancha e aos gordos dou de talho!”, levantando o rebenque que trazia às mãos, tão companheiro quando seus cusco “ brioso”. E soltou uma gargalhada galhofeira. Era o velho Pompilho dos Santos Reis, o qual aforante eu, poucos o conheciam, sendo então recebido com olhares atônitos pelos demais presentes.

Considerando-o abelhudo e atrevido de início, logo o ambiente desanuviou-se pela simpatia e espontaneidade do taura gaúcho. Tomando da palavra, apresentou-se: “sou gaúcho de Tupanciretã, dos pampas do Rio Grande, gaudério e torado no grosso, não tive escola, na realidade sou ‘guasca’, uma cruza de estancieiro gaúcho com uma índia kaigangue, buenacho, curtido pelas peleias entre chimangos e maragatos – fui um destes”.

“Encagaçado pelo medo de morrer (os chimangos ameaçaram-me cortar a cabeça, como era corrente para os derrotados) e assim, fugi para as bandas de Mato Grosso, quereciando-me nos campos sem fim da Vacaria (entre Rios, hoje Rio Brilhante), nas veredas do rio Santa Maria (em Ponta Porã) e depois nos campos serrotes das nascentes do rio Brilhante, na região de Maracaju. O ar daqui me fez feliz, são sessenta anos e pico ou mais neste pagos benditos. Considero-me ‘matucho’, entonces: meio gaúcho, meio sul-mato-grossense – egaletê, chiru velho!”

“Apresentei-me bugrada! Agora, falo de politica, ‘com permizo’ de vocês! Gosto dela tanto quando das lembranças das chinocas de antigas andanças boêmias, como do chimarrão, este amigo constante nos momentos de prazer e de nostalgia.”

E lá se foi o Pompilho campo afora em sua análise de cronista calejado pelas refregas em vitórias e derrotas de antanho.

“A temporada das carreiradas eleitorais começaram desde domingo. Desde o Rio Grande, me apego à elas, seja nas canchas de duas quadras e meia para governo do Estado, ou para presidência nas de tiros mais longo para os pareleirós de folego largo.”

Para mim, disse Pompilho, “da potrancada bem fornida e de pelo fino e liso, três se destacam em cada cancha. Na de tiro longo, estão no partidor, mascando freio, indóceis, o da presidente, do Aécio, e do Eduardo. Páreo duro para os enfrenados. Ganhará o de melhor ‘guaiano’ creio, porque mais robusto nas ideias, firmeza de compromissos comprovados pelo passado sempre exitoso na gestão do que lhe compete dirigir, outro senão o Aécio terá ampla vantagem no corpo a corpo com os demais, mais músculo tem mais folego.”

“Na cancha de duas quadras, nada obstante as reconhecidas qualidades, tão naturais nos outros dois ‘guairos’, é nítido o perfil do Reinaldo, porque descompromissado com as ‘reinações’ do presente, pois representa a pureza do desejo de mudanças, de um tempo novo que se antepõe ao que aí está ‘já pesteado’. É o que se ouve desde o Apa, no oeste ao Aporé, no leste; do Paranazão, no sul ao Piquiri/Correntes ao norte de nosso Estado!”

Continuou o Pompilho, “mas bah, tchê! Te cala chirú velho! Perdoem-me, nesta vida já peleei, carchuei por veredas, serras e campos, carreguei tranqueiras, corquilhei à beira de olhos-da-água como sapo, enfrentei barras macanudas, como estas que nosso País está enfrentando, dei rédeas ao pingo rosilho, gastei mesmo com a guaica vazia, vi assombração na cruz solita dos ermos, usei laço curto para chinchar touro bagual, venci ventos araganos e com esta ‘otoridade’ de couro curtido, posso dizer-lhes: apontem suas garruchas (o voto) para impedir que o crinudo gambá não engorde mais no galinheiro da República.”

Depois dessa exortação, o Pompilho, convidou-nos para um “amargo” em sua querência, declamou uma trova que se recorda lá do Rio Grande, para reflexão nossa:

“Oh! Governo esculhanbado

Foi logo o que pensei

Quando do susto sarei

No rancho do meu amigo Saracura,

A coisa está cabeluda...

Já nem bombacha se muda.

A crise é tão macanuda.

Só com o Aécio e Reinaldo terá cura.”

Saudando com o seu largo sombreiro, com rebenque em punho, o “cusco” companheiro, lá se foi o Pompilho, “o santo

guasca.”

(*) Ruben Figueiró é senador e presidente de honra do PSDB/MS

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