ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUARTA  24    CAMPO GRANDE 20º

Artigos

Programa de metas para além de um mandato

Rafael Calabria | 15/04/2017 10:58

Apesar da proposta do Programa de Metas ser construída por uma gestão e indicar os projetos e propostas que ela propõe implantar neste mandato, existem diversas leis que obrigam qualquer gestão da prefeitura a se comprometer com algumas metas estabelecidas

A Mobilidade Urbana, por ser um tema fundamental para o funcionamento da cidade, é um exemplo de área em que diversas leis estabelecem diretrizes e metas para a cidade avançar - independente do prefeito que esteja administrando a cidade.

Na cidade de São Paulo, o Plano Diretor Estratégico e o Plano de Mobilidade de Municipal estabelecem algumas metas em Mobilidade e Transportes para os próximos quatro anos em temas como: implantação de corredores, reforma de calçadas e ampliação da rede cicloviária. Também há outras leis, como a Lei de Mudanças Climáticas e a Lei do Sistema Cicloviário, que determinam obrigações para a prefeitura.

No caso do transporte coletivo público, por exemplo, o Plano de Mobilidade, que visa a melhorar a qualidade e fluidez da rede de ônibus, determina que sejam feitos nos próximos quatro anos 150 quilômetros de novos corredores, 110 km de faixas exclusivas de ônibus e 16 novos terminais de ônibus.
Além disso, a Política Nacional de Mobilidade Urbana obriga a disponibilização de informação ao usuário nos pontos de ônibus e a busca pela modicidade tarifária. Ambas as obrigações não são realidade em São Paulo, então podem se converter em metas para a atual gestão, assim como a regra prevista na Lei de Mudanças Climáticas, que obriga que toda a frota de ônibus circulante em São Paulo e toda a frota de carros da prefeitura tenha combustíveis não poluentes até 2020.

Para incentivar e priorizar a mobilidade ativa, as referidas leis também apresentam vários objetivos a serem alcançados. Para a circulação de pedestres determinam a necessidade de se definir um planejamento e financiamento para a implantação de passeios e travessias, e reformar 250 mil metros quadrados de calçadas por ano.

Para a rede cicloviária são previstos 250 quilômetros ao longo de corredores e 200 novos km de ciclovias, completando as conexões da rede. Além disso, as legislações vigentes estabelecem metas para implantação de mais bicicletários, paraciclos e ampliação da rede de bicicletas compartilhadas.

O Plano de Mobilidade ainda traz outra meta fundamental para a mobilidade ativa - reduzir o índice de mortes no trânsito da capital para seis mortos a cada 100 mil habitantes, meta que foi estabelecida pelo acordo assinado pelo Brasil junto à ONU para a década de ação pela segurança no trânsito. Para esta meta, o Planmob determina que se adote ações como redução de velocidades nas vias e implantação de áreas de acalmamento de tráfego.

Por fim, transversal a todos esses temas, as legislações citadas destacam a importância da participação social na discussão, planejamento e implantação dessas infraestruturas. Além dos espaços de participação já existentes, ainda há um instrumento previsto na Lei “do serviço de Ônibus”, de 2002, que não foi implementado até hoje e que também deve se configurar em meta para esta gestão: um fórum regionalizado de usuários do serviço de ônibus para fiscalizar e colaborar com as políticas públicas do setor.

A partir dessas legislações, as entidades de Mobilidade Urbana de São Paulo: Ciclocidade, Cidadeapé, Sampapé, Idec, Greenpeace e Cidade dos Sonhos elaboraram um documento compilando estas métricas para que a Prefeitura se comprometa com elas, incluindo estas metas em seu Programa.

Estas entidades, comprometidas com uma Mobilidade Urbana mais humana e sustentável protocolaram este documento na prefeitura e irão acompanhar as audiências públicas sobre o Programa de Metas para pressionar a gestão pela adoção dessas metas.

Por fim, em diversas outras cidades brasileiras que também possuem uma legislação de Programa de Metas, a população deve ficar atenta para garantir que os prefeitos se comprometam com infraestruturas para a melhoria da Mobilidade Urbana.

*Rafael Calabria é pesquisador em mobilidade urbana

Nos siga no Google Notícias