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Psicologia e arte: uma aliança para a cura e transformação na vida moderna

Por Sol Flores (*) | 10/09/2025 13:30

Vivemos em uma era de excessos: excesso de informação, de estímulos, de demandas. Não é raro nos sentirmos sobrecarregados, ansiosos ou perdidos em meio ao turbilhão de emoções que a vida moderna impõe. Como profissional que atua na intersecção entre a Psicologia e a Arte, tenho testemunhado como essa combinação oferece um caminho não apenas de acolhimento, mas de profunda transformação para esses males contemporâneos.

Frequentemente, nas oficinas e nos projetos sociais onde atuo, me deparo com a limitação da palavra. Há dores, traumas e alegrias tão complexas que a linguagem racional parece insuficiente para expressá-las. É aqui que a Arte se revela uma linguagem fundamental. Através da pintura, do teatro, da música ou do desenho, conseguimos acessar regiões do ser humano que a lógica pura não alcança. A arte funciona como uma ponte, permitindo que sentimentos ocultos emerjam e sejam externalizados, ganhando forma, cor e movimento. Ela fala onde as palavras, muitas vezes, calam.

No entanto, a expressão artística sozinha, embora catártica, pode não ser suficiente para promover uma cura duradoura. É a Psicologia que fornece a estrutura necessária para que essa jornada seja segura e produtiva. Ela atua como um farol, iluminando e dando sentido às emoções que surgem no processo criativo. Técnicas psicológicas aplicadas em conjunto com atividades artísticas permitem que o indivíduo não apenas se expresse, mas também se compreenda, liberte-se de padrões limitantes e encontre recursos internos para seguir adiante.

A verdadeira magia acontece na sinergia entre essas duas áreas. Essa união vai além do entretenimento ou de um passatempo; é uma ferramenta robusta de desenvolvimento humano. Atividades e oficinas que as integram demonstram resultados tangíveis: a redução significativa dos níveis de ansiedade e estresse, o fortalecimento da autoestima, o desenvolvimento da empatia e o fortalecimento da resiliência para enfrentar os desafios inevitáveis da vida.

É crucial ressaltar que essa abordagem não se restringe àqueles que enfrentam crises ou diagnósticos específicos. Ela é um benefício universal. Crianças encontram um canal lúdico para expressar seu mundo interior e construir uma identidade sólida. Adolescentes descobrem ferramentas saudáveis para navegar um período de intensa mudança emocional e social. Adultos, por sua vez, reencontram o prazer, a criatividade adormecida e um senso de propósito que pode ter sido soterrado pelas obrigações da rotina.

Em conclusão, cuidar da saúde mental é um imperativo dos nossos tempos. E esse cuidado pode, e deve, ser também criativo. Ao unir a profundidade da Psicologia com a linguagem universal da Arte, criamos um caminho de cura que é ao mesmo tempo profundo e leve, acolhedor e transformador. Esta é uma proposta mais do que terapêutica; é um convite para que resgatemos nossa humanidade, nos reconectemos conosco e com os outros, e redesenhemos nossas histórias com mais cor, significado e esperança.

(*) Sol Flores, psicóloga e artista

 

Os artigos publicados com assinatura não traduzem necessariamente a opinião do portal. A publicação tem como propósito estimular o debate e provocar a reflexão sobre os problemas brasileiros.