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Punição: entrou por um ouvido, saiu pelo outro

Por Pedro Paulo Lima de Andrade (*) | 26/08/2011 10:47

A disciplina, como metodologia educacional, é uma das principais ferramentas na qual a pedagogia se utiliza para manter o “bom andamento” das aulas. Como educadores, oferecemos recompensas e punições para selecionar bons comportamentos e eliminar os indesejados, contudo as práticas desses mecanismos de controle já não possuem muita eficácia no ensino médio.

Nessa nova etapa da vida escolar, as crianças tornam-se adolescentes e com isso, surge também uma maior força de resistência aos modelos tradicionais de controle e disciplina.

Os motivadores extrínsecos são difíceis de serem descartados não apenas porque muitos professores não sabem o que fazer sem eles, mas também porque geralmente conseguem a realização da atividade desejada. Outra razão na qual se adota a orientação extrínseca é a aceitação da idéia de que, fazendo-se alguma coisa sobre o problema, significa fazer algo para os adolescentes.

Em sua maioria, os professores elegem as punições como principal meio de controle, porém segundo Kamii (1990) as punições levam a três possíveis resultados: “calculo de riscos”, no qual os adolescentes gastam seu tempo calculando se conseguiriam fazer algo impunemente, “conformismo cego” no qual os professores não conseguem ensinar a tomada responsável de decisões e a revolta.

Skinner, grande psicólogo americano da Psicologia comportamental, sustenta a tese de que, ao se punir alguém, procura-se tão-somente ensinar o que esta pessoa não deve fazer e provê-la de uma orientação insuficiente sobre aquilo que deveria ter feito. A punição nem sequer ensina o que não fazer muito menos a razão para fazê-lo, o que ela ensina na verdade, é o desejo de evitar a punição.

Sob a premissa “E se vocês forem bons...” nossas recompensas e elogios fazem do educar algo menos autoritário e punitivo, porém as recompensas também punem, elas não fazem adolescentes nem um pouco mais autônomos que as punições.

As recompensas rompem relacionamentos. Elas abrem uma enorme brecha entre educadores e alunos, definidos a partir delas como recompensadores e recompensados. Além disso, as recompensas ignoram razões e reduzem o desejo da criança para atuar de maneira particular.

Os valores verdadeiros e intrínsecos tem que se desenvolver de dentro para fora. Elogios e castigos podem mudar o comportamento, mas não podem mudar a pessoa que se compromete com o mesmo. Não devemos dar recompensas para adolescentes por terem realizado algo, mas oferece-lhes sempre uma razão para continuar a agir dessa forma.

(*) Pedro Paulo Lima de Andrade é aluno graduando do 4º período do curso de Psicologia da instituição Facex - Faculdade de Ciências, Cultura e Extensão do RN.

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