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Reforço escolar: não estamos fazendo isso direito

Ricardo Althoff * | 21/12/2016 13:58

Chega a ser um tanto absurdo o modo como o reforço escolar é visto e utilizado pelo modelo de ensino nacional, atualmente. Quase não há espaço para o programa de ensino paralelo, e muitas vezes ele é tratado como punição, no máximo um intensivo de fim de ano para passar em uma ou outra prova.

O problema está na forma como se entende o aluno. Ele é visto como um produto em uma esteira de linha de montagem. Se ele apresenta algum defeito três coisas podem ocorrer: ele é descartado, ele é remendado no fim do processo e passa mesmo tendo problemas estruturais, ou ele volta para o começo da esteira, mesmo sem precisar passar por todas as etapas para concertar um problema, que muitas vezes é novamente ignorado.

Não é a toa que só há três opções plausíveis para esse modelo: abandono escolas, recuperação e progressão continuada, ou repetência. Os moldes de nosso ensino ainda são baseados em necessidades ultrapassadas, acomodadas e ineficientes. Hoje a taxa de reprovação de alunos no ensino médio chega a 13,1% no país, de acordo com o estudo Todos pela Educação.

Esse número é enorme quando comparado aos 2% de países líderes em educação como a Finlândia. São aproximadamente U$ 3 bilhões/ano mal investidos em uma educação que não levará o aluno a lugar algum, já que o ensino precisa ser personalizado de acordo com a necessidade individual.

O que mais incomoda é que uma solução simples poderia ser aplicada de forma preventiva e que resolveria esse problema: justamente o uso do reforço escolar ao longo do ano letivo. A maioria dos educadores já entende o reforço escolar como uma ferramenta paralela e necessária para a maior parte dos estudantes.

O aprendizado é algo que demanda dedicação fora da sala de aula, e, muitas vezes, é difícil para a criança e o adolescente estudarem sozinhos em casa. A falta de disciplina de estudo e a impossibilidade da maioria dos pais, que trabalham, de ajudar, contam muito para que isso não ocorra.

O uso do reforço bem planejado como atividade paralela durante todo o ano ajuda a dar aprofundamento ao aluno, assim como descobrir e trabalhar pontos de dificuldade. É um braço educacional, não um salva-vidas, e que pode e, deve ser feito por profissionais da educação. Esse inclusive é um ramo em crescimento para o empreendedorismo educacional.

A necessidade existe e ela reflete o cenário social. O uso da internet e da EAD (educação à distância) deram alternativas para o reforço escolar ser realizado sem a necessidade de grandes investimentos em infraestrutura, o que barateou os custos para educadores e alunos.

Claro que ainda há um problema envolvendo as diferenças de ensino particular e público. A falta de verba torna complicado investir em mais professores, espaços e materiais na escola pública. No ensino particular o reforço pode inserir um gasto alto com as escolas, que ainda entendem o reforço como o “extra” de seu serviço.

Entretanto, plataformas de reforço online estão disponíveis para a maioria dos alunos, e pelo barateamento do processo é possível cobrar mais barato. É negócio para o empreendedor, e é acesso para o aluno, que muitas vezes, mesmo na rede pública, já possui internet em casa.

Há de se mudar paradigmas, aproveitar oportunidades e investir na educação. Só não adianta esperar que o sistema mude. Os resultados estão ai há anos e ele continua parado, preguiçoso e mal planejado. Cabe aos educadores tomar em suas mãos a oportunidade, pois eles podem fazer a diferença, mudar suas vidas e a de outros. Vivemos em uma época que demanda essa nova postura. Aproveite o fim de ano para refletir. Tudo tem potencial para mudar.

*Ricardo Althoff é CEO da revista "Seu Professor Empreendedor & Negócios".

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