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Solidariedade, uma experiência transformadora

Por Diogo Luiz Santana Galline (*) | 15/01/2015 13:23

A educação para a solidariedade é um processo de emancipação das pessoas envolvidas, que concede ao ser a oportunidade de reconhecer a si e ao outro como sujeitos de direitos, autônomos e interdependentes, em um processo gerador de humanização. Entre os jovens, desenvolver o espírito solidário é considerado um grande desafio nos dias de hoje diante de tantas opções de atividades que eles podem ter acesso em suas horas livres. Mas experiências bem sucedidas no País mostram que os jovens têm sim vontade de exercitar a solidariedade. O que falta, talvez, é facilitar os primeiros contatos destes jovens com este mundo e atraí-los com ações bem estruturadas e que promovam de fato a educação para a solidariedade e não o simples assistencialismo.

Uma das maiores provas do comprometimento dos jovens brasileiros com a solidariedade pode ser mostrada em uma iniciativa desenvolvida há dez anos por um grupo educacional brasileiro, que já contou com a participação de aproximadamente 1,8 mil jovens em pleno mês de janeiro, mês que é sinônimo de férias, praia e descanso. Chamada de Missão Solidária Marista, a iniciativa da Pastoral do Grupo Marista tem por objetivo promover a educação para a solidariedade a partir de uma experiência vivencial de aprendizado recíproco e dialógico. Os jovens têm a oportunidade de transformar as férias em uma importante experiência de amor ao próximo.

Durante uma semana, jovens ligados aos colégios, centros educacionais e sociais, ensino profissionalizante e universidade do Grupo Marista são convidados a deixarem seus afazeres de lado para inserirem-se em realidades desafiadoras, sobretudo de vulnerabilidade social. Nesse período, há troca de experiências de vida entre jovens e moradores, a fim de despertar tanto a sensibilidade solidária e a espiritualidade transformadora dos participantes, bem como uma maior emancipação e unidade das comunidades que acolhem a experiência. Além de reforma de locais públicos, como a pintura de muros e limpeza de jardins e praças, há também espaços de debate, visita missionária às famílias, festivais culturais e atividades socioeducativas e recreativas para as crianças e jovens da região.

Iniciativas como esta, para serem bem sucedidas, precisam ser uma “via de mão dupla”, ou seja, devem almejar tanto o despertar do olhar crítico, da sensibilidade solidária e da espiritualidade sociotransformadora dos jovens que participam, a fim de que se tornem agentes de transformação social no contexto em que estão inseridos; quanto a emancipação e a maior união da própria comunidade que acolhe o projeto.

As experiências vividas pelos jovens precisam inquietar e desacomodá-los. Os participantes devem retornar às suas realidades e perceber as injustiças sociais existentes, para que sejam agentes de transformação social e consigam, junto a outros jovens, mudar a realidade em busca de um mundo mais fraterno e justo.

O Papa Francisco afirma em sua exortação que “na doação, a vida se fortalece; e se enfraquece no comodismo e no isolamento. De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar vida aos demais. A vida amadurece a medida que é entregue para gerar vida aos outros”.

Assim sendo, ações como a Missão Solidária Marista devem despertar nos jovens o desejo de participar da formulação das políticas públicas consistentes, de inserir-se no mundo da política, de fazer incidência nos espaços que produzem a injustiça e a pobreza. Instituições comprometidas com a construção de um mundo melhor, especialmente as que atuam na área educacional, não devem formar jovens anestesiados frente às injustiças sociais, nem assistencialistas baratos, mas jovens conscientes de que é preciso atuar de forma orgânica e organizada para gerar transformações consistentes e duradouras.

(*) Diogo Luiz Santana Galline é pastoralista do Setor de Pastoral do Grupo Marista

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