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Cidades

Arroz, feijão e galinha assada esperam Alexandre, preso por erro judicial de MS

Ele está preso há 66 dias e habeas corpus foi concedido um dia após reportagem do Campo Grande News

Ana Paula Chuva | 01/08/2020 12:47
Lucilene em sua casa, aguardando a chegada do marido Alexandre. (Imagem: Marco Zero)
Lucilene em sua casa, aguardando a chegada do marido Alexandre. (Imagem: Marco Zero)

“Vou preparar a comida favorita dele. Um arrozinho, um feijão e uma galinha assada”, diz emocionada Lucilene Silva Bandeira, 54 anos, de Sítio Novo,  bairro de Olinda, cidade vizinha a Recife, Pernambuco, onde o marido Alexandre Dias Bandeira, 53 anos, que conseguiu ordem de soltura depois de ser preso em maio, por erro judicial. Ele está 66 dias encarcerado, acusado de tráfico de drogas no Cotel (Centro de Observação e Triagem Everardo Luna),  depois que a Polícia Civil do Estado cumpriu ordem de captura emitida pela Justiça de Mato Grosso do Sul.

O verdadeiro condenado é outro, ficou provado.

Um dia após o Campo Grande News contar a história do homem preso injustamente 19 anos depois da condenação por tráfico em Bataguassu, a 335 quilômetros de Campo Grande, o habeas corpus foi concedido nesta sexta-feira pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

”Quando recebi a noticia fiquei emocionada. Tô com a carne toda tremendo. Que noticia maravilhosa, foram dois meses e uma semana, nesse sofrimento”, relata a voz simples de uma esposa que não vê a hora de abraçar o companheiro.

Lucilene cita nominalmente os repórteres do Campo Grande News e do Site Marco Zero que compartilharam a história de Alexandre.

“Vocês estão nos dando esse apoio, divulgando nossa história. Nos dando maior força. O jornal de vocês, a Izabela Sanches, o Laércio Portela daqui, fizeram com que o doutor Halysson se comovesse. Vocês me ajudaram sem nem me conhecer e a gente conseguiu, agora é só esperar ele chegar”, completa durante a entrevista por telefone, em alusão ao advogado que fez o pedido de liberdade ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

Para ela o momento é de apoiar e dar força ao companheiro com quem vive há 23 anos junto, “Estou agora me preparando porque ele vai precisar de muito apoio. Um homem inocente dentro da cadeia. Ficam o trauma e os danos morais. Eu agora quero ser forte para ajudar meu marido e a gente vai conseguir. AS batalhas não param e eu vou provar que ele é inocente na Justiça”, afirma Lucilene que não cansa de agradecer.

A expectativa é que Alexandre seja solto na segunda-feira (3), que é quando a informação deve chegar oficialmente ao Cotel. “Eu não vou nem dormir até o dia. Estou emocionada só de pensar em ouvir a voz dele no portão. Já escutei tanta coisa sobre a reputação do meu marido, e a gente se magoa, mas eu sei que ele é inocente”, diz.

Emocionada, ela ainda descreve o marido como uma pessoa maravilhosa. “Vocês precisam conhecer ele. É muito querido na nossa comunidade. Um ser humano maravilhoso mesmo. Um companheiro mesmo para mim”.

Do lado esquerdo, documento de Alexandre, preso no dia 27 de maio e ao lado, RG que estava com homem preso em 2001 (Imagem: Marco Zero)
Do lado esquerdo, documento de Alexandre, preso no dia 27 de maio e ao lado, RG que estava com homem preso em 2001 (Imagem: Marco Zero)


Festa para chegada – Sobre a chegada de Alexandre em casa, Lucilene diz que pretende não só preparar a comida favorita do marido, mas quer chamar os amigos e fazer um culto de ação de graça.

“Eu não posso esquecer de agradecer por essa benção. Vou chamar os amigos e vamos celebrar esse momento com um culto de ação de graças e vamos agradecer por vocês e pelo advogado que se comoveu. Deus tocou no coração de vocês, e quero compartilhar esse momento de felicidade”,

Mas, apesar da comemoração pela soltura do marido, ela lembrar que o momento não é só de celebrar,  mas também de lutar para provar a inocência.

“A Justiça errou com meu marido e eu vou provar. Não é momento de se calar. Precisamos mostrar o erro e dizer que o Estado tem que arcar sim com isso. Não apaga a dor e o sofrimento vivido pela gente, mas mostra que eles não podem agir assim. Precisa melhorar.  Queremos justiça e indenização”, afirma Lucilene.

O advogado que conseguiu o habeas corpus, Hallysson Rodrigo e Silva Souza, informou que ainda há um trâmite para a liberação de Alexandre, com a chegada à Justiça do Pernambuco de carta precatória com a ordem de soltura. Isso só deve ocorrer na próxima semana.

(Matéria atualizada às 13h25 para acréscimo de informação)

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