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Cidades

Em 2 anos, Saúde espera acabar com a dengue em Campo Grande

Ato simbólico nesta manhã soltou mosquitos com Wolbachia, que podem impedir transmissão de arboviroses

Guilherme Correia e Ana Paula Chuva | 26/10/2021 10:22
Mosquitos foram soltos em ato simbólico nesta terça-feira. (Foto: Marcos Maluf)
Mosquitos foram soltos em ato simbólico nesta terça-feira. (Foto: Marcos Maluf)

Em um período de dois anos, o método Wolbachia poderá fazer com que todos os mosquitos Aedes aegypti, vetores de uma série de doenças, em Campo Grande, percam a capacidade de transmissão de arboviroses e que a dengue fique em níveis muito baixos. A Capital já tem reduzido seus índices desta doença, mas em 2019, chegou a indicar situação de epidemia.

Em ato simbólico nesta manhã (26), o coordenador estadual de Controle de Vetores, Mauro Lúcio Rosário, afirmou ao Campo Grande News sobre a expectativa dos resultados desse procedimento em território campo-grandense, conduzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) em parceria com a WMP (World Mosquito Program) Brasil.

Coordenador estadual de Controle de Vetores, Mauro Lúcio Rosário. (Foto: Marcos Maluf)
Coordenador estadual de Controle de Vetores, Mauro Lúcio Rosário. (Foto: Marcos Maluf)

Nesse cenário, é esperado que daqui a dois anos, todos os transmissores de doenças como a dengue, chikungunya ou zika a seres humanos sejam atingidos pela bactéria Wolbachia. "Acreditamos que em alguns meses, com Wolbachia, vão substituir os mosquitos selvagens, esses insetos encontrados no meio ambiente, e quando isso acontecer, com certeza, a dengue e zika estarão controlados."

Para que daqui a dois anos, a gente possa colher bons resultados, de forma que a gente não tenha mais epidemias", diz Rosário.

O coordenador explica que cerca de 30% dos mosquitos já foram atingidos pela bactéria, segundo levantamento feito por meio de armadilhas que coletam os insetos. Quando isso ocorre, esses vetores perdem a capacidade de transmissão. No entanto, os resultados são esperados para o período daqui a dois anos. "É muito cedo para falar que temos poucos casos de dengue por causa disso".

Ele ressalta que a soltura é dividida em várias fases, de forma gradativa. "Acreditamos que daqui a dois anos, tenhamos 100% dos mosquitos com Wolbachia. Terão várias fases, a gente monitora, faz o levantamento em determinada área", diz. Além disso, a população poderá ser picada por tais mosquitos, mas que se forem os com Wolbachia, nenhuma doença será transmitida.

"São mosquitos do bem. Ele vai picar pessoa, normalmente, mas não vai transmitir doença nenhuma, vai impedir que outros mosquitos possam transmitir a doença", explica.

Secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, e secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, ao lado de servidores, em soltura simbólica nesta manhã. (Foto: Marcos Maluf)
Secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, e secretário municipal de Saúde, José Mauro Filho, ao lado de servidores, em soltura simbólica nesta manhã. (Foto: Marcos Maluf)

Método - A ação conjunta entre WMP Brasil e Fiocruz - vinculada ao Ministério da Saúde - já fez com que mais de 30 bairros fossem atingidos pelo método Wolbachia, contemplando cerca de 200 mil moradores. Estima-se que 20 milhões de wolbitos, mosquitos que contém essa bactéria, deverão se reproduzir na Capital, com outros espécimes.

Campo Grande foi a cidade escolhida na Região Centro-Oeste, por ser um município de médio porte, que vinha sofrendo com a alta incidência de dengue. O projeto visa estudar e comprovar a eficácia do método em diferentes biomas brasileiros. As ações iniciaram no Rio de Janeiro (RJ) e Niterói (RJ) e, posteriormente, foram também a Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). Um estudo semelhante ocorre na Indonésia.

Segundo artigo "Aplicando Wolbachia para Eliminar a Dengue", publicado em uma revista científica britânica, o procedimento pode reduzir em 86% as internações por dengue.

Recipiente onde os wolbitos ficam alojados antes de serem soltos no ambiente; mosquito não é prejudicial à saúde humana. (Foto: Marcos Maluf)
Recipiente onde os wolbitos ficam alojados antes de serem soltos no ambiente; mosquito não é prejudicial à saúde humana. (Foto: Marcos Maluf)

No ano passado, mais de 52,2 mil sul-mato-grossenses tiveram dengue, de acordo com a SES (Secretaria Estadual de Saúde). Somente neste ano, foram 11,1 mil casos prováveis notificados pela pasta. Foram 41 mortes contabilizadas pela doença, em 2020, além de 13 óbitos registrados até a última atualização.

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