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Cidades

Ação inédita revela riscos: 57 falhas em apenas um caminhão com carga perigosa

Capacitação da Agems mostra realidade de problemas graves em transporte de químicos

Por Kamila Alcântara e Geniffer Valeriano | 03/09/2025 16:59
Ação inédita revela riscos: 57 falhas em apenas um caminhão com carga perigosa
Fiscal de produtos perigosos transportados em carretas, durante curso em Campo Grande (Foto: Paulo Francis)

Um caminhão vistoriado em Campo Grande chamou a atenção de equipes da Agems (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Mato Grosso do Sul). Em uma única abordagem, foram encontradas 57 irregularidades. O veículo estava vazio e seguia para manutenção, mas o episódio foi usado como alerta durante mais um dia de treinamento sobre transporte de cargas perigosas, realizado nesta quarta-feira (3), no Porto Seco da BR-262.

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Fiscais e agentes de segurança participam de treinamento pioneiro em Mato Grosso do Sul para fiscalização de transporte de produtos perigosos. O curso, realizado no Porto Seco da BR-262, capacita mais de 40 servidores, incluindo policiais militares, bombeiros e fiscais da ANTT. Durante as abordagens, um caso chamou atenção: um caminhão com 57 irregularidades foi flagrado em Campo Grande. A iniciativa ganha importância diante da expansão econômica do estado e da futura Rota Bioceânica, que deve aumentar o fluxo de veículos nas rodovias sul-mato-grossenses.

O curso é inédito em Mato Grosso do Sul e capacita mais de 40 servidores para fiscalizar veículos que transportam combustíveis, produtos químicos e outros produtos classificados como perigosos. A ação conta com policiais militares, bombeiros, fiscais da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e até agentes do Tocantins e de São Paulo.

Segundo o coronel Waldir Ribeiro Acosta, responsável pela capacitação, o foco não é só punir, mas orientar os motoristas. “Temos policiais militares de trânsito, policiais rodoviários, policiais militares do Tocantins, fiscais da ANTT e um bombeiro militar também. O principal foco é salvar vidas. Na realidade, a gente está fazendo a orientação. É um bloqueio preventivo de orientação”, explicou.

Ele destacou que muitos problemas detectados são simples, mas representam riscos em caso de acidente. “Às vezes pode ter duas placas informando o produto que ele está conduzindo. Uma placa na frente e outra no verso. Aí, retira-se uma das placas e fica só uma. Porque se ocorrer um sinistro, quem for atender tem que saber que produto está sendo transportado. Havendo duas placas, pode gerar dúvida.”

Ação inédita revela riscos: 57 falhas em apenas um caminhão com carga perigosa
Coronel Waldir Ribeiro Acosta, responsável pela capacitação (Foto: Paulo Francis)

O caso mais grave até agora foi justamente o do caminhão com 57 falhas. “Na verdade, ele não estava regularizado. Ele já deveria ter regularizado antes, mas, como estava a caminho, já seguia sem carga. Foram feitas todas as orientações possíveis para que ele não rodasse nessas condições, que representam perigo para ele e para terceiros. Na verdade, é um perigo para o ser humano, para o meio ambiente e para a segurança pública”, disse o coronel.

Entre os veículos parados, um caminhoneiro admitiu que desconhecia algumas exigências. Valdivino de Brito Camargo, de 53 anos, descobriu que até a cor do para-choque precisa seguir norma. “Teve duas coisas irregulares ali, mas o resto estava tudo certinho. Sempre a gente tá aprendendo. Eu acho que nem a empresa sabe ainda que é o para-choque, que é a cor diferente do para-choque. E a placa lá atrás que tem o número do fabricante”, compartilha.

Valdivino considerou a fiscalização positiva. “Eu acho importante; tem que ter direto. Isso é bom para evitar, vamos supor, vários acidentes. Não é só comigo, mas, às vezes, com terceiros. É educar”, avalia.

Ação inédita revela riscos: 57 falhas em apenas um caminhão com carga perigosa
Motorista Valdivino de Brito Camargo passou pela fiscalização (Foto: Paulo Francis)

Fiscalização pioneira - O treinamento em Mato Grosso do Sul foi elogiado por especialistas de outros estados. O tenente Paulo Santos, instrutor vindo de São Paulo, ressaltou o caráter inédito da iniciativa: “Aqui no Estado de Mato Grosso do Sul, o curso de fiscalização do transporte de produtos perigosos é pioneiro. Recentemente, foram noticiados quase 15 acidentes envolvendo esse tipo de carga. Ou seja, a fiscalização é essencial para que esses acidentes não ocorram”.

Segundo ele, a chegada de novas rodovias, como a Bioceânica, exige preparo. “Os veículos aqui na rodovia estão aumentando demais. Com essa nova rodovia bioceânica, é imprescindível que se faça essa fiscalização de forma eficaz aqui”.

A coordenadora da câmara técnica de fiscalização de transportes da Agems, Aline Melo de Oliveira, reforçou que o curso é apenas o primeiro passo. “No Estado, há uma grande necessidade de que haja mais fiscalização, e eu sempre falo que o diretor-presidente da Agems preza a segurança do usuário que trafega por Mato Grosso do Sul. Com a união das forças de fiscalização, quem ganha é a população”.

Ação inédita revela riscos: 57 falhas em apenas um caminhão com carga perigosa
Técnica de fiscalização de transportes da Agems, Aline Melo de Oliveira (Foto: Paulo Francis)

Aline lembrou que acidentes recentes reforçam a urgência do trabalho. “Houve, sim, há cerca de 10 dias, dois grandes acidentes. Eu não posso precisar se eles poderiam ter sido evitados, porque, quando se tem uma pessoa ao volante, a gente não pode determinar onde está o erro, se humano ou decorrente de falta de fiscalização. Eu sei que, quando a gente vai para a pista e coloca o servidor para pôr em prática aquilo para o que foi capacitado, a diferença acontece”.

Crescimento e riscos - Para técnicos que participaram do curso, a iniciativa é fundamental diante da expansão econômica do Estado. Alekhine Reis, da ANTT, disse que a experiência mudou sua visão. “Hoje eu não dirigiria atrás de um caminhão desses, de jeito nenhum, nem por um instante, porque o tipo de problema que a gente pode ter em um sinistro não é só o dano material do equipamento que tombou. Envolve o risco de vida de quem está envolvido e de quem está próximo a você, o impacto no meio ambiente e a segurança pública”.

Ação inédita revela riscos: 57 falhas em apenas um caminhão com carga perigosa
Fila de caminhões que vão passar pela fiscalização (Foto: Paulo Francis)

Ele avaliou que o crescimento traz oportunidades, mas também novos perigos. “Você imagina o que vem pela frente. Vem um monte de coisa boa, mas atrás das coisas boas vêm as coisas ruins. E a gente tem que estar preparado para isso tudo”.

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