Foragido, líder de fraudes no Detran tem habeas corpus preventivo negado
Ação em que responde pelas fraudes, pagamento de propina para liberar veículos irregulares, tramita em sigilo
Após quase dois anos foragido, o despachante David Cloky Hoffamam Chita, apontado como líder de um esquema de fraudes no Detran/MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), teve habeas corpus preventivo negado pela Justiça. Ele possui longo histórico criminal e foi condenado recentemente na Operação Vostok, após roubar propina que seria entregue a um corretor de gado.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
David Chita, apontado como líder de esquema de fraudes no Detran de Mato Grosso do Sul, teve pedido de liberdade negado pela Justiça após ser capturado. Foragido por quase dois anos, o despachante foi preso entre julho e agosto deste ano e responde por organização criminosa, corrupção passiva e inserção de dados falsos. O esquema, investigado na Operação 4º Eixo, envolvia pagamento de propina a servidores para liberação de veículos irregulares. A investigação revelou adulteração de dados em documentos de veículos nas agências de Miranda e Campo Grande, com valores de propina chegando a R$ 1 mil por procedimento irregular.
A defesa dele, feita pelos advogados Mateus Tomazini dos Santos e Lahis Barreto dos Santos impetrou habeas corpus, tendo o primeiro negado ainda em 1º de agosto, conforme publicação no Diário Oficial. O processo em que responde pelas fraudes – pagamento de propina a servidores para liberar veículos irregulares – tramita em sigilo. A Operação 4º Eixo, que investiga o esquema, foi deflagrada em julho de 2023, mas o despachante não havia sido preso.
- Leia Também
- Acusada de envolvimento em esquema de fraudes no Detran é demitida
- Foragido e com nova defesa, despachante descarta delação sobre fraudes
A defesa pediu a revogação da prisão ou sua substituição por medidas alternativas, além de prisão domiciliar, alegando que David sofre de diabetes tipo 1. Também pleiteou a extensão da decisão que concedeu liberdade provisória à servidora afastada do Detran/MS, Yasmin Osório Cabral, que cumpre medidas em casa com tornozeleira eletrônica.
O pedido foi analisado pela 3ª Câmara Criminal, sob relatoria do desembargador Fernando Paes de Campos, que manteve a prisão preventiva. O réu responde por organização criminosa, corrupção passiva e inserção de dados falsos em sistema de informação.
Na decisão, o magistrado destacou que não houve fato novo que justificasse a revisão da prisão. Ressaltou ainda a gravidade das condutas, o risco de reiteração criminosa e a necessidade de assegurar a aplicação da lei penal, já que o acusado permaneceu foragido por longo período.
Em relação à alegação de problemas de saúde, o tribunal entendeu que o diagnóstico não indica debilidade extrema e que o tratamento é possível dentro do sistema prisional. A corte também rejeitou a tentativa de extensão da decisão concedida à corré, considerando que as situações jurídicas não são equivalentes.
Com a decisão unânime, David Chita segue preso enquanto responde ao processo por fraude em documentos e corrupção envolvendo servidores e despachantes ligados ao Detran/MS.
Caso – Além de David, o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) denunciou os servidores públicos Genis Garcia Barbosa, Eufrásio Ojeda e Abner Aguiar Fabre. A investigação começou a partir da regularização de um caminhão, cujo proprietário buscava a exclusão de gravame e a troca do motor. Para o procedimento, contratou o despachante.
“Diante da inexistência da documentação necessária para a regularização pretendida e cientes das manobras ilegais realizadas pelos servidores públicos, dirigiram-se ao município de Miranda, onde foram inseridas alterações ilegais no sistema”, aponta o promotor Adriano Lobo Viana de Resende.
No cadastro, foram adulterados dados como carroceria, eixo, PBT (Peso Bruto Total), CMT (Capacidade Máxima de Tração) e carga, sem que o veículo tivesse passado por processo regular de alteração de características.
As fraudes ocorreram nas agências do Detran em Miranda e Campo Grande. Na Capital, houve alteração da cor do veículo, cancelamento do CRV (Certificado de Registro do Veículo) e emissão de um novo documento. As irregularidades aconteceram entre julho de 2019 e setembro de 2020, com pagamento de R$ 1 mil.
Matréria editada às 15h48 para correção de informação.
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.