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Cidades

Mais de 477 mil crianças e adolescentes de MS são privados de serviços básicos

Pior situação é sobre saneamento, mas Unicef também investigou habitação, ensino, renta e trabalho infantil

Por Ângela Kempfer | 14/07/2025 17:39
Mais de 477 mil crianças e adolescentes de MS são privados de serviços básicos
Mulher e criança na zona rural do Brasil em foto do estudo divulgado pela Unicef (foto: Erico Hiller)

Dados da Unicef apontam que em Mato Grosso do Sul, 62,7% das crianças e dos adolescentes de 0 a 17 anos vivem em situação de "pobreza multidimensional". Isso quer dizer que seis em cada dez enfrentam pelo menos um dificuldade nas seguintes áreas básicas: Educação, Informação, Trabalho Infantil, Moradia, Água, Saneamento e Renda. Desse total, 9,8 % sofrem privação extrema, sem acesso a nenhum dos principais serviços básicos. No total, são mais de 477 mil crianças e adolescentes sem algum dos direitos garantidos aqui no Estado.

RESUMO

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Em Mato Grosso do Sul, 62,7% das crianças e adolescentes de 0 a 17 anos vivem em situação de pobreza multidimensional, totalizando mais de 477 mil jovens sem acesso a pelo menos um direito básico, segundo dados da Unicef de 2023. O índice, embora tenha apresentado pequena melhora em relação a 2019, permanece acima da média nacional de 37,1%. O saneamento básico é a dimensão mais crítica no estado, com 43,9% das crianças e adolescentes enfrentando privação intermediária. Na educação, 9,8% dos jovens apresentam atraso escolar ou não são alfabetizados. Por outro lado, o estado demonstra melhor desempenho no acesso à água e informação, com apenas 1,6% dos domicílios sem água canalizada.

No Centro-Oeste, apenas Mato Grosso registra índice maior, de 74,5 %. Goiás aparece com 55,8 % e o Distrito Federal com 34,1 %.

Mais de 477 mil crianças e adolescentes de MS são privados de serviços básicos

O estudo explica que "além de entender as múltiplas privações a que meninas e meninos estão expostos, é necessário observar a intensidade com que cada privação os afeta. Para tanto, o estudo incluiu uma análise de cada uma das dimensões consideradas, categorizando o que seria uma privação intermediária – com acesso ao direito de maneira limitada ou com má qualidade – e uma privação extrema – sem nenhum acesso ao direito"

Os dados são de 2023, conforme o estudo “Pobreza Multidimensional na Infância e Adolescência no Brasil”, do UNICEF. Em comparação com 2019, quando o índice estadual era de 67,2 %, houve pequena melhora, mas o patamar continua acima da média nacional, de 37,1 %.

Mais de 477 mil crianças e adolescentes de MS são privados de serviços básicos

Entre as dimensões, a mais crítica em MS é a do saneamento: 43,9 % das crianças e adolescentes enfrentam privação intermediária, ou seja, têm banheiro compartilhado com pessoas de fora do domicílio ou com fossa rudimentar. A média nacional para esse nível é 31,8 %. No entanto, no Brasil, 6,2 % vivem em condição de vulnerabilidade extrema, sem banheiro ou com vala a céu aberto, situação não registrada em Mato Grosso do Sul pela Unicef.

Em Habitação, 8,8 % sofrem privações intermediárias, ou seja, residem com até quatro pessoas por dormitório, ou em moradia cujas paredes e teto são de material inadequado. No Estado,  outros 4,7 % têm privação extrema, porque moram com mais de quatro pessoas por dormitório em casas insalubres.

Na Educação, 8,5 % têm atraso escolar ou estão fora da escola na idade certa e 1,3 % não são alfabetizados, somando 9,8 %, quase quatro pontos acima da média nacional de 5,4 %.

Por outro lado, o estado apresenta desempenho relativamente melhor em Água e Informação. Apenas 1,6 % dos domicílios não têm água canalizada (2,4 % no Brasil) e 1,8 % das crianças não têm acesso à internet (3,0 % nacional).

Mais de 477 mil crianças e adolescentes de MS são privados de serviços básicos

Na dimensão Renda, 6,2 % enfrentam privação intermediária e 4,0 % extrema, totalizando 10,2 % em Mato Grosso do Sul, bem abaixo dos 19,1 % do país.

Em Trabalho Infantil, as privações somam 4,2 % em MS (2,6 % intermediária e 1,6 % extrema), ante 5,4 % no Brasil. Para avaliar o Trabalho Infantil entre crianças o estudo estabelece três faixas, de acordo com o tempo dedicado a atividades de trabalho ou tarefas domésticas numa semana:

  1. Sem privação
    São aquelas que não trabalharam nem passaram mais que 9 horas em tarefas de casa ao longo da semana. Essa carga leve não compromete seu desenvolvimento nem substitui o tempo de estudo e lazer.

  2. Privação intermediária
    Inclui as crianças que dedicaram entre 10 e 20 horas em tarefas domésticas na semana de referência. Nesse nível, o volume de trabalho começa a interferir em atividades escolares e no descanso, sinalizando risco moderado à infância.

  3. Privação extrema
    Abrange as que trabalharam ou fizeram tarefas de casa por mais de 30 horas na semana. Esse tempo excessivo configura grave violação de direitos: afasta a criança da escola, prejudica o descanso e expõe a riscos físicos e emocionais.

Segundo o UNICEF, esses resultados indicam que as políticas de transferência de renda e o abastecimento de água têm funcionado melhor do que em outras áreas, mas reforçam a urgência de investimentos em infraestrutura de esgoto, reformas habitacionais e programas de alfabetização para garantir direitos básicos e diminuir desigualdades em Mato Grosso do Sul.

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