MS vai na contramão do país com aumento nos homicídios por arma de fogo em 2023
Brasil teve queda de 3,2% na taxa e MS viu crescimento de 7,3% no número de homicídios com armas de fogo
O Atlas da Violência 2025, divulgado nesta segunda-feira (12) pelo IPEA em parceria com o FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), mostra que o Brasil registrou 32.749 homicídios por arma de fogo em 2023. Isso representa uma taxa nacional de 15,2 mortes por 100 mil habitantes, uma redução de 3,2% em relação a 2022. Apesar dessa leve queda no cenário nacional, o Mato Grosso do Sul apresentou um movimento contrário, com aumento tanto no número absoluto de homicídios quanto na taxa proporcional à população.
RESUMO
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Brasil registra queda nos homicídios por arma de fogo, mas Mato Grosso do Sul vai na contramão. O Atlas da Violência 2025 revela redução de 3,2% na taxa nacional, caindo para 15,2 mortes por 100 mil habitantes. Entretanto, Mato Grosso do Sul apresentou aumento de 7,3% nos homicídios por arma de fogo, com taxa subindo de 10,3 para 10,9 por 100 mil habitantes. Mato Grosso do Sul teve aumento de 10% nos homicídios por arma de fogo entre 2018 e 2023. Mais da metade dos homicídios no estado envolveram armas de fogo em 2023. Falhas no controle de armas, apontadas pelo TCU, contribuem para o cenário. A baixa taxa de registro de armas apreendidas e de informações de vendas dificulta o combate à violência armada no estado.
Em 2023, foram registrados 308 homicídios com armas de fogo em MS, alta de 7,3% em relação ao ano anterior, quando o estado contabilizou 287 casos. A taxa por 100 mil habitantes passou de 10,3 para 10,9, uma variação de 5,8%. Embora os números absolutos ainda estejam abaixo dos registrados em meados da década passada, o crescimento recente acende um alerta, especialmente em um contexto de queda em diversos estados do país.
Entre 2018 e 2023, Mato Grosso do Sul acumulou aumento de 10% no número de homicídios cometidos com armas de fogo e 3,8% na taxa por 100 mil habitantes. A proporção de homicídios com arma de fogo sobre o total também cresceu: passou de 49% em 2018 para 52,7% em 2023. Isso indica que mais da metade dos homicídios ocorridos no estado envolveram o uso desse tipo de armamento, acima da média histórica do próprio estado.
O contraste com o restante do país é notável. Nove unidades da federação registraram quedas superiores a 10% na taxa de homicídios por arma de fogo em 2023, com destaque para o Rio Grande do Norte (-22,7%) e Paraná (-20,1%). Amapá foi a exceção nacional, com aumento de 46,4%, liderando o ranking de homicídios por armas de fogo com uma taxa de 48,3 por 100 mil habitantes.
O Atlas reforça a relação direta entre a disseminação e facilitação no acesso a armas de fogo e o aumento da violência letal, apontada por ampla literatura científica. Essa correlação foi evidenciada em quase todos os períodos analisados pelo estudo, como entre 2020 e 2021, quando a correlação de Pearson atingiu 0,783, valor considerado alto.
A publicação também destaca fragilidades estruturais no controle de armas no país. Entre 2019 e 2022, auditorias do TCU (Tribunal de Contas da União) revelaram falhas graves nos sistemas de registro e fiscalização do Exército Brasileiro e da Polícia Federal. No Mato Grosso do Sul, especificamente, menos de 3% das armas apreendidas foram registradas no Sinarm (Sistema Nacional de Armas), e apenas 2,22% das empresas de venda de armas informaram suas transações regularmente à PF em 2021, segundo os dados da auditoria.
Apesar do Decreto nº 11.615/2023 ter iniciado a centralização do controle de armas na Polícia Federal, o cenário atual segue marcado por omissões, ausência de integração entre sistemas e baixa confiabilidade nas informações, fatores que dificultam o combate à violência armada, inclusive em estados como o Mato Grosso do Sul.