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Cidades

Na fronteira, prefeituras vão até de "porta em porta" para vacinar

Algumas cidades utilizaram quase todas as vacinas enquanto outras relatam mais dificuldades

Guilherme Correia | 08/07/2021 10:33
Profissional de saúde prepara aplicação de vacina em Antônio João, que já aplicou quase todas as doses de Janssen (Foto: Reprodução/Prefeitura de Antônio João)
Profissional de saúde prepara aplicação de vacina em Antônio João, que já aplicou quase todas as doses de Janssen (Foto: Reprodução/Prefeitura de Antônio João)

Alguns municípios da fronteira de Mato Grosso do Sul, que fazem parte de estudo imunológico, aplicaram quase todas as vacinas da Janssen na população, enquanto alguns têm de ir em "porta em porta" para conseguir vacinar todo mundo.

Contabilizando as 13 cidades, a média é de 11 mil vacinados com doses únicas por dia, e no geral, já foi utilizada mais da metade dos imunizantes encaminhados à região próxima aos países vizinhos.

Relatório deve ser entregue nesta quinta-feira (8) contabilizando doses remanescentes que deverão ser devolvidas à SES (Secretaria Estadual de Saúde) para serem utilizadas nos demais 66 municípios sul-mato-grossenses, incluindo Campo Grande.

A cidade que tem apresentado melhor desempenho é Antônio João, que até esta manhã, aplicou 86% das 2.940 vacinas de dose única que foram encaminhadas. O prefeito, Marcelo Pé (DEM), explica que o sucesso na imunização em massa se deu por conta da descentralização do processo de imunização.

Segundo ele, foram criados 10 pontos de vacinação, espalhados pela cidade de apenas 9 mil habitantes, e foram colocadas mais pessoas para atuar como vacinadores, além de parcerias com a Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) e a Assistência Social.

"Fomos 'pra cima' com vacinação rápida. O cara que trabalha não quer ficar numa fila num período grande de 40 minutos, uma, duas horas. Ele quer chegar e vacinar. Essa não centralização cria mais polos e as pessoas se vacinam rápido e vão logo para casa, para o trabalho", diz.

Fila para população de Antônio João tomar vacina contra covid (Foto: Reprodução/Prefeitura de Antônio João)
Fila para população de Antônio João tomar vacina contra covid (Foto: Reprodução/Prefeitura de Antônio João)

Doses devolvidas - Das 165,5 mil vacinas encaminhadas a essas cidades, foram aplicadas até esta manhã cerca de 83,1 mil, cerca de 50,2%. Ao final do dia, nova contagem será feita para verificar quantas doses vão sobrar e ser encaminhadas para os 66 municípios.

A cidade com menor desempenho, segundo levantamento feito pelo Campo Grande News com base em dados do painel Mais Saúde, tem sido Porto Murtinho, que aplicou 1,6 mil doses em meio às mais de 7,2 mil - cerca de 22% do quantitativo.

Para a secretária municipal de Saúde, Estela da Silva Neves Elias, o baixo índice pode se dar, em partes, por conta de pouca demanda. “Nosso município não tem uma população grande de adultos acima de 18 anos”. Ainda assim, ela destaca também algumas das medidas tomadas para incentivar os que ainda não foram se imunizar.

Mas a gente está fazendo um 'pente-fino' de casa em casa. Fizemos e refizemos em todos esses dias, repassamos em todos locais e são pouquíssimas pessoas que se recusam. Alguns que se recusaram na sexta, sábado e domingo, a gente conseguiu adesão durante a semana".

Por lá, a estudante Maria Antônia Estadulho, de 20 anos, não desperdiçou a chance de se imunizar, mas diz conhecer muitas pessoas que esperaram chegar as vacinas da Janssen para se imunizar, ao invés de tomar a dose existente em outros momento. "Da minha família só faltava eu para se vacinar".

"Tem muita gente jovem que não tomou porque estava esperando a Janssen, mas agora não foram no posto. Estão tendo que ir em casa para que essa parte da população se vacine", relata.

Profissionais de saúde têm ido nas casa de moradores para incentivar que todos se protejam contra a covid (Foto: Reprodução/Prefeitura de Porto Murtinho)
Profissionais de saúde têm ido nas casa de moradores para incentivar que todos se protejam contra a covid (Foto: Reprodução/Prefeitura de Porto Murtinho)

Outros municípios - Corumbá, maior cidade da fronteira, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) recebeu pouco mais de 49,9 mil doses de vacina e aplicou cerca de 42,6% dessas.

A estudante Maria Metran, de 22 anos, que recebeu o imunizante no último sábado, relata que o processo de vacinação estava organizado e que todos os conhecidos que ainda não tinham se vacinado já tomaram a dose. "Não demorou muito tempo na fila, havia só uns três carros na minha frente. Todos meus amigos e familiares que não tinham se vacinado, se vacinaram agora".

Apesar disso, a cidade que mais recebeu doses foi Ponta Porã - foram 51,6 mil doses enviadas, sendo que quase 62,5% foram aplicadas pelas equipes de Saúde.

No caso de Antônio João, o prefeito, Marcelo Pé garante que será utilizado o lote inteiro. "Não vai sobrar vacina", afirma.

Segundo a SES, às 17h de hoje será o marco definitivo para o município mandar relatório final sobre quantas pessoas foram vacinadas e o número de doses que sobraram. Em coletiva feita na segunda-feira, o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, estimou que pelo menos 30 mil doses sobrando iriam para as outras cidades.

Estudo - O Ministério da Saúde atendeu demanda do Cosems (Conselho de Secretarias de Saúde de MS), que queria vacinar toda a população sul-mato-grossense, e decidiu que seria realizado estudo imunológico nos municípios de fronteira encaminhando as 165,5 mil doses de Janssen a partir de doação feita pelos Estados Unidos.

Essa ação faz parte de estudo do Vebra COVID-19 (Eficácia da Vacina Contra Covid-19 no Brasil), que vai pesquisar a efetividade e impacto da vacinação em massa em pessoas entre 18 a 50 anos após 14 dias de dose única.

Os municípios que fazem parte são Mundo Novo, Japorã, Sete Quedas, Paranhos, Coronel Sapucaia, Aral Moreira, Ponta Porã, Antônio João, Bela Vista, Caracol, Porto Murtinho, Corumbá e Ladário.

Nas redes sociais, o professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e infectologista da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Julio Croda, publicou que há cerca de 84% da população adulta da fronteira vacinada com pelo menos uma dose - considerando a vacinação feita desde janeiro, além da imunização em massa com doses únicas da Janssen.

"Já possível sonhar com os efeitos da imunidade indireta. Já é o maior estudo de vacinação em massa realizado no Brasil", avaliou.

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