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Cidades

“Não vejo futuro”: quem vive diariamente na BR-163 não acredita em nova promessa

O novo contrato estabelece obrigações mais rígidas para a concessionária que administra a rodovia

Por Izabela Cavalcanti e Murilo Medeiros | 23/05/2025 10:25
“Não vejo futuro”: quem vive diariamente na BR-163 não acredita em nova promessa
Caminhão-tanque passando por trecho da BR-163, em Mato Grosso do Sul, na altura do quilômetro 460 (Foto: Marcos Maluf)

A BR-163, uma das principais rodovias que cortam o Estado de Mato Grosso do Sul, continuará sob a responsabilidade da empresa CCR MSVia, - que agora passa a se chamar Motiva -, por mais 29 anos. A concessão prevê a realização de melhorias ao longo dos próximos anos, mas quem vive diariamente a rotina da estrada demonstra pouca confiança de que as promessas se concretizarão.

RESUMO

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A concessão da BR-163 em Mato Grosso do Sul foi renovada por mais 29 anos com a empresa Motiva, antiga CCR MSVia. A continuidade da mesma empresa na administração da rodovia gera ceticismo entre os usuários, especialmente caminhoneiros, que duvidam das prometidas melhorias na infraestrutura. Usuários relatam problemas como buracos, falta de acostamento e trechos sem duplicação, além da ausência de obras significativas. Caminhoneiros entrevistados afirmam que a mudança de nome da concessionária não representa mudanças efetivas. Criticam a falta de fiscalização no contrato e o alto valor do pedágio, que consideram incompatível com a qualidade da rodovia. A expectativa é de que os problemas persistam, com obras paralisadas e investimentos insuficientes ao longo do período da concessão. A necessidade de duplicação em trechos críticos, como entre Dourados e Mundo Novo, é apontada como essencial para melhorar a segurança e o fluxo de veículos.

Para os caminhoneiros, principalmente, a mudança de nome não significa mudança de postura ou investimentos efetivos na infraestrutura da BR-163.

O caminhoneiro, Alexandre Soares, de 48 anos, é de Minas Gerais, e estava passando por Mato Grosso do Sul, com carga de ração. Para ele, mesmo com a mudança no nome da concessionária, nada será melhorado.

“Não vejo futuro”: quem vive diariamente na BR-163 não acredita em nova promessa
Alexandre fala sobre a situação da BR-163 (Foto: Marcos Maluf)

“Não vai mudar nada, vai continuar igual. O problema não é a 163, com exceção do estado de SP, as estradas são muito ruins no País inteiro e o pedágio não funciona. Mudaram o nome certinho, o motivo continua o mesmo: arrecadar e não fazer nada, infelizmente. O importante para eles é só arrecadar pedágio, não vai mudar. Não tem fiscalização do contrato, só em cima do motorista”, desabafou.

O caminhoneiro, Iradi Ercego, de 68 anos, que carrega maquinários e insumos agrícolas, tem a mesma percepção. Ele ainda vai mais além, e detalha os problemas encontrados na BR-163.

“Não vejo futuro”: quem vive diariamente na BR-163 não acredita em nova promessa
Iradi fazendo inspeção na lateral de seu caminhão de carga, que está estacionado (Foto: Marcos Maluf)

“Está muito ruim, tem que melhorar. As duplicações estão abandonadas, tem lugares que não têm acostamento, muito buraco. É muito raro ver obra aqui, no máximo um tapa-buraco ou alguém roçando mato, só isso”, pontuou.

Ainda de acordo com Iradi, mantendo a mesma empresa, não terá um futuro melhor para a rodovia.

“Eles renovam o contrato, começam a trabalhar, mas já param de novo. Eu não acredito que vai melhorar, não vejo futuro. Na metade do contrato vão parar tudo de novo. Tem pedaços melhores e piores. A região de Dourados a Mundo Novo, precisava de uma terceira pista, pelo menos. Ali é muito ruim. O pedágio já está caro demais, R$ 11 por eixo para o caminhão. De Sonora a Mundo Novo, eu gasto mais de R$ 500 só com pedágio, e a estrada não é tão boa”, completou.

André Alberto Wollmann, de 48 anos, carrega frios do Paraná para Mato Grosso. Durante o percurso, estava parado em um posto de combustível, de Campo Grande, localizado na beira da BR.

“Não vejo futuro”: quem vive diariamente na BR-163 não acredita em nova promessa
André sentado em uma cadeira de descanso ao ar livre (Foto: Marcos Maluf)

“Atualmente, não está tão boa. Tem muita trepidação e teria que ter mais duplicação. Ficam anos e anos, mas não resolvem. Essa mudança de nome é para dizer que agora é outra, mas é a mesma coisa. É com certeza para tentar enganar o povo, infelizmente é o que acontece”, destacou.

Ele também reclama da falta de obras e de duplicação. “Não tem obra nenhuma na pista, fazem só pintura na pista ao invés de tapar os buracos. Entre Naviraí e Campo Grande, tem pedaços com asfalto muito ruins, o principal que precisa é duplicação. Em via simples, a gente não consegue fazer ultrapassagem, gasta tempo, perde frete, fica nervoso, gasta mais combustível. Impacta em tudo. O perigo é em toda a BR, principalmente quando não é duplicado”, finalizou.

Entenda – O leilão simplificado em relação a BR-163 ocorreu na tarde de quinta-feira (23), na B3, em São Paulo, que confirmou a empresa como única participante e vencedora do processo de relicitação.

A concessão se refere a 845,9 km de rodovia entre Mundo Novo (na divisa com Paraná) e Sonora (na divisa com Mato Grosso). O novo contrato amplia o prazo da concessão de 2044 para 2054. A tarifa de pedágio foi fixada em R$ 7,52 por cada 100 km.

Além disso, o contrato estabelece obrigações mais rígidas para a empresa, incluindo um pacote de investimentos da ordem de R$ 17 bilhões nos 29 anos, sendo R$ 9,3 bilhões nos primeiros 9 anos. Nos 3 primeiros anos, estão previstos R$ 2,06 bilhões em obras prioritárias.

Entre as novas exigências também estão 210 km de duplicações, 170 km de faixas adicionais, 141 obras de pontes e viadutos, 259 acessos, 128 pontos de ônibus, 44 passarelas de pedestres e 17 passagens de fauna.

A CCR havia solicitado o fim do contrato em 2019, após ter vencido o leilão original em 2014 com o compromisso de duplicar toda a estrada até 2019. No entanto, a empresa realizou apenas 150 km de duplicação, menos de 18% do prometido. A frustração de receitas e os efeitos da crise econômica foram os principais motivos alegados.

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