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Cidades

Setor privado quer revitalizar trechos da Malha Oeste, mas autorização emperra

Corumbá realizou nesta terça-feira mais uma audiência pública cobrando investimentos na ferrovia

Por Silvio de Andrade | 21/10/2025 15:12
Setor privado quer revitalizar trechos da Malha Oeste, mas autorização emperra
Ponte ferroviária sobre o Rio Paraguai liga Porto Esperança às reservas de minério. (Foto: Divulgação)

A concessionária Rumo mantém o sucateamento da ferrovia, retirando inclusive os trilhos de alguns ramais, como o de Ladário, e o governo federal volta ao marco zero ao propor um novo modelo de relicitação da via, enquanto existem dois pedidos de autorização do setor privado para revitalizar trechos da Malha Oeste em Corumbá.

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A Malha Oeste, ferrovia que liga Mairinque (SP) a Corumbá (MS), enfrenta impasse para revitalização. Dois pedidos do setor privado para recuperar trechos da via em Corumbá, feitos pela mineradora LHG Mining e pelo Porto Granel Química, aguardam autorização da concessionária Rumo e do Ministério dos Transportes. A situação preocupa autoridades locais, que realizaram audiência pública para debater o tema. Com 1.973 quilômetros de extensão, a ferrovia é considerada estratégica para a integração com a Bolívia e o escoamento de minérios, grãos e combustíveis. O governo federal busca novo modelo de concessão, previsto para 2026, após projeto inicial de R$ 18 bilhões ser considerado inviável.

Estes pedidos, feitos pela mineradora LHG Mining e pelo Porto Granel Química (Ladário), estão parados na concessionária e no Ministério dos Transportes. Hoje, o minério de ferro sai das reservas do distrito de Maria Coelho e segue por 50 km em bitrens para Porto Esperança, onde opera o Porto Gregório Curvo, aumentando o fluxo de veículos pesados na BR-262.

A informação foi dada pelo secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, durante saudação feira por vídeo aos participantes da audiência pública, realizada na manhã desta terça-feira, na Câmara de Vereadores de Corumbá, para debater a reativação da ferrovia.

“Hoje temos dois caminhos de curto prazo para Corumbá”, disse Verruck, ao citar a possibilidade de se antecipar a restauração de dois trechos importante dentro da logística municipal, retirando parte dos caminhões da rodovia e do perímetro urbano da cidade.

Urgência - O secretário relatou que tanto a LHG como a Granel Química não obtém uma resposta da Rumo e do Ministério dos Transportes, “mesmo insistindo”. A empresa portuária se propõe a recuperar o trecho da ferrovia que liga o seu terminal ao Posto Esdras, da Receita Federal, na fronteira com a Bolívia, onde o fluxo de caminhões pelo anel viário (BR-262) também é intenso.

Setor privado quer revitalizar trechos da Malha Oeste, mas autorização emperra
Audiência pública reuniu autoridades e ferroviários do Estado, São Paulo e Bolívia. (Foto: Silvio de Andrade)

“Com isso – comentou o secretário -, tiraríamos centenas de caminhões que diariamente trafegam pela rodovia em Corumbá, reduzindo acidentes e também o custo de transporte”.

A audiência pública provocada pelo legislativo corumbaense, depois de dois eventos realizados em Campo Grande e Mairinque (SP), é uma estratégia de segmentos da sociedade e dos empresários e das forças políticas do Estado para pressionar o governo federal a encontrar uma solução de urgência para a Malha Oeste, abandonada por uma década pela Rumo.

Para Jaime Verruck, a iniciativa dos vereadores é importante para acelerar o processo de análise a nova modelagem da concessão prevista para 2026. “O projeto inicial da revitalização, prevendo um custo de R$ 18 bilhões, foi considerado inviável do ponto de vista de mercado. Então, o Ministério dos Transportes está buscando um novo modelo”, adiantou.

Estratégico - “A ferrovia é viável, tem cargas, é fundamental para tornar o Estado mais competitivo e desenvolver regiões como Corumbá”, pontuou o secretário. “É um projeto prioritário para o governo do Estado, estamos em permanente locução com o governo federal buscando uma solução urgente para reduzirmos custos e acidentes em rodovias.”

O evento realizado na Câmara de Vereadores durou quatro horas e reuniu políticos, gestores públicos, empresários e sindicalistas. Presentes também representantes da Bolívia e a vereadora Estela Almagro e diretores do Sindicato dos Ferroviário da Noroeste do Brasil, todos de Bauru (SP), onde está marcada a nova audiência pública, para o dia 31 de outubro.

“Corumbá é ponto estratégico de integração ferroviária com a Bolívia, essencial para o escoamento de minérios, grãos e combustíveis”, frisou o vereador Roberto Façanha, que coordenou a audiência, citando o projeto binacional de conectar Atlântico e Pacífico pelos trilhos da fronteira oeste ao Peru e Chile.

A Malha Oeste tem uma extensão de 1.973 quilômetros, de Mairinque (SP) a Corumbá. O trecho sul-mato-grossense corta o Estado de Leste a Oeste, desde Três Lagoas, por cerca de 800 quilômetros, incluindo o ramal para Ponta Porã. A sua privatização ocorreu em 1996 e com ela sucumbiu o trem de passageiros, lembrado com nostalgia na audiência pública.