Falta de pagamento ameaça parar ortopedia da Santa Casa
Equipe deixará hospital por atraso nos repasses; 81 pacientes aguardam cirurgia e o setor tem 142 internados
A equipe de ortopedia da Sertop (Serviços de Traumatologia e Ortopedia) informou à Santa Casa de Campo Grande nesta sexta-feira (5) que pretende rescindir o contrato com a instituição em até 30 dias por atrasos nos pagamentos, o que ameaça interromper o atendimento e coloca em risco a vida de pacientes internados.
RESUMO
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A equipe de Ortopedia da Sertop informou à Santa Casa de Campo Grande que pretende rescindir o contrato em 30 dias devido a atrasos nos pagamentos. A situação ameaça interromper o atendimento de 142 pacientes internados, incluindo 81 que aguardam primeira cirurgia ortopédica. O cenário é agravado pela paralisação parcial da anestesiologia, também afetada por questões financeiras. A direção técnica do hospital alerta para riscos de infecção generalizada, embolias pulmonares e mortes evitáveis, propondo interrupção do atendimento no pronto-socorro para casos ortopédicos.
O Campo Grande News teve acesso ao memorando enviado à diretoria corporativa e à assessoria jurídica. No texto, a direção técnica afirma que não há outra equipe ortopédica disponível em número suficiente de profissionais e com capacidade técnica e operacional. O documento aponta que a saída da Sertop inviabiliza a continuidade do atendimento.
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Segundo o documento, assinado pela médica Patrícia Berg Leal, “[...] os atrasos agravam ainda mais a circunstância crítica previamente instaurada”. A diretora técnica descreve o cenário como risco assistencial extremo.
O memorando explica que o hospital recebe grande volume de casos traumato-ortopédicos. O texto registra que a falta de pagamento “[...] torna impossível manter o atendimento sem prejuízo grave à segurança dos pacientes”. A instituição afirma que não tem alternativa para suprir a demanda.
Atualmente, a Santa Casa mantém 81 pacientes à espera da primeira cirurgia ortopédica. No total, o setor registra 142 internados, muitos deles vítimas de traumas graves. O documento reforça que essa fila prolonga riscos e compromete desfechos clínicos.
O problema se agrava com a paralisação parcial da anestesiologia, também afetada pelos atrasos financeiros. O memorando afirma que “[...] pacientes já internados não conseguem ter seus procedimentos realizados em tempo oportuno”. O texto diz ainda que o atraso pode levar à infecção generalizada, embolias pulmonares, perda funcional severa e mortes evitáveis.
Em outro trecho, a diretora técnica afirma que manter novas admissões de pacientes ortopédicos ou politraumatizados violaria normas do CFM (Conselho Federal de Medicina). O documento registra que a omissão “[...] poderia configurar infração às normas legais que regem o exercício da Medicina”.
Entre as medidas urgentes, a área técnica do hospital propõe interromper o atendimento no pronto-socorro para casos ortopédicos e politraumas. O memorando recomenda restringir novas internações na especialidade. O texto orienta ainda redistribuir os 142 pacientes conforme gravidade e transferir casos emergenciais para hospitais com capacidade técnica adequada.
Para sanar parte do problema, a direção cobra a regularização dos pagamentos às equipes de ortopedia, anestesiologia, urologia e radiologia intervencionista. O documento afirma que essas áreas desempenham papel crítico no suporte cirúrgico avançado.
No fim do documento, a diretoria alerta que eventual ampliação das rescisões pode levar ao colapso assistencial. A diretora encerra dizendo que está à disposição, mas reforça que atrasos nas medidas podem comprometer “irreversivelmente a segurança e o bem-estar dos pacientes internados”.
O outro lado - A reportagem buscou a direção corporativa da Santa Casa, assim como a assessoria de imprensa, mas não houve resposta no prazo estipulado de uma hora para a publicação do texto. O espaço, no entanto, segue aberto para declarações futuras.
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