“Só não era agredida grávida”: relatos revelam crueldade do ciclo da violência
Tensão, agressão e “lua de mel” são fases que aprisionam as mulheres, explica especialista
O chamado “ciclo da violência” - tensão, agressão e “lua de mel” - ainda mantém muitas mulheres presas em relações abusivas. A análise é de Veridiana Almeida, coordenadora do Ceamca (Centro Especializado de Atendimento à Mulher, à Criança e ao Adolescente em Situação de Violência).
RESUMO
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O "ciclo da violência", composto por tensão, agressão e reconciliação, mantém muitas mulheres presas em relacionamentos abusivos, alerta Veridiana Almeida, coordenadora do Ceamca. Ela destaca que os agressores justificam seus atos com fatores externos, como estresse, e tentam compensar com promessas de mudança. Romper esse padrão é crucial para preservar a vida e a saúde emocional das vítimas. Casos complexos, como o de uma mulher que engravidou repetidamente para evitar agressões, ilustram a dificuldade em denunciar. A psicoterapia é essencial para prevenir a reincidência em relacionamentos abusivos. O Ceamca oferece apoio sem a necessidade de boletim de ocorrência, ajudando as mulheres a retomar o controle de suas vidas.
Segundo ela, o agressor costuma justificar seus atos com fatores externos, como estresse ou consumo de álcool, e depois tenta compensar o comportamento com desculpas, presentes ou promessas de mudança.
“Esse padrão tende a se repetir, tornando-se cada vez mais cruel. Romper o ciclo é um passo essencial para preservar a vida e a saúde emocional”, explica.
Experiências desafiadoras - Veridiana cita histórias que revelam a complexidade do problema. Em um dos casos, mulher preferia engravidar repetidamente, por dez anos, porque, segundo ela, só não era agredida durante a gestação. Mesmo após atendimento psicológico, optou por não denunciar o marido e continuar o relacionamento.
“A decisão de terminar é dela. Nosso papel é fortalecê-la emocionalmente para que possa fazer escolhas conscientes”, ressalta.
Outro desafio é a reincidência: há mulheres que, após saírem de um relacionamento abusivo, acabam envolvidas com outro parceiro agressor. Para a coordenadora, a psicoterapia é indispensável na prevenção desse padrão.
Veridiana reforça que pedir ajuda é o primeiro passo.
“Não é preciso boletim de ocorrência para buscar apoio. O Ceamca está aqui para acolher, orientar e ajudar cada mulher a retomar o controle da própria vida”, conclui.
Rompendo o ciclo - Marcela*, que viveu a violência doméstica durante cinco anos de casamento, conhece bem esse processo marcado por brigas, humilhações e promessas de mudança. Ela afirma que a violência psicológica é difícil de perceber.
“A pessoa te manipula, faz você se moldar a ela”, relata.
Mesmo depois de separada, Marcela conta que ainda pensava em voltar com o ex-marido. Mas foi na terapia que conseguiu reconhecer a violência sofrida e garante que conseguiu romper o ciclo.
“Aqui a pessoa te ouve, te entende, ajuda você a se reencontrar. Você precisa saber onde está para poder sair. Eu melhorei. Antes, não tinha perspectiva de vida”, comemora, ao lembrar que agora tem planos para o futuro.
Serviço: Pessoas interessadas no atendimento podem procurar o Ceamca pelos seguintes canais: telefone/WhatsApp (67) 99653-5913 e e-mail: ceamca@sec.ms.gov.br.
* nome fictício para proteger a vítima.
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