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Cidades

"Vendedor de sonhos" enganou 3 mulheres e deu golpe de R$ 4 milhões

Empresário preso na Venezuela é acusado de aplicar golpes que somam R$ 4 milhões

Michel Faustino | 10/09/2014 19:04
Empresário estava foragido e foi preso pela Interpol na Venezuela. (Foto: Marcelo Victor).
Empresário estava foragido e foi preso pela Interpol na Venezuela. (Foto: Marcelo Victor).

O empresário Alexandre Alex Rodrigues Furtado, 44 anos, preso na semana passada em Puerto La Cruz, na Venezuela, é acusado de aplicar vários golpes que juntos somam um montante de R$4 milhões. O empresário foi preso a bordo de um veleiro avaliado em R$ 400 mil. Ele é acusado ainda de estelionato, apropriação indébita, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

Conforme o delegado Roberto Gurgel, responsável pelas investigações que resultaram na prisão de Alexandre, realizada pela Interpol, os primeiros registros dos crimes cometidos pelo empresário são de 2007, período em que ele assumiu a agência de viagens A.R, na cidade de Bonito, a 257 quilômetros da Capital.

O delegado diz que Alex Furtado, que é natural de Viamão, Rio Grande do Sul, se estabeleceu no Estado em 2005, abrindo sociedade com um hotel na cidade de Bonito. A partir de então, o delegado diz que o empresário teve o cuidado de “construir uma imagem” junto ao setor antes de iniciar os golpes.

“De 2005 até 2007 não temos registros de crimes cometidos por ele, pelo contrário. Ele teve esse cuidado de construir o seu nome no turismo local, até abrir sua própria empresa e começar a agir ilicitamente”, disse.

As investigações realizadas pela Polícia Civil de Bonito apontaram que os crimes cometidos entre 2007 e 2013, lesaram ao menos 47 pessoas, entre clientes, funcionários e prestadores de serviço. Além de bancos, e até mesmo a prefeitura de Bonito.

Dentre as vítimas diretas, três foram casadas com o estelionatário, sendo que duas delas eram funcionárias na agência A.R, de propriedade dele, e a terceira seria uma mulher que herdou cerca de R$ 150 mil (R$45 mil em dinheiro e dois terrenos) da família e teve o dinheiro roubado por ele.

Além do prejuízo financeiro para as vitimas, o delegado acredita que a imagem do turismo local tenha sido a maior prejudicada pelo golpista. Pelo fato dele vender pacotes a turistas, e não entregar.

“Esse tipo de situação afeta diretamente a imagem do turismo de Bonito. Quando um cliente do Sul do país, do Norte, do Nordeste é lesado dessa forma, é a imagem do turismo do nosso Estado que está sendo mal falada lá fora”, disse.

Durante o balanço das investigações feito na tarde de hoje, o delegado classificou o empresário como “farsante profissional e um vendedor de sonhos”.

“Ele agia sem pudor algum. Tanto é que quando iniciou o seu negócio arrendou de pronto um hotel na cidade. Depois foi se estabelecendo e utilizando de artimanhas para crescer, chegando a ter dois hotéis arrendados por ele. Além disso, ele era egocêntrico e gostava de ostentar. Ele se dizia empresário, escritor  e palestrante, mas era um vendedor de sonhos”, disse.

Um dos casos mais emblemáticos, segundo o delegado, aconteceu em 2009, quando o empresário chegou a se autopromover com a suposta hospedagem do ator Brad Pitt no município. Alexandre chegou a dar entrevistas a diversos veículos de comunicação dando a entender que a estadia do ator estava a cargo de sua empresa.

"Ele chegou a enganar a imprensa. Por diversas vezes ele recebeu ligações de veículos do País inteiro e deu a entender que o ator estava aqui, mas devido a um contrato de sigilo não poderia falar aonde ele estava. Assim o nome da empresa dele saiu em diversos sites e jornais, inclusive do mundo", disse. 

Investigações- O delegado ressaltou que a prisão de Alexandre é resultado de um trabalho conjunto da Polícia Civil, Judiciário de Bonito, Polícia Federal e a Interpol.

Segundo ele, o empresário estava foragido desde julho de 2013, quando teria se mudado para a cidade de Paraty, Rio de Janeiro. Durante as investigações, a polícia chegou a tentar cumprir mandato de prisão contra Alexandre, porém, o empresário teria fugido para a casa de parentes no Rio Grande do Sul.

Em agosto deste ano, a polícia localizou a casa onde supostamente o empresário estaria hospedado. Ao chegar no local, eles foram surpreendidos com a noticia de que o empresário estaria embarcando em um voo rumo a Caracas, na Venezuela.

O delegado Roberto Gurgel ainda tentou interceptar o voo, acionando a Infraero e a Polícia Federal, porém devido ao fluxo de voo, não foi possível deter Alexandre.

Com o destino do estelionatário em mãos, o delegado acionou a Interpol que o prendeu na semana passada a bordo de um veleiro avaliado em R$400 mil. Segundo o delegado, a grande preocupação agora é quanto a extradição de Alexandre, que permanece preso na Venezuela. O delegado teme que ao chegar no Brasil, ele responda em liberdade. “Foi uma investigação muito difícil. E eu temo que isso aconteça. Ele chegue aqui e não resposda rigidamente por isso”, disse.

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