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Cidades

Após novo problema no Enem, alunos manifestam revolta e descrédito

Paula Maciulevicius | 26/10/2011 17:55

O descontentamento dos alunos põem em risco a credibilidade do Enem que pode ter cancelamentos pela 3ª vez consecutiva

“Está todo mundo sofrendo, ninguém sabe o que fazer, se estuda ou sofre”, diz professor. (Foto: João Garrigó)
“Está todo mundo sofrendo, ninguém sabe o que fazer, se estuda ou sofre”, diz professor. (Foto: João Garrigó)

Revoltados e apreensivos. O clima no colégio Bionatus, que tem maior aprovação de alunos do Centro-Oeste em universidades federais era exatamente esse. O descontentamento dos alunos põem em risco a credibilidade do Enem que pode ter cancelamentos pela terceira vez consecutiva.

Ali, estudantes que se dedicam há três anos, desde que entraram no Ensino Médio, para conquistar uma vaga nas melhores universidades. Candidatos que abriram mão de saídas e viagens única e exclusivamente para estudar.

Taísa Gruzzela, de 17 anos é uma entre muitas candidatas a uma vaga da faculdade de Medicina. Desde o 1° ano, hoje no 3°, ela considera um absurdo e um desrespeito a aplicação do Enem como é.

“É um absurdo, a gente se prepara para esse descaso? É a desvalorização do nosso esforço, do nosso estudo. Eu só faço isso da minha vida, a minha família me dá todo apoio e é esse o nosso foco”, relata a estudante.

A aluna ainda cita que não só como ela, os demais candidatos estavam com o psicológico já preparado.

“A gente já tinha outras datas, se for anulada, vai atrasar matrícula, o começo do curso. Ninguém está nem aí para a gente, o ministro Fernando Haddad tinha que ter a mínima responsabilidade de se preocupar com a segurança envolvida na prova, que mexe com a vida de muita gente”, completa.

Outro caso de dedicação exclusiva aos estudos é o da estudante Bruna Duarte, de 17 anos, que pretende cursar Medicina e se dedica desde o 1° ano do Ensino Médio.

“É uma sacanagem com a gente que fez tudo certo, de forma honesta. Eu tiro por mim que fui muito bem, daí os outros resolvem trapacear? Isso é trapaça. Anular e fazer de novo, é um estresse de ir, sentar. Não dá para confiar, não tem como saber, vai da consciência deles administrarem, mas é muito desnecessário”, comenta.

Nos corredores e em sala de aula o assunto era um só, e não partia da resolução de questões e sim da polêmica criada em volta no Exame Nacional, utilizado como passaporte para entrada na maioria das universidades do país.

“Está todo mundo sofrendo. Foi o trabalho de um ano todo, tem alunos que estudam desde o início do Ensino Médio. Eles estão apreensivos, ninguém sabe o que fazer, se estuda ou sofre”, diz o professor de Redação, Filosofia e Sociologia, Carlos Eduardo Pereira.

“O ministro tinha que ter a mínima responsabilidade de se preocupar com a segurança envolvida na prova”, defende aluna. (Foto: João Garrigó)
“O ministro tinha que ter a mínima responsabilidade de se preocupar com a segurança envolvida na prova”, defende aluna. (Foto: João Garrigó)

Na avaliação dele, este momento era decisivo para o MEC, depois de duas outras situações polêmicas envolvendo a prova, a primeira em 2009, com o vazamento do exame, que obrigou o MEC a cancelar e a remarcar o teste dois meses depois, após ser totalmente refeito. E em 2010, com o erro na impressão e na folha de respostas, o que levou a reaplicação da prova.

“Era decisivo porque o MEC se propôs a mudar o sistema e foi incompetente. Isso vai deixar o aluno desacreditado. Como é que ele vai acreditar se todo ano tem alguma falha? Por que acreditar se nunca deu certo?”, levanta o professor.

Ainda sem saber se estuda para um novo exame ou se concentra no cronograma dos demais vestibulares, o aluno Lucas Bressani, de 19 anos já está no cursinho e é mais um revoltado com o desrespeito da prova.

“Nunca passa confiança, sempre tem um problema, a gente só faz porque precisa”, observa o estudante.

Anulação - O Ministério Público Federal do Ceará quer a anulação do Enem em todo o País. A alegação é que 13 questões da prova aplicada no último fim de semana são idênticas as de um simulado feito por uma escola de Fortaleza, o que levanta suspeita de fraude.

O órgão avalia que já está configurado o vazamento das provas e ainda pede a investigação da Polícia Federal para apurar os responsáveis, mas entende que a situação exige uma atitude do MEC, pois o problema não é pontual.

Na noite de terça-feira, dois dias após o Enem, já circulam nas redes sociais Facebook e Twitter fotos do simulado que teria sido aplicado pelo Colégio Christus, de Fortaleza, na véspera do exame nacional.

A escola é uma das mais tradicionais na cidade, com dez unidades e no ranking do Enem de 2010 conseguiu o 5º melhor do Ceará.

Em nota, o colégio informou apenas que “uma Instituição de Ensino que tenha profundo conhecimento da TRI – Teoria da Resposta ao Item – e possua vasto banco de questões fornecidas por professores, por ex-alunos e pela conversão de questões do estilo clássico para estilo ENEM, poderá ter boa margem de acertos nas avaliações do ENEM e em outros vestibulares. O Colégio Christus, há vários anos, tem registrado altos índices de acertos em questões de vestibulares, o que é de conhecimento de todos”.

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