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Capital

“Ciclo da violência” entre dois bairros está na mira da polícia

Renan Nucci | 12/10/2014 09:27
"Z" foi detido após troca de tiros na Favela Cidade de Deus, no último dia 26. (Foto: Renan Nucci)
"Z" foi detido após troca de tiros na Favela Cidade de Deus, no último dia 26. (Foto: Renan Nucci)

A disputa entre grupos rivais que vivem nos bairros Dom Antônio Barbosa e Parque do Sol, em Campo Grande, está na mira da Polícia Civil. Segundo o delegado Máercio Alves Barbosa, da Deaij (Delegacia de Atendimento à Infância e Juventude), a motivação destas rixas é fútil e caracteriza um “ciclo da violência” que é passado de geração para geração. Ele investiga as ações de um adolescente que culminaram na morte pessoa, resultando em retaliações com outros feridos.

O delegado explica que esse sentimento de disputa perdura há cerca de 20 anos, ceifando vidas e levando jovens à criminalidade. Ele cita como exemplo um adolescente de 17 anos conhecido como “Z”, líder de um grupo do Parque do Sol. O menor infrator foi responsável por uma tentativa de homicídio no Dom Antônio, que posteriormente resultou em homicídio. O crime cometido por ele desencadeou retaliações diversas que vitimaram outras pessoas. Cenário semelhante pode ser encontrado no bairro vizinho, Parque Lageado, e na Favela Cidade de Deus, revela a polícia.

“Ele (Z) tem uma namorada que já está grávida. Quando o filho dele nascer, vai crescer vendo o pai dando e levando tiros dos desafetos, e desde cedo vai alimentar essa rivalidade fútil. Ele passou por isso e seu filho, assim como outras crianças, certamente também passará. Esse ciclo da violência gratuita que é passado de geração para geração precisa acabar”, disse o delegado lembrando que diante deste cenário, tem atuado em conjunto com a 5ª Delegacia de Polícia.

“Os bairros ficam na área de cobertura da 5ª DP. Somos uma delegacia especializada, investigamos a participação dos menores, mas como estes grupos também são compostos por jovens com mais de 18 anos, precisamos do apoio da 5ª DP. Temos trabalhado para identificar os líderes e pôr fim aos grupos, acabando com essa disputa sem sentido”, disse ele, lembrando que os envolvidos podem responder por formação de quadrilha. “São pessoas que se unem para cometer crimes”, completou.

Delegado Maércio, da Deaij, diz que jovens e adolescente já crescem alimentando rixa com moradores de bairros vizinhos. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Delegado Maércio, da Deaij, diz que jovens e adolescente já crescem alimentando rixa com moradores de bairros vizinhos. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

O menor infrator – Na noite do dia 19 de setembro, Z chegou de moto a uma casa localizada na a Rua Adelaide Maria Figueiredo, no Dom Antônio, onde atirou contra três pessoas. Bruno Alves de Oliveira, 18 anos, conhecido como “Marron”, foi socorrido, mas morreu no dia seguinte na Santa Casa. Os colegadas dele, dois adolescentes, se feriram, mas conseguiram sobreviver. De acordo com o delegado, este crime motivou uma série de outros que ocorreram logo em seguida.

Em retaliação, amigos de Marron procuram o Z nas proximidades, mas não o encontraram. Durante a perseguição, e depararam com um amigo dele  e em retaliação, o balearam. Nas investigações a Polícia Civil chegou a uma mais pessoa, que foi atingida por disparo na perna, numa outra tentativa de homicídio motivada por vingança. Esta vítima mora no Parque do Sol e chegou até a desistir de votar no domingo passado (05), já que sua seção fica em uma escola no Dom Antônio.

“Nós apuramos que nesta última tentativa de homicídio, a vítima não comunicou a polícia porque estava esperando se recuperar, para ir atrás do autor e dar o troco. Tudo isso é fruto deste desentendimento fútil que eles alimentam”, explicou. Após o crime cometido no dia 19, Z se apresentou espontaneamente à Deiaj no dia 25. Na noite do mesmo dia, se envolveu em uma troca de tiros cujo os disparos atingiram uma viatura da Guarda Municipal na Favela Cidade de Deus, na mesma região.

No dia seguinte, o menor infrator retornou à favela para acerto de conta com seus desafetos. Houve novo tiroteio, mas ele acabou preso e vai responder por toda a confusão que criou. Maércio lembra ainda que casos correlatos têm sido apurados, e que mais pessoas devem ser detidas. “Queremos reprimir esta postura de guerra por parte dos jovens e quem sabe assim, sensibilizarmos o Poder Judiciário por meio de nosso trabalho. Queremos tirar estes criminosos das ruas e dar fim ao ciclo de violência que perdura a anos”, concluiu.

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