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Capital

“Não foi acidente”, diz filha de vítima; “Não sou assassino” rebate réu

Saulo Lucas Barbosa Vieira, 28 anos, é acusado matar o casal por dirigir sob efeito de álcool

Anahi Zurutuza e Kerolyn Araújo | 02/08/2019 10:31
De camiseta branca, réu é julgado nesta sexta-feira (Foto: Kerolyn Araújo)
De camiseta branca, réu é julgado nesta sexta-feira (Foto: Kerolyn Araújo)

A família de Luiz Vicente da Cruz, de 69 anos, e Aparecida de Souza da Cruz, de 59, mortos em capotagem na Rua Marechal Cândido Mariano Rondon, no Centro de Campo Grande, chegou cedo ao Tribunal do Júri em Campo Grande. Antes do julgamento de Saulo Lucas Barbosa Vieira, 28 anos, acusado de matar o casal por dirigir sob efeito de álcool, uma das filhas da vítima já dizia que a família queria a condenação do motorista, defendendo que ocorrido “não foi acidente”.

Por depois, cara a cara com os jurados, o réu se defendeu: “não sou assassino, esse criminoso que vocês pensam”.

Na manhã do dia 15 de junho de 2018, o operador de máquinas dirigia um Fiat Uno, entrou na contramão e em velocidade, “rampou” na travessia de pedestres e bateu de frente com o Corsa Sedan conduzido por Luiz Vicente.

Os dois carros capotaram e o casal – Aparecida estava no banco do passageiro – morreu na hora. Saulo foi levado para a Santa Casa e ficou internado sob escolta, já por causa da acusação de dirigir sob efeito de álcool.

Na manhã desta sexta-feira, para o júri, o motorista admitiu que bebeu. Ele relata que tomou seis latinhas de cerveja e dormiu por volta das 22h, mas às 4h, acordou e decidiu procurar uma padaria na região central.

Flávia, uma das filhas da vítima, durante entrevista (Foto: Kerolyn Araújo)
Flávia, uma das filhas da vítima, durante entrevista (Foto: Kerolyn Araújo)

“Tomei café e estava indo para o trabalho”, afirma sobre o momento que entrou na contramão na Rua Cândido Mariano. “Passei na lombada e me embananei. Fiz de tudo para evitar o acidente, mas não consegui”.

O réu afirma que vindo do interior, não conhecia bem a cidade. “Entrei na contramão porque não conhecia o Centro e não tinha nenhuma placa de sinalização. Em nenhum momento pensei em tirar a vida de alguém”.

Na época, no depoimento à polícia, Saulo havia dito que estava fugindo de um assaltante. Hoje, porém, ele admitiu que mentiu e diz que foi por instrução de uma advogada. A mudança de versão foi porque ficou com a consciência pesada, alegou.

O acusado chorou, pediu perdão à família e terminou o depoimento dizendo que quer uma segunda chance. “Queria uma oportunidade para cuidar das minhas filhas. Queria que vocês me perdoassem o que eu fiz”.

O advogado do réu, Caio Magno Duncan Couto, defende a desclassificação do crime, de doloso (quando há intenção de matar) para culposo.

Os dois carros capotaram e ficaram destruídos (Foto: Saul Schramm/Arquivo)
Os dois carros capotaram e ficaram destruídos (Foto: Saul Schramm/Arquivo)

Família das vítimas – Flávia diz que a família quer a pena máxima para o motorista. “Essa luta é para honrar a memória dos meus pais e que isso não volte a acontecer”.

Para ela, a punição será exemplar. “As pessoas tem que ter consciência que beber e dirigir tem suas consequências. Destrói não só uma vida como uma família”.

Saulo é julgamento na 2ª Vara do Tribunal do Júri. Acusação podem apresentar testemunhas, fazem as alegações finais e só depois o júri se reúnem para decidir se o motorista é culpado ou inocente.

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