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Capital

“Sentimento é de vergonha, tristeza e dor”, diz avó de Thamara, 1 dia após júri

Jovem foi condenada a 18 anos e nove meses de prisão em regime fechado por assassinar Victória Correia Mendonça

Luana Rodrigues | 21/09/2017 17:35
Thamara prestou depoimento em júri por meio de videoconferência. (Foto: Marina Pacheco)
Thamara prestou depoimento em júri por meio de videoconferência. (Foto: Marina Pacheco)

O sofrimento de uma avó que não tem coragem de visitar a neta condenada por assassinato no presídio. Com apenas 22 anos, Thamara Arguelho da Cruz terá que viver os próximos 18 anos em uma penitenciária de regime fechado. Mesmo que não cumpra toda a pena, provavelmente, ela terá que concluir os estudos e criar a filha recém-nascida pelos próximos seis anos numa cela. Para a família, a situação representa vergonha, tristeza, dor.

“As pessoas não imaginam, mas desde a morte da Victoria, a nossa família tem sofrido muito. Porque se eu pudesse fazer alguma coisa para aliviar o sofrimento da família dela, eu faria. Mas não posso. A gente vive com esse peso, dia a dia”, diz Claúdia Arguelho, 65 anos, avó que criou Thamara.

Segundo a avó, a jovem sempre foi muito decidida e de personalidade forte, mas ninguém da família nunca imaginou que seria capaz de fazer o que fez. “Eu vivia com ela todos os dias, sei que tinha bom coração. Sempre foi muito caprichosa, prestativa, só ficava nervosa muito rápido”, conta.

A jovem matou a tiros a adolescente Victória Correia Mendonça, que tinha só 18 anos. A vítima mantinha um relacionamento amoroso com Weverton Silva Ayva, 28 anos, ex-namorado e pai da filha de Thamara.

O crime foi no dia 19 de julho, já o julgamento aconteceu nesta quarta-feira (20), quando em depoimento, a ré contou que vivia sendo provocada pela vítima, por meio de mensagem pelo WhatsApp. Para a avó, as redes sociais tem ‘culpa’ no crime.

“Um dia ela chegou em casa e disse que ia largar mão do celular, porque senão ia acabar enlouquecendo. Entrou no banheiro chorando. Perguntei o que era e ela falou das brigas com a menina. Vi que as pessoas insuflavam a discussão, diziam que ela não poderia deixar assim. Acho que eles a incentivaram e hoje ela paga sozinha”, considera Claudia.

Diante do sofrimento, a família tenta encontrar explicações para o que houve, mas não livra a jovem da culpa e diz que ela tem que pagar, por isso não vão recorrer da pena.

“Quando vejo a condição da minha neta e da minha bisneta ficou muito triste, mas é o preço que se tem que pagar. Nós somos famílias da mesma comunidade, criamos nossos filhos juntos, quando eu penso neles, quando me colocou no lugar da família, todo sentimento é de vergonha, tristeza e dor”, diz a avó.

Thamara, que foi presa três dias depois do crime, está na “Unidade Materno Infantil” do Estabelecimento Penal Feminino “Carlos Alberto Jonas Giordano”, em Corumbá. Ela tem uma filha de seis meses, está estudando e também trabalha, o que significa uma esperança de ressocialização, segundo a avó.

“Ela disse que vai sair de lá formada em Direito e é isso que nós esperamos. A mãe dela vai no presídio, leva roupas, fraldas, alimentos, tudo que ela precisa. Temos esperança que a bebê vai fazer com que ela saia de lá outra pessoa”, acredita.

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