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Capital

A dor de um bairro inteiro pela morte do avô que tentou proteger a neta

Paula Maciulevicius e Viviane Oliveira | 30/10/2012 12:25
Pelas ruas as marcas de sangue e nos depoimentos, vizinhos que lamentam a violência que tirou a vida de um querido morador. (Foto: Simão Nogueira)
Pelas ruas as marcas de sangue e nos depoimentos, vizinhos que lamentam a violência que tirou a vida de um querido morador. (Foto: Simão Nogueira)

Tristeza, lágrimas e um bairro todo incrédulo diante da brutalidade de um crime. Na casa de um dos moradores mais conhecidos do Itamaracá, as portas estão abertas para quem quiser chorar ali também. Familiares e vizinhos dividem um misto de sentimentos e ainda não conseguem acreditar no que aconteceu.

A maioria dos moradores está em frente às casas e pelas ruas. Conversam com a imprensa e demonstram nos olhos, a sensação de quem nunca imaginou morar no cenário de um crime como este.

A comoção é pela morte de Jaime Rodrigues da Costa, 70 anos, esfaqueado com 14 golpes na noite desta segunda-feira, quando impedia que a neta de 16 anos fosse levada, para o que parecia um estupro.

“Ela fala o tempo todo que o avô morreu por causa dela. Ela diz: ele morreu no meu lugar”, conta a mãe da menina, a dona de casa Josefina Rodas Fleitas, 39 anos.

Abalada, a adolescente narrava os fatos com dificuldade para a família. Cercada o tempo todo pela culpa que não tem, de ver o avô sendo morto de forma tão cruel. A mãe disse ainda que o autor das facadas, Paulo Cássio Esmeralda de Oliveira, 34 anos, já vinha sondando a casa e que por duas vezes o pegou dentro do quintal da residência.

Comoção no bairro Itamaracá é pela morte de Jaime Rodrigues da Costa, 70 anos, esfaqueado com 14 golpes na noite desta segunda-feira. (Foto: Arquivo Pessoal)
Comoção no bairro Itamaracá é pela morte de Jaime Rodrigues da Costa, 70 anos, esfaqueado com 14 golpes na noite desta segunda-feira. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Tem uns três meses, encontrei ele no terreno e já vi ele do fundo, olhando pra casa. Nas duas vezes perguntei o por quê e ele disse: não, vizinha tinha um bandido aí no seu terreno”, contou a mãe.

A adolescente estuda o 2° ano do Ensino Médio e faz estágio no Banco do Brasil. Para os pais só conseguiu dizer que o bandido chegou a pegar nela, antes da chegada do avô. “Ela se culpa muito por tudo isso. Para a gente o que aconteceu... Ainda estamos buscando uma explicação”, dizia ou pelo menos tentava dizer, a dona de casa.

Dona de um restaurante no bairro, Cícera Luiz Ferreira, 45 anos, chegou a ouvir gritos de socorro por volta das 22h de ontem. Não saiu para ver o que era e hoje soube de quem vinha os últimos gritos por ajuda. Uma surpresa desagradável para ela e os demais vizinhos.

Há dois meses Paulo Cássio trabalha em uma serralheria no bairro. O dono deu a oportunidade de emprego mesmo sabendo dos antecedentes criminais do homem. Para a imprensa, ele relatou que sempre era respeitado pelo funcionário que fazia o trabalho corretamente e que houve apenas um episódio, quando Paulo chegou para trabalhar alcoolizado.

“Mas tirando isso ele respeitava e fazia o trabalho certinho”, completou.

Pela vizinhança, o comentário é de que esta não havia sido a primeira vez que ele corria atrás de mulheres no bairro e que ontem ele passou o dia todo amolando uma faca.

Não é só no olhar e no depoimento das pessoas que a violência ficou marcada. Pelo chão, marcas de sangue dos golpes de faca e dos últimos passos dados por Jaime ao buscar por socorro.

'Seo' Jaime será velado durante a tarde no Centro Comunitário do bairro Jardim Campo Alto, próximo ao Itamaracá e sepultado no cemitério Nacional Park. Ainda não há previsão de horário porque o corpo não foi liberado do Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal).

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