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Capital

Na família do avô que morreu para defender neta, tristeza e revolta

Paula Maciulevicius e Viviane Oliveira | 30/10/2012 08:51
Genis abraçando um dos médicos do hospital. Consolo para quem perdeu o pai de 70 anos de uma forma tão brutal. (Foto: Simão Nogueira)
Genis abraçando um dos médicos do hospital. Consolo para quem perdeu o pai de 70 anos de uma forma tão brutal. (Foto: Simão Nogueira)

“Ele matou meu pai a sangue frio”. A frase reflete a revolta da família de Jaime Rodrigues da Costa, 70 anos, morto a facadas ao tirar a neta do que parecia um estupro. ‘Seo’ Jaime era o típico avô, preocupado, ele acompanhava de longe os netos e até os filhos já adultos, quando voltavam para a casa.

Morador há mais de duas décadas do bairro Itamaracá, da casa dele para a da neta eram 200m de distância. Na noite de ontem, a adolescente de 16 anos voltava para casa e como de costume, sob os olhos do avô.

“Como a casa é perto, ele sempre dizia vai que eu estou indo atrás de você. Estou te olhando daqui”. Agora a frase é construída no passado e o costume ficou na lembrança do filho Genis Claves Rodrigues, 38 anos.

Genis é o pai da adolescente que o avô foi defender, sem saber, até então, que o homem em atitude suspeita estava armado.

Ontem, a menina saiu da casa dos pais ainda no final da tarde e voltava às 21h30. “Ele estava indo atrás, cuidando dela. Não sei dizer como foi, só sei que a menina correu”, contou Genis.

Jaime foi esfaqueado vestindo apenas uma bermuda e chinelos, quando de longe viu um homem se aproximando e puxando a neta pelo ombro. Para defendê-la, ele se aproximou, momento em que o homem que estava em atitude suspeita, Paulo Cássio Esmeralda de Oliveira, 34 anos, começou os golpes. A família não conhecia Paulo nem consegue precisar se ele já acompanha a adolescente na rotina.

No total foram 14 facadas que perfuraram o pulmão, atingiram o tórax, antebraço, abdômen e pescoço do avô.

“Ele matou meu pai a sangue frio. Meu pai estava sem camisa. Eles entraram em luta e esse marginal não respeitou meu pai, estuprador vagabundo”.  A reação de Genis é mais do que esperada diante da situação de ver o pai morto e autor das facadas vivo, recebendo atendimento médico no hospital.

No momento das facadas e da fuga, Paulo Cássio teve uma das mãos cortadas. O ferimento o levou até a Santa Casa. “Um estuprador está recebendo atendimento enquanto meu pai esta numa maca de IML”, falava o filho.

Genis conta ainda que o pai conseguiu chegar até a casa da neta, mesmo com todos os ferimentos e dizer que o homem havia corrido atrás da neta. “O cara conseguiu me furar”, recorda a fala do pai.

O pai e a nora de Jaime colocaram dois travesseiros abaixo da cabeça da vítima até que o socorro do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) chegasse. O atendimento, na avaliação da família, fez de tudo para salvar o idoso.

“Não dava pra pegar meu pai todo ensanguentado. Fiquei segurando ele. Ele foi tão guerreiro, conseguiu, ainda com todas essas facadas, chegar até em casa. Como que uma pessoa tem coragem de matar um senhor de 70 anos? Esse cara é um sanguinário”.

O autor das facadas, Paulo Cássio está internado na Santa Casa, sob escolta. Ele já tinha passagens pela Polícia por roubo, ameaça, lesão corporal, violência doméstica e agora o homicídio.

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