ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
MAIO, SÁBADO  10    CAMPO GRANDE 21º

Capital

"A hora que fui podar, ela apareceu", diz motorista de BMW que matou mulher

Wilson Benevides de Souza, de 30 anos, estava fugindo da polícia, quando atropelou mulher em moto

Dayene Paz e Bruna Marques | 20/04/2022 09:56
"A hora que fui podar, ela apareceu", diz motorista de BMW que matou mulher
Carro e moto ficaram destruídos e foram parar às margens da avenida. (Foto: Arquivo / Campo Grande News)

Wilson Benevides de Souza, de 30 anos, senta no banco dos réus nesta quarta-feira (20), acusado de homicídio qualificado. No dia 24 de janeiro de 2021, Wilson fugiu de uma abordagem policial, bateu de frente com uma Honda Biz, ocasionando a morte da técnica de enfermagem Carla Jaqueline Miranda, de 40 anos, em Campo Grande. "A hora que fui podar, ela apareceu", alegou ao ser ouvido no tribunal.

O julgamento começou às 8 horas, no plenário do Tribunal do Júri da Capital, presidido pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos. A família de Carla acompanha o julgamento, mas preferiu não conversar com a imprensa.

Wilson Benevides escolheu por seu direito de responder as perguntas apenas de seus advogados e, caso necessário, dos jurados. Ele contou dos momentos que antecederam a perseguição que terminou no acidente.

"A hora que fui podar, ela apareceu", diz motorista de BMW que matou mulher
Wilson Benevides durante depoimento no Tribunal do Júri. (Foto: Henrique Kawaminami)

No relato, Wilson alega que estava em um evento no Autódromo Internacional de Campo Grande, acompanhado pelo primo. "Meu primo era aniversariante e estava comigo. Então, na volta, decidimos ir na nossa família para eles darem parabéns."

Quando chegou na casa dos familiares, ele afirma que parou na rua lateral, como de costume. "Quando eu passei, a polícia estava saindo do beco que tinha lá. Como eu estava sendo ameaçado pelos polícias eu fiquei com medo", conta. "Minha família e meus primos falaram que os policiais iriam me matar", complementa.

Foi então que iniciou a perseguição. Wilson fugiu em alta velocidade pelas ruas. "Eu podei um carro. O sinal estava aberto, pegou na contramão, mas não tenho certeza. Se eu soubesse dessa cagada, era mais ser a minha vida do que dessa dona que não tinha nada a ver. Não vi quando ultrapassei. Se eu tivesse visto, tinha arrumado um jeito de acontecer o prejuízo comigo."

"A hora que fui podar, ela apareceu", diz motorista de BMW que matou mulher
Wilson, de cabeça baixa, sentado no banco dos réus. (Foto: Henrique Kawaminami)

Ele afirma ainda que tentou evitar a colisão. "Eu fui até tirar. Na hora da batida, joguei para cima do carro. Mas na hora que fui podar, ela apareceu. Momento algum passou na minha cabeça que ela iria aparecer". Sobre ter arrastado a motocicleta da vítima, Wilson diz não se recordar. "Não percebi que a moto ficou presa. Só lembro que tirei o carro para o lado", afirma.

Wilson tem 47 passagens pela polícia e afirma que por conta de seu passado é que ficou com medo de ser pego pelos policiais. "Fugi porque estava sendo ameaçado pela polícia. Por causa do meu passado, tive muitos problemas, mas hoje em dia, estou tranquilo".

A filha de Carla também foi ouvida nesta manhã. Ela contou que já não morava com a mãe na época do acidente, mas os outros quatro irmãos residiam com Carla. No dia do fato, se recorda que a mãe estava na casa de uma amiga. "Ela mandou meus irmãos de Uber e foi seguindo atrás com a moto. Mas, minutos depois, o Uber chegou e ela não", lembra.

A filha também recorda que a mãe comprou o veículo em suaves parcelas. "Ela comprou a moto de uma colega de trabalho, passou no cartão de crédito. A Biz foi o primeiro veículo dela. Suado inclusive", disse.

Wilson é julgado pelo crime de homicídio qualificado, também por dirigir sob influência de álcool e sem CNH (Carteira Nacional de Habilitação). O julgamento deve se estender até o final do dia.

Caso - O acidente foi na noite de 24 de janeiro de 2021, no cruzamento da Avenida Prefeito Heráclito Diniz Figueiredo e Rua Veridiana, Bairro Estrela do Sul, em Campo Grande. Carla Jaqueline Miranda, 40 anos, conduzia uma Honda Biz e morreu no local.

Segundo o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), o réu agiu com dolo eventual ao assumir o risco de produzir um grave acidente e provocar a morte de outras pessoas, além de desrespeitar diversas regras de trânsito: excesso de velocidade, invadir a contramão, dirigir sob efeito de álcool e sem habilitação.

Carla era mãe de cinco filhos e, um mês antes do acidente, comemorou nas redes sociais a compra da motocicleta.

Nos siga no Google Notícias