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Capital

Ação da Energisa e PM corta 150 'gatos' em favela da Samambaia

Moradores do local se reuniram e prometem esperar até próxima sexta-feira por regulamentação, senão realizarão protestos

Rafael Ribeiro | 30/08/2017 17:15
Favela começou em dezembro de 2016, em área abandonada de clube de campo desativado (Foto: Direto das Ruas/Arquivo)
Favela começou em dezembro de 2016, em área abandonada de clube de campo desativado (Foto: Direto das Ruas/Arquivo)

Cerca de 370 famílias da favela Samambaia, na região do Jardim Los Angeles (zona sul de Campo Grande), estão sem energia elétrica desde a manhã desta quarta-feira (30), após 24 equipes da Energisa cortarem 150 ligações clandestinas encontradas, com o apoio da Polícia Militar.

Em nota, a empresa disse que a ação tem com objetivo “garantir a segurança das famílias que vivem no local e proteger a rede de distribuição de energia que abastece os clientes regulares do município.”


Representante do acampamento, Jáderson Jesus de Souza, 30, tem opinião contrária. Segundo ele, desde janeiro os moradores do local buscam a regulamentação, mas nunca as negociações avançaram para que as famílias pagassem pelo 'gato'.


Durante a tarde, Souza e todas as famílias atingidas pelo corte súbito de energia se reuniram à beira da Avenida dos Cafezais. Decidiram que aguardarão por uma resposta da Justiça nesta quinta-feira (31), após protocolado recurso nos tribunais, sem maiores informações.


Se a reinstalação da energia não ocorrer, os moradores prometem realizar uma manifestação às 9h de sexta-feira (1 de setembro) na via de acesso à favela.


“A situação está muito difícil, o pessoal está com comida estragando na geladeira, sem ter o que fazer. Esperamos que as autoridades se pronunciem sobre isso”, disse Souza.

Invasão – A favela foi criada por integrantes de movimentos sem-teto em 19 de dezembro do ano passado no terreno onde funcionou, de 1980 a 2005, um clube de campo desativado.

De acordo com o representante do acampamento, a área estava abandonada e servia para criminosos não só desmancharem veículos como também de desova de cadáveres de pessoas assassinadas pelo tráfico de drogas.


A maioria dos moradores, segundo ele, são pessoas de bem, que estão na fila da Agência Municipal de Habitação de Campo Grande à espera do sonho. “Eu mesmo estou nela há dez anos”, disse Souza.


Em seu texto, a Energisa disse que as ligações ilegais consumiram em média 191 MWh/ano desde dezembro de 2016, o que equivale a custos aproximados de R$ 95,4 mil por ano. O prejuízo também é sentido na arrecadação de ICMS no estado


A concessionária explica que atua em todo o Estado no combate a furtos de energia, uma obrigação regulatória determinada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).


Além de ser crime e gerar impacto nas tarifas de clientes regulares, as ligações clandestinas oferecem riscos à população já que podem ocasionar acidentes com choques elétricos, curtos-circuitos e incêndios, sobrecarregam e comprometem a confiabilidade da rede de distribuição de energia.


Conforme resolução da ANEEL, as distribuidoras de energia só podem regularizar o fornecimento de energia em áreas invadidas com a permissão do poder concedente: Governo, Prefeitura Municipal ou Ministério Público.

É a segunda ação da Energisa do tipo. No último dia 10, moradores de uma favela no bairro Mario Covas (zona sul) também tiveram os 'gatos' cortados. Apesar de protestos feitos por lideranças comunitárias, as ligações clandestinas não foram regularizadas até agora.

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