Adolescente que mentiu sobre estupro pode passar de vítima a investigada
Adolescente confessou que mentiu após imagem desmontar versão de estupro; caso pode ir para Deaij

Sem dar detalhes sobre o porquê a adolescente mentiu ter sido estuprada, já que o caso corre em sigilo, a delegada da Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) Marília de Brito detalhou que foram as imagens da câmera de segurança do condomínio que desmontaram a versão de estupro.
"Essas imagens foram colocadas ali e ela foi ouvida, e realmente confirmou que não foi o que ela contou", descreve a delegada.
No primeiro depoimento, a adolescente havia dito que tinha sido violentada por 50 minutos quando saiu de casa em uma corrida compartilhada por aplicativo para buscar uma pizza na última sexta-feira (23).

O estupro, segundo a primeira versão, teria ocorrido pelo passageiro que compartilhava a corrida com a conivência do motorista. No entanto, a corrida sequer era compartilhada.
As imagens que desmontaram a versão não mostram pizza nenhuma nas mãos da adolescente. O que ficou gravado foi a entrada e depois a saída dela de um condomínio.
Apesar de ter confessado a mentira sobre o crime de estupro, a investigação vai continuar na Depca e pode ir para a Deaij (Delegacia Especializada no Atendimento à Infância e Juventude), ou seja, de vítima a adolescente pode ser investigada como autora de ato infracional.
"A gente tem que terminar o inquérito e se verificar que há algo maior, pode encaminhar para a Deaij para verificar ocorrência de ato infracional", ressalta Marília.
Sobre a mentira, a polícia diz que não enfraquece a luta da delegacia pela conscientização das vítimas sobre a importância de se denunciar. "Não perde o crédito, gente mentirosa você tem adulto, tem adolescente. A gente tem é um estigma de que adolescente é mentirosa e pode sim acontecer casos de fato real", avalia a delegada.
Quanto a possibilidade do motorista de aplicativo ser preso e responsabilizado pelo crime, a delegada fala que apesar da palavra da vítima ter valor, ela não é exclusiva e existe todo um trabalho técnico da polícia. "A investigação existe exatamente pra isso, tanto que nesse caso, de forma muito tranquila, nós podemos verificar que de fato não aconteceu como o narrado", explica Marília de Brito.
A delegada também fala que desde o plantão a história levantou suspeita. "Tanto é que ele não foi autuado em flagrante. A percepção da polícia sobre o fato se iniciou já no plantão", levanta.
Se o motorista de aplicativo quiser, também pode processar civilmente a família pela acusação. "Pode acontecer, os pais são responsáveis e aí ficará a critério da pessoa que sofreu o dano".