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Após 22 anos fechado, Hotel Campo Grande é vendido

Por R$ 15 milhões, empresário de MS pretende reabrir empreendimento

Lucia Morel | 10/06/2023 10:45
Fachada do antigo hotel continua intacta. (Foto: Clara Farias)
Fachada do antigo hotel continua intacta. (Foto: Clara Farias)

O impasse que parecia sem fim em relação ao antigo Hotel Campo Grande, localizado na Rua 13 de Maio, em Campo Grande, parece estar chegando ao fim. Empresário e pecuarista sul-mato-grossense fechou negócio com os herdeiros do antigo empreendimento e por R$ 15 milhões vai adquirir o espaço e transformá-lo novamente em espaço para hospedagens.

Wagner Marcelo Monteiro Borges assinou contrato de compra e venda com os herdeiros do antigo dono do local, José Cândido de Paula, em dezembro do ano passado, e pretende manter o empreendimento como hotel. Ainda não há data, mas em conversa rápida com o Campo Grande News, ele informou que o total desembaraço do negócio depende agora apenas da Justiça. O pedido foi protocolado este ano e o empresário já abriu CNPJ em nome de W Hotelaria LTDA em março, cujo endereço é do Hotel Campo Grande. O registro cadastral original do hotel, entretanto, ainda não foi transferido.

Trecho do contrato de compra e venda assinado entre os herdeiros e Wagner Marcelo. (Foto: Reprodução)
Trecho do contrato de compra e venda assinado entre os herdeiros e Wagner Marcelo. (Foto: Reprodução)

O processo de inventário corre desde 1996, ou seja, já há 27 anos, mas o hotel somente foi fechado em definitivo em 2001. Histórica e icônica, a antiga hospedaria já foi cartão-postal da Capital e quando chegou ao fim, deixou muitas dívidas. E são justamente estas que estão sendo quitadas para que haja o total desembaraço.

“Ao longo dos últimos 22 anos, os herdeiros de José Cândido têm providenciado o pagamento das dívidas deixadas e, como será demonstrado, restam apenas as dívidas fiscais junto à União e à Prefeitura de Campo Grande (MS) para que todas elas estejam quitadas”, cita o pedido do empresário comprador sobre o prédio.

O mesmo documento, que pede a autorização do juiz da 6ª Vara de Família e Sucessões, Alexandre Tsuyoshi Ito, para a efetiva transação de compra e venda do imóvel em inventário, fala do caráter icônico do antigo hotel, mas também da dificuldade de uma solução final ao espaço.

“É notório que a pendência do inventário afasta interessados na aquisição de bens. Não fosse o bastante, apesar de icônico, o Hotel Campo Grande é um imóvel com várias peculiaridades e com baixíssima liquidez, comprovada pelo fato de que, há mais de 20 (vinte) anos, os herdeiros buscam sua venda para pagar as dívidas deixadas”.

Antigo hotel está localizado na Rua 13 de Maio, região central de Campo Grande. (Foto: Clara Farias)
Antigo hotel está localizado na Rua 13 de Maio, região central de Campo Grande. (Foto: Clara Farias)

Por conta dessas pendências, o contrato de compra e venda já assinado entre as partes, mas pendente de autorização judicial, prevê que é justamente a alienação do bem que garantirá a quitação.

No pedido de habilitação do comprador, é dito inclusive que “o espólio é inequivocadamente solvente, haja vista que os débitos tributários remanescentes serão quitados por ocasião da venda e ainda remanescerão bens que foram avaliados em mais de R$ 20 milhões no ano de 2014”.

Detalhe de uma das suítes do hotel, nos tempos áureos, na década de 1970. (Foto/Arquivo/Roberto Higa)
Detalhe de uma das suítes do hotel, nos tempos áureos, na década de 1970. (Foto/Arquivo/Roberto Higa)

Ainda não há decisão final sobre a situação, e em determinação temporária, o magistrado condicionou a autorização de compra e venda ao depósito judicial no valor do bem, ou seja, em R$ 15 milhões. Isso está sendo questionado pelo comprador, inclusive com apresentação das quitações tributárias em andamento e de outros imóveis em nome dos herdeiros que garantem que eles têm outras formas de sobrevivência além do hotel.

Caso a Justiça não autorize o negócio sem depósito judicial, já está previsto que a compra e venda assinada será desfeita. Ou seja, a resolução de um problema que já dura 27 anos na região central de Campo Grande, depende, neste momento, apenas de decisão do juiz.

Histórico – Nos últimos anos, até mesmo o poder público tentou dar fim à celeuma do antigo hotel, com propostas de compra para que o espaço se transformasse em moradia e até mesmo em centro de diagnósticos. Em 2011, foi uma das opções para a instalação do Centro Integrado de Justiça, que se instalou no antigo Shopping 26 de Agosto.

A família do antigo dono chegou a cogitar reabrir o espaço como hotel, mas além de demora no encerramento do inventário – ainda em andamento – também tropeçou na falta de dinheiro e nas dívidas deixadas.

Matéria alterada às 12h28 para correção de informação.

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