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Capital

Após destruição "com as próprias mãos”, moradores vivem em clima de insegurança

Zana Zaidan | 16/10/2013 18:07

O imbróglio que envolve moradores do loteamento Nossa Senhora Aparecida, na região do bairro Vila Nasser, em Campo Grande, e o comerciante Gilmar Gobbi, que alega ser herdeiro de parte dos terrenos, teve um novo desdobramento na tarte de hoje (16).

Escoltado por três viaturas da Polícia Militar, Gobbi chegou acompanhado de um oficial de Justiça que levava o documento de ordem de despejo de três das sete casas que hoje estão na área em litígio na Justiça.

Gobbi alega ser proprietário de 20 terrenos do loteamento, onde 13 casas foram construídas. Em agosto deste ano o comerciante decidiu fazer justiça com as próprias mãos, e derrubou seis casas com uma patrola. Gobbi atingiu seu objetivo, porque, segundo os moradores que permaneceram, as famílias deixaram o local e foram morar na casa de parentes. Até hoje, o que se vê no local é um cenário de destruição e insegurança por parte das famílias, que temem, de um dia para o outro, não ter onde morar, ou serem retiradas do local de forma truculenta.

Oficial de Justiça, suposto dono e PM chegaram hoje à tarde ao Nossa Senhora Aparecida, com nova ordem de despejo (Foto: Divulgação)
Oficial de Justiça, suposto dono e PM chegaram hoje à tarde ao Nossa Senhora Aparecida, com nova ordem de despejo (Foto: Divulgação)

“É desgastante porque ele diz ser o dono e chega aqui quando bem entende, invade a nossa casa e faz ameaças”, conta uma das moradoras, Kellen Cristina da Silva Lopes, 19 anos.

Entre as remanescentes, três casas foram alvo do documento apresentado hoje pelo Oficial de Justiça, e pertencem aos irmãos Altair e Adão Martins Chaparro, e Maria José Pedrosa Lemos. “Na segunda-feira, veio um outro oficial de Justiça com a ordem de despejo. Assinei, mas imediatamente acionei meu advogado”, explica Altair.

Segundo ele, ao perceber a chegada de Gobbi e da Polícia, as famílias voltaram a ligar para o advogado, que chegou há tempo com uma liminar que derrubava a ordem de despejo. “Vi de longe as viaturas chegando, com o carro dele na frente. É uma correria geral para avisar os outros e, chamar advogado, pegar câmera e garantir as provas se ele tentar fazer alguma coisa contra a gente. Desde que ele destruiu tudo, ficou um clima de muito medo entre todos nós”, acrescenta Kellen.

Aos moradores, Gobbi garantiu que vai recorrer e, desta vez, além de derrubar a liminar que garantiu a permanência das três famílias, vai voltar com mandados de despejo para todas as casas. “Ele prometeu que volta na segunda-feira. Aí só Deus sabe o que pode acontecer, porque se ele conseguiu esse tanto de viaturas para três casas, imagina quando for para tirar todo mundo”, comenta Adão. “Não temos para onde ir, e não estamos fazendo nada de errado. Só queremos ter onde morar”.

Conforme o advogado que conseguiu derrubar a ordem de despejo, Euder Barcelos, a área está em litígio e, até que haja decisão judicial, Gobbi não tem autorização para entrar nas casas. Os moradores garantem que vão tomar as medidas cabíveis, e pretendem processar o suposto herdeiro.

Unidos, os moradores se mobilizam e contam com um advogado para garantir a permanência nas casas (Foto: Cléber Gellio)
Unidos, os moradores se mobilizam e contam com um advogado para garantir a permanência nas casas (Foto: Cléber Gellio)
Destroços ainda estão no local, depois que o dono decidiu fazer "justiça com as próprias mãos" e derrubou as casas com uma patrola (Foto: Cléber Gellio)
Destroços ainda estão no local, depois que o dono decidiu fazer "justiça com as próprias mãos" e derrubou as casas com uma patrola (Foto: Cléber Gellio)
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