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Capital

Briga entre atendente e policial tem bate-boca e arma na cabeça

Discussão resultou em denúncias de abuso de poder e desacato, ambos formalizados na 3ª Delegacia de Polícia Civil

Aline dos Santos | 29/09/2018 14:44
Atendente conta que vai fazer exame de corpo de delito por causa de agressão e vai acionar Corregedoria. (Foto: Direto das Ruas)
Atendente conta que vai fazer exame de corpo de delito por causa de agressão e vai acionar Corregedoria. (Foto: Direto das Ruas)

Uma briga de trânsito na tarde de sexta-feira (dia 28), em Campo Grande, entre atendente de farmácia e policial civil resultou em denúncias de abuso de poder e desacato, ambos formalizados na 3ª Delegacia de Polícia Civil. A confusão tem relato de xingamentos, agressão e arma na cabeça.

Em termo de declaração formalizado na Polícia Civil, o atendente Thiago Gauto Roa, 33 anos, relatou que estava em uma Celta, seguindo para o trabalho, por volta de 14h, quando passou pela Rua Wagner Jorge Borttoto Garcia, região do Carandá Bosque, e avistou um Sandero. Primeiro, o carro estava no estacionamento da via, na sequência, fez uma conversão na esquerda parando atravessado na rua. De acordo com ele, o policial Antônio Lopes Barbosa Neto, condutor do carro, estava ao celular.

Thiago diz que reduziu a velocidade, passou por detrás do Sandero, e prosseguiu. Em seguida, o condutor emparelhou o carro com o Celta e questionou por que Thiago acelerou. Ele respondeu que estava indo para o trabalho e que o outro motorista estava ao celular.

O Celta seguiu em frente, mas o condutor do Sandero mandou Thiago encostar o carro e sacou uma pistola. O atendente informou que continuou o trajeto e que Antonio disse que era policial, fala acompanhada de um xingamento. Então, Thiago estacionou o carro na Rua Barra Funda, na Vila Danúbio Azul, e o Sandero ficou na frente do Celta.

Ele conta que antes de conseguir pôr a mão na cabeça, conforme a ordem recebida, o policial colocou o cano da pistola em sua cabeça.

Thiago disse para o homem dar um tiro, pois não era bandido, mas o policial respondeu que não valia à pena. Depois, mostrou um distintivo e uma funcional da Polícia Civil. O atendente entregou documentos pessoais, do veículo e relata que tentou usar o celular, mas o aparelho foi tomado pelo policial, que disse que Thiago estava preso por desacato.

O motorista também conta que levou um soco nas costas. Na sequência, o policial civil chamou uma equipe da PM (Polícia Militar) e um delegado, que foram ao local. Todos rumaram para delegacia. No termo, Thiago declarou ter feito um o xingamento, mas antes de o condutor se identificar como policial.

Injúria e desacato - Pelo mesmo episódio, Antônio Neto registrou Boletim de Ocorrência por injúria, resistência e desacato contra Thiago Roa. O policial relata que manobrava seu veículo, saindo de uma oficina, quando Thiago acelerou o Celta, jogando o carro em cima do dele e desviando de forma perigosa.

Antonio conta que ia para o mesmo sentido do autor, emparelhou o carro, pediu que o condutor tivesse mais cuidado e questionou por que fez a manobra agressiva. A reposta foi um “e daí”, xingamentos e gestos com a mão para que Antônio viesse atrás.

O policial conta que fez acompanhamento e deu o comando para que o atendente encostasse o veículo. Com os carros em movimento, Antonio mostrou funcional e distintivo da Polícia Civil pela janela. Mas, segundo ele, Thiago voltou a xingar. Na sequência, o investigador fez uma abordagem tática, forçando a parada do Celta.

Sem alternativa, Thiago parou e recebeu ordem de erguer a camiseta na altura da cintura para o policial verificar se ele estava armado. O investigador relata que os xingamentos prosseguiram, que Thiago falou para ele atirar e que polícia era tudo folgado.

Antônio conta no BO que fez uso moderado de força para fazer a revista e deu ordem de prisão. Na sequência, acionou a PM e o delegado de onde é lotado. O policial trabalha em Ribas do Rio Pardo, a 103 km de Campo Grande, e o delegado estava ontem na Capital.

Entrevistas – Neste sábado, Thiago Roa disse ao Campo Grande News que a situação na rua foi vista por várias pessoas, que se prontificaram a testemunhar. Ele vai passar por exame de corpo de delito e fazer denúncia na Corregedoria da Polícia Civil.

“Mesmo se é policial não pode tirar a arma para qualquer um. Imagina se eu tivesse com a minha mulher, meus filhos. Fico indignado com essa situação”.

Antonio Neto disse hoje ao Campo Grande News que é a vítima e até tinha receio em dar entrevista por causa de distorções, onde o policial é visto de forma ruim. “Foi vergonhoso, muito constrangedor. Eu na posição de servidor público e o indivíduo faltando com o respeito o tempo todo”, diz. Sobre a arma, o policial afirmou que fez abordagem tática, com uso progressivo da força.

Trecho de termo de declaração de Thiago Roa.
Trecho de termo de declaração de Thiago Roa.
Trecho do Boletim de Ocorrência registrado por Antonio Neto.
Trecho do Boletim de Ocorrência registrado por Antonio Neto.
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