Com 2 mortes na família, parentes foram expulsos de comércio por causa do corona
Último óbito, de homem de 95 anos, ocorreu na quarta-feira (6); Saúde confirma covid-19 enquanto parentes falam em morte natural
Em uma mesma família, duas mortes por covid-19 em Campo Grande. Apesar da Secretaria de Saúde garantir que o coronavírus provocou os dois óbitos, a cada divulgação oficial, vem a contestação de parentes, que reclamam da perseguição durante a pandemia.
“A discriminação que a família está sofrendo é demais”, conta o guarda municipal Reinaldo Mattos considerado curado do coronavírus. Ele conta que muitas pessoas se afastaram completamente deles e um dos primos chegou a ser constrangido em estabelecimento comercial. “O dono falou fica longe de mim que eu sou do grupo de risco”, conta.
Outro parente da família foi dispensado do trabalho e eles não sabem se será recontratado após a pandemia passar.
“Discriminam a pessoa porque é parente. É muito triste. A gente não tem culpa de nada e pela Saúde eu sou considerado curado”, declara o guarda municipal Reinaldo Mattos.
Ele retomou as atividades no último dia 1º pouco depois de passar cinco dias na UTI.
A família - A primeira morte na casa foi da idosa de 71 anos, considerada a primeira vítima fatal da doença em Campo Grande. Na quinta-feira (6), homem de 95 anos que morava na mesma residência morreu. Apesar de a Secretaria Municipal de Saúde também confirmar a morte por corona, a família acredita que tenha sido de causas naturais.
À reportagem do Campo Grande News, o guarda contou que o idoso não apresentou nenhum sintoma de gripe. Não teve febre, não tossia e também não tinha coriza.
O idoso estava sendo acompanhado desde o último dia 14 de abril pela sobrinha, estudante do penúltimo ano de enfermagem e que mora na mesma casa. O período crítico de 14 dias passou e ele permaneceu sem sintomas da doença, apesar do diagnóstico positivo.
A morte ocorreu na quarta-feira (6).Ele se levantou “cantando”, conforme conta o sobrinho, conversou um pouco com a família, almoçou, pediu para deitar um pouco e não acordou mais. Tanto a estudante de enfermagem quanto o Samu tentaram o processo de reanimação, mas sem sucesso.
Mattos conta que diferente da morte da idosa, a do tio foi de causas naturais. Ele afirma que nesta última vez eles puderam até fazer o velório que teve caixão aberto. “Ele tinha 95 anos. Não morreu pelo vírus. Não teve falta de ar, febre ou nada disso. Foi uma morte serena”, comentou.
Este óbito entrou nas estatísticas de vítimas fatais pelo coronavírus da Secretaria Municipal de Saúde.
A reportagem do Campo Grande News conversou com um médico que já tratou pacientes com coronavírus. Sem comentar especificamente sobre este caso, Sandro Trindade Benites explicou que, uma vez diagnosticado com o covid-19 os resultados de testes posteriores poderão, sim, dar positivo para a doença porque ainda há a presença de anticorpos.
Isto não quer dizer que todo paciente diagnosticado com covid-19 morra especificamente em decorrência da doença.
A reportagem solicitou detalhes sobre a confirmação da causa da morte do idoso para a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) e aguarda resposta.