ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, SEXTA  29    CAMPO GRANDE 22º

Capital

Com falência, bens da Bigolin vão a leilão e dívida pode somar 100 milhões

A administradora judicial vai solicitar ao magistrado autorização para venda urgente de materiais que estão perto da data de vencimento

Aline dos Santos | 20/03/2019 11:05
Bigolin teve lojas lacradas por ordem da Justiça na última quinta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)
Bigolin teve lojas lacradas por ordem da Justiça na última quinta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)

Com a decretação da falência de cinco empresas do Grupo Bigolin, a administradora judicial Pradebon e Cury faz um levantamento de bens, que vão de lata de tinta a imóveis, para leilão. Até o ano passado, a dívida chegava a R$ 88 milhões e cerca de 750 credores. A projeção é que o valor alcance R$ 100 milhões.

“Vamos arrecadar todos os ativos e fazer lotes para venda em leilão. Com o que arrecadar, vai pagando os credores. Iniciando pela classe trabalhista, garantia real, tributário, micro e pequenas empresas, demais quirográficos e por último fica o pagamento dos sócios se tiver feito empréstimo [para a empresa]”, afirma o advogado e administrador judicial José Eduardo Chemin Cury.

No quesito ativos, entram produtos do estoque, computador, cadeira, mesa, ar-condicionado, caminhão, empilhadeiras, imóveis. Na ordem de pagamento, os primeiros a receber são os trabalhadores; na sequência vem a garantia real, que, em geral, corresponde aos bancos. Depois, vêm as dívidas com a município, governo e União. Já os quirografários formam a categoria de credores de uma empresa falida que não possui qualquer tipo de garantia para receber seus créditos.

A Bigolin tem prazo de cinco dias para apresentar o novo rol de credores. No ano de 2016, ao pedir a recuperação à Vara de Falências e Recuperações Judiciais de Campo Grande a empresa informou dívida de R$ 54 milhões. Em meados de 2018, o montante já tinha crescido para R$ 88 milhões.

A projeção do administrador judicial de que o total alcance R$ 100 milhões considera custos com verbas rescisórias de funcionários, que também não receberam parte do 13º salário nem o pagamento do mês de fevereiro, e o aumento da comunidade de credores com a decretação de falência.

A recuperação judicial cria um plano de ação para evitar a falência de empresas. No caso da Bigolin, o juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva avaliou que a situação financeira do grupo piorou em três anos. Na última quinta-feira (dia 14), o magistrado decretou a falência de cinco empresas do grupo, mandou lacrar as lojas e bloquear bens.

A administradora judicial Pradebon e Cury foi nomeada para acompanhar o processo de recuperação e, agora, faz os levantamentos sobre a falência. “Como administrador desse processo, o meu papel é trazer para o juiz e a comunidade dos credores informações fidedignas. E o cenário era bastante ruim do ponto de vista econômico e financeiro”, afirma José Eduardo.

De acordo com ele, a análise inicial é de que os bens não fazem frente aos débitos, mas ainda é levantado o patrimônio do grupo e se as lojas são imóveis próprios ou alugados. Um centro de distribuição em Campo Grande tem avaliação de R$ 8 milhões e a empresa Nara Rosa Empreendimentos Imobiliários, que faz parte do grupo, tem uma série de imóveis.

Até 2020, o grupo tem R$ 400 mil a receber, mas o pagamento deve se tornar incerto pela não entrega de mercadorias ou até por espertalhões que prefiram não honrar dívida com empresa falida.

Por ordem da Justiça, foram bloqueados veículos e, até semana passada, encontrados R$ 1.747 em bancos. Não há prazo para realização do leilão. A administradora judicial vai solicitar ao magistrado autorização para venda urgente de materiais que estão perto da data de vencimento, como cimento e tinta.

Segundo a administradora, a lei define que a remuneração pelo trabalho seja de 0,1 % a 5% do montante arrecadado no leilão para a massa falida.

Defesa do Grupo Bigolin  entrou com recurso no Tribunal de Justiça contra a decisão. (Foto: Paulo Francis)
Defesa do Grupo Bigolin entrou com recurso no Tribunal de Justiça contra a decisão. (Foto: Paulo Francis)

Suspensão – A defesa do Grupo Bigolin, que atuou por mais de 30 anos no Estado, entrou com recurso na última quinta-feira para suspender a decisão do juiz e solicitar a concessão da recuperação judicial.

O recurso tramita na 2ª Câmara Cível do TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e ainda não teve decisão. A defesa sustenta que não cabe ao juiz a análise de viabilidade financeira e traz dados sobre a retirada de valores dos sócios.

A decisão que decretou a falência aponta que em vez de poupar para pagar credores, recursos são retirados para pagamento de pró-labore, o que aumenta o endividamento do grupo. No ano de 2016, numa das empresa do grupo, o lucro bruto de R$ 234.652,71 foi consumido em despesas gerais (R$ 110 mil) e pró-labore (R$ 197 mil).

Já a defesa apresenta dados financeiros de outras participantes do grupo. No caso Bigolin Materiais de Construção, o pró labore retirado foi de 1,23% do faturamento.

O juiz decretou a falência de cinco empresas do grupo: Ângulo Materiais de Construção e Serviços, Bigolin Materiais de Construção, Casa Plena Materiais de Construção, D & D Comércio, Construção e Serviços e Nara Rosa Empreendimentos Imobiliários.

A Bigolin nasceu em 1955 no Rio Grande do Sul, mas foi em 1982, com a inauguração da matriz em Campo Grande, que se tornou um grande grupo. Os negócios foram expandidos para o interior e Estados vizinhos, até o início da crise econômica em 2013.

Nos siga no Google Notícias