ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, TERÇA  07    CAMPO GRANDE 23º

Capital

Com o filho de 11 meses no hospital, casal fala de suspeita

Mariana Lopes | 26/10/2012 13:45
Na casa com poucos móveis, o bebê ficava no berço no canto do quarto do casal (Foto: Mariana Lopes)
Na casa com poucos móveis, o bebê ficava no berço no canto do quarto do casal (Foto: Mariana Lopes)

“Eu estava lavando a louça quando ouvi o gritinho dele”, conta o pai do bebê que deu entrada na Santa Casa de Campo, na última quarta-feira (24), com afundamento do crânio. Ele e a esposa estão sendo investigados sobre possível agressão à criança.

Na manhã de hoje, o casal abriu a porta da casa e conversou com a reportagem do Campo Grande News para contar o que, segundo eles, aconteceu no dia em que o bebê foi levado para o hospital e sobre os sentimentos de lidar com as investigações ao mesmo tempo em que o filho está internado.

O berço onde o bebê estava fica no canto do quarto do casal, praticamente aos pés da cama dos pais. Ao lado do quarto, que não tem portas, já está a cozinha, onde Sandro estava lavando a louça no momento em que ouviu o grito do filho. Da pia, ele conta que conseguia ver o berço.

“Quando cheguei perto do berço, vi que ele estava estremecendo. Na hora coloquei ele na cama. Fiquei desesperado, não sabia o que fazer”, desabafa o pai, de 25 anos. “Ele começou a ficar roxo, virar os olhos e enrolar a língua, a única coisa que eu consegui pensar foi em segurar a língua dele e chupar o nariz”, conta.

Em seguida, a esposa dele chegou, por volta das 17h30. “Era o horário dela chegar mesmo, então quando eu ouvi o barulho da porta já gritei pedindo socorro”, lembra o pai.

Segundo a versão do casal, enquanto o pai tentava reanimar o bebê, a mãe ligou para o Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência). “Ela só me pedia para eu não deixar nosso filho morrer”, comenta.

Enquanto a unidade móvel se encaminhava até a casa, o pai recebeu auxílio por telefone. “A atendente achava que meu filho estava engasgando, mas eu já trabalhei em hospital e sei como é uma convulsão. Eu tinha noção do que estava acontecendo com meu filho”, afirma o pai do bebê.

Quando a ambulância do Samu chegou, o bebê já estava reanimado, segundo os pais. Da casa, ele foi encaminhado ao posto de saúde do bairro Coronel Antonino, e devido à gravidade do estado de saúde, o bebê foi encaminhado à Santa Casa.

No hospital, a mãe acompanhou o filho por um tempo. “Eu fui até uma sala, onde colocaram ele em um berço, de repente eu vi a mãozinha dele tremendo e uma enfermeira gritou que ele estava tendo outra convulsão, daí pediram para me tirar de lá”, conta a mãe, de 23 anos.

Cerca de 15 minutos depois, de acordo com a mãe, o médico chamou o casal e pediu um raio-x do crânio. “Foi aí que começaram as acusações”, diz o pai. O caso foi parar na DEPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente) e está sendo investigado pela delegada Regina Márcia Rodrigues.

Segundo a delegada Regina, hoje Os dois prestaram depoimento na tarde de ontem, e, segundo a delegada, as versões do pai e da mãe da criança coincidem. Nesta sexta-feira (26), um exame de corpo de delito será feito no bebê e vizinhos e parentes também serão ouvidos.(Foto: Mariana Lopes)
Segundo a delegada Regina, hoje Os dois prestaram depoimento na tarde de ontem, e, segundo a delegada, as versões do pai e da mãe da criança coincidem. Nesta sexta-feira (26), um exame de corpo de delito será feito no bebê e vizinhos e parentes também serão ouvidos.(Foto: Mariana Lopes)

Tanto para a delegada quanto para a reportagem, os pais disseram que não fazem ideia como o bebê teve a lesão no crânio. “Tinha alguns dias já que ele estava tendo febre alta, e no final de semana, quando a gente estava em Corumbá, na casa da minha mãe, ele acordou com o rostinho inchado, mas achamos que algum bicho tinha picado ele”, lembra o pai.

Os dois prestaram depoimento na tarde de ontem, e, segundo a delegada, as versões do pai e da mãe da criança coincidem. Nesta sexta-feira (26), um exame de corpo de delito será feito no bebê e vizinhos e parentes também serão ouvidos. A delegada também pediu que o local seja periciado.

“Não tem quem aguente essa situação. Estamos com nosso filho internado, na cama de um hospital, e ainda estão acusando meu marido de ter tentado matar ele. Eu nem consigo dormir mais”, desabafa a mãe.

A babá – Há mais ou menos duas semanas, o pai do bebê trocou de turno no trabalho. Ele é porteiro em um prédio de luxo de Campo Grande e conta que antes trabalhava durante o dia e agora faz o turno durante a noite e a madrugada.

“Quando eu e minha esposa trabalhávamos durante o dia, ele ficava com a vizinha, mas agora a gente tem condições de se revezar para não precisar deixar nosso filho com babá”, explica o pai.

A vizinha que cuidava do filho do casal é uma mulher de 53 anos, que mora no mesmo quintal da casa deles. Ela contou à reportagem do Campo Grande News que cuidou do bebê por pouco tempo. "A mãe deixava ele aqui na minha casa, ela trazia o chiqueirinho dele, onde ele ficava o tempo todo, eu nem pegava ele no colo direito, só ficava olhando", diz a babá.

A mãe da mulher que cuidava do bebê, que mora em outra casa no mesmo quintal, afirma que o casal é bem reservado. "Eles não são muito de conversa, não posso falar se eles batiam no filho, porque eu nunca vi, como também nunca ouvi eles brigando", conta a vizinha.

O bebê continua internado no CTI (Centro de Terapia Intensiva) da Santa Casa, com o quadro de saúde estável. Ele segue entubado e sedado.

Nos siga no Google Notícias