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Capital

Com sinal de celular bloqueado, presos recorrem às cartas, diz Agepen

Renan Nucci | 08/07/2014 14:22
Com bloqueadores de sinal de celular, detentos encontram mais dificuldades para se comunicarem com o mundo externo. (Foto: Marcos Ermínio)
Com bloqueadores de sinal de celular, detentos encontram mais dificuldades para se comunicarem com o mundo externo. (Foto: Marcos Ermínio)

Bloqueadores de telefone celular instalados recentemente pela Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública) no Complexo Penitenciário de Campo Grande alteraram a rotina dos detentos que, diante da dificuldade imposta pela aparelhagem, voltaram a se comunicar com parentes e amigos por meio de cartas.

O conteúdo dos envelopes que entram e saem é checado diariamente pelos agentes. Assim, sem ligações e com conversas vigiadas, o número de ordens a crimes partidas de dentro das unidades prisionais caiu drasticamente, aponta o coronel Deusdete Souza de Oliveira Filhos, diretor-presidente da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário).

Segundo ele, a quantidade mensal de correspondências que antes variava de 100 a 200, hoje passa da casa dos mil. “Sem o celular, esta foi a maneira que os detentos encontraram para falar com o mundo externo”, disse o coronel.

Efetividade - Ele explica que este cenário é reflexo da funcionalidade dos bloqueadores, que embora ainda esteja longe da ideal, impede, na maioria dos casos, que os encarcerados se comuniquem diretamente com pessoas que estão fora da cadeia. O acesso a redes sociais também está impedido.

“A efetividade dos bloqueadores é de aproximadamente 95%, mas claro que, isso varia. Como qualquer tecnologia, está sujeita a algumas condições como, por exemplo, a oscilação da frequência das operadoras de telefonia móvel e aos fenômenos naturais”, disse Deusdete, afirmando que alguns detentos ainda conseguem transpor o bloqueio por meio de dispositivos caseiros e ou em pontos ‘cegos’ da área cobertura.

Coronel Deusdete Souza de Oliveira Filhos, diretor-presidente da Agepen. (Foto: Cleber Gellio)
Coronel Deusdete Souza de Oliveira Filhos, diretor-presidente da Agepen. (Foto: Cleber Gellio)

“A Agepen tem conhecimento de materiais artesanais que os presos usam para anular o bloqueio. Também existem alguns pontos onde a cobertura é falha, mas para todos os casos, sempre temos feito monitoramento por meio do serviço de inteligência, em busca de irregularidades”, avaliou.

Segundo ele, a Agepen, através da Sejusp, tenta acordo com as operadoras para diminuir ainda mais o uso de celulares dentro da cadeia. “Cada operadora tem a sua faixa de frequência e temos tentado equilibrar as coisas, para que as frequências fiquem em uma faixa fácil de ser bloqueada, mas que não interfira nada na comunicação das pessoas que vivem na região”, relatou.

Sindicato - Segundo o presidente do Sinsap (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária), Francisco Sanábria, o número de agentes ainda é insuficiente para promover uma fiscalização eficiente dentro do complexo, e por este motivo, ainda é comum detentos terem acesso a celulares.

Ele explica que a capacidade do complexo é de 1.500 pessoas, mas que quase quatro mil estão no local. “O efetivo é pouco e por questões de segurança, nem sempre conseguimos cobrir todo o complexo. É dessas brechas que os presidiários se aproveitam”, disse ele ressaltando que o fluxo de pessoas de que transitam diariamente pelo prédio da instituição é uma das barreiras enfrentadas. “Somos poucos para fiscalizarmos muitos”.

Ampliação - Segundo nota divulgada pela assessoria da Agepen, serão construídos, com inícios previstos ainda para este ano, mais três presídios de regime fechado em Campo Grande, somando juntos 1613 vagas (são dois masculinos com 603 vagas cada e um feminino com 407 vagas. As obras serão erguidas na região da Gameleira, saída para Sidrolândia, onde já funciona o Centro Penal Agroindustrial (regime semiaberto), região que já possui estrutura de água e esgoto necessários para a execução das obras.

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