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Capital

Com sistema em pane, mangueira sem pressão foi única saída no Atacadão

Depoimentos confirmam que houve falha em pelo menos dois recursos do sistema antichamas

Anahi Zurutuza | 05/11/2020 12:01
Funcionário tenta usar mangueira do sistema do atacadista para combater fogo (Foto: Reprodução de vídeo)
Funcionário tenta usar mangueira do sistema do atacadista para combater fogo (Foto: Reprodução de vídeo)

A suspeita de que o sistema de combate a incêndios do Atacadão da Avenida Duque de Caixas tenha falhado já havia sido levantada, mas depoimentos de funcionários e de bombeiros confirmaram o que era hipótese. A Polícia Civil investiga agora o porquê da pane.

Segundo o delegado Bruno Urban, responsável pelo inquérito, ainda não é possível atestar que houve uma falhar geral no sistema, mas um dos empregados revelou que as bombas de abastecimento das mangueiras antichamas não ligaram automaticamente, o que deveria acontecer.

“Lembra-se daquele vídeo com aquela aguinha bem fraquinha [assista mais abaixo]? Foi porque as bombas não funcionaram. Ele [funcionário] teve de ir lá e acionar manualmente. O que a gente vai ver é se realmente estava fechado ou o porquê de não sair água”, detalhou o delegado.

Além disso, um dos bombeiros relatou não ter visto o chão molhado quando entrou no estabelecimento em chamas, sinal de que os chuveiros automáticos, chamados sprinklers, também não funcionaram.

As duas situações ainda são investigadas e, segundo o delegado, as perícias nas imagens das câmeras de segurança e técnica do sistema vão esclarecer qualquer dúvida. “Nas imagens veremos se foram acionados os esguichos”.


Palavra de especialista – No dia 14 de setembro, um dia após o fogo consumir a loja de 6 mil metros quadrados, o engenheiro especialista em segurança contra incêndio Mário Borges já havia apontado quatro falhas no sistema antichamas. Ele fez os comentários com base na análise das imagens que correram as redes sociais e afirmou que o fogo não foi controlado a tempo por falta de manutenção nos mecanismos de combate.

A primeira que salta aos olhos é a baixa pressão da mangueira de incêndio que é usada para conter as chamas, como mostra vídeo filmado por cliente que estava no local no momento do fogo. “A bomba não acionou em nenhum momento”, afirma. Ele completou explicando que ao ligar a mangueira, imediatamente – em no máximo oito segundos – a bomba que dá pressão à água já é acionada.

Outro detalhe que, conforme Mário, chama atenção, é que em nenhum vídeo divulgado há sinal sonoro de que acontecia um incêndio, o que denota que esse sistema também falhou. Além disso, assim como o alarme deveria ser acionado no primeiro sinal de fumaça, os chuveiros automáticos. Por fim, para o especialista, a brigada do Atacadão não estava treinada corretamente.

Atacadão em chamas, na noite do dia 13 de setembro (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)
Atacadão em chamas, na noite do dia 13 de setembro (Foto: Marcos Maluf/Arquivo)

Fogo e destruição - O incêndio no Atacadão começou por volta das 17h do dia 13 de setembro, um domingo, e em poucos minutos as labaredas podiam ser vistas há quilômetros de distância de onde o atacadista fica localizado, próximo ao Aeroporto Internacional de Campo Grande.

Cerca de 400 mil litros de água foram usados para combater o fogo. Além do corpo de bombeiros, caminhões Infraero e militares prestaram apoio para apagar as chamas que teriam começado na área de produtos inflamáveis do mercado. Não sobrou nada e chegou a haver risco de desabamento no local.

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