Com volta à rotina, quem usa ônibus reclama da demora em dose dupla
Consócio Guaicurus afirma que demanda ainda está em 50% e oferta é de 70%

Quando o vai e vem na cidade parece ter voltado ao normal, com isolamento social atingindo taxas que beiram irrelevância, quem depende de ônibus para trabalhar reclama que a normalidade que se vê nas ruas ainda não chegou ao transporte público de Campo Grande. Segundo moradores, com quantidade de veículos insuficiente, a espera é de horas.
Desde o início da pandemia, em março, o Consórcio Guaicurus reduziu a quantidade de veículos seguindo redução expressiva na procura do serviço. No período, gratuidades foram retiradas, estudantes tiveram aulas suspensas e muitos trabalhadores passaram a trabalhar de casa e deixaram de usar o transporte público.

“A gente sabe que é um período difícil por causa da pandemia, mas se tudo já voltou ao normal, o ônibus tem que voltar também”, comenta a babá Ana Flávia Boaventura, de 43 anos.
Flávia conta que mora no Bairro Maria Aparecida Pedrossian e trabalha no Parque dos Poderes. Segundo ela, antes da mudança o trajeto levava 30 minutos e ela precisava pegar apenas um ônibus. “Agora a linha não existe mais e gasto quase duas horas porque tenho que pegar dois ônibus”, conta.
No domingo, outra usuária diz que demorou 3 horas para chegar em casa, depois do trabalho. "Sai 12h do Jardim dos Estados, pegue carona até o Hércules, peguei o 72-1, q já demorou quase uma hora para chegar. No Nova Bahia, descobri que nesse período de pandemia a linha que eu pego, o 207, não tem mais domingo. Peguei outro, conversei com o motorista e ele me deixou o mais próximo que dava, uma rua acima da minha, onde nem ponto de ônibus tem", conta a universitária que diz ainda cita que, "para ir pra Ufms eu levo duas horas pra ir e mais duas pra voltar".
O trajeto de menos de uma hora, também demora 3 para adolescente de 17 anos, que sai todos os dias do Jardim Búzios rumo ao Centro. Ronaldo Henrique diz que precisa pegar 2 ônibus que agora passam a cada uma hora. "Tem de ser extremamente pontual, senão fica 3 horas rodando", reclama.
Outro que deseja que a quantidade e os horários do ônibus voltem ao normal é o autônomo Cláudio Almir Miranda Alves, de 33 anos. “Antes gastava 40 minutos de casa até o serviço, hoje demora o dobro”, explica sobre mais de uma hora e meia no ponto.
Cláudio conta que nos fins de semana a coisa é ainda pior. “Domingo só passa de uma em uma hora e se você perde, até pegar o próximo é muito complicado”, lembra.
Nas raras vezes que pega ônibus, a aposentada Madalena Silva, de 64 anos, diz que sofre com a longa espera. “Todo mundo está sofrendo com a pandemia, mas quem pega ônibus acaba sofrendo um pouco mais porque é muito mais tempo gasto’, lamenta.
João Rezende, diretor do Consórcio Guaicurus, afirmou que a empresa não constatou a normalidade no fluxo de pessoas, dita pelos usuários. “Não voltou ao normal, pode ser uma impressão”, afirma.
Conforme Rezende, antes da pandemia a média de pessoas transportadas era de 140 mil, hoje, segundo ele, agora são 62 mil usuários por dia. “Hoje a nossa oferta é de 70%. Não podemos colocar 100% da frota nas ruas se a demanda é de 50%”, explica.
Ainda de acordo com o diretor, adaptações diárias são feitas seguindo a necessidade em cada ponto da cidade.