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Capital

'Comando' promete ataques se líderes presos em MS não forem transferidos

Em áudio interceptado no Presídio de Segurança, suposto integrante de facção criminosa diz que governo"está deixando o PCC matá-los" e ameaça incendiar ônibus e viaturas caso situação não mude

Rafael Ribeiro | 12/01/2017 09:51
Áudio foi interceptado por detento da Máxima, no início deste ano (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Áudio foi interceptado por detento da Máxima, no início deste ano (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

Áudio interceptado por agentes penitenciários do Presídio de Segurança Máxima de Campo Grande (confira no fim deste texto) mostra um homem, que se identifica como integrante do Comando Vermelho, ameaçando cometer uma série de ataques no Estado caso o governo não transfira supostas lideranças da facção criminosa ameaçadas pelos rivais do PCC (Primeiro Comando da Capital).

A mensagem se torna pública três dias depois de detentos de Mato Grosso do Sul enviaram carta à Defensoria Pública do Estado denunciando esquema bancado pelo PCC para a entrada de armas, drogas e celulares nas cadeias, além da relação promíscua da facção com servidores de presídios e o medo de massacres como os ocorridos em penitenciárias da região Norte, com mais de 100 mortes desde o início do ano, conforme revelou o Campo Grande News nesta quarta-feira (11).

“O MS está de brincadeira com nós, de palhaçada com nossa cara. Eu acho que eles querem que a gente mostre poder de fogo e só assim vão transferir nós (sic), porque estão deixando nós (sic) para morrer na mão do PCC”, diz o homem no áudio. “Vamos ter que fazer alguma coisa, mandar explodir muro, tacar fogo em ônibus, viatura, só assim o governo vai tomar providências e transferir nós (sic)”, completou.


Segundo o homem diz no áudio, apenas dois de todos os detentos do Comando ameaçados seriam sul-mato-grossenses, o que justificaria o descaso do governo estadual. “Se não transferirem nós vamos parar tudo para mostrar quem é o poder, é o trem (sic)”, ameaçou.

Ailton Stropa Garcia, diretor-presidente da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário de Mato Grosso do Sul (Agepen), disse nesta quinta-feira (12) que o áudio já havia sido descoberto e que transferências necessárias para apaziguar a situação já foram feitas. Por motivos de segurança, no entanto, o número não poderia ser revelado. Também não foi informado se as transferências foram motivadas por conta desse áudio em específico.

Na última segunda-feira (9), o Ministério da Justiça e Cidadania confirmou que Mato Grosso do Sul pediu a transferência de 22 presos para presídios federais. Segundo Stropa, a medida tem por finalidade "isolar lideranças negativas, desarticular comandos ou mesmo garantir a integridade física de presos." Sete detentos desta lista já teriam deixado o sistema carcerário estadual até agora.

Guerra - Os presídios do Mato Grosso do Sul ainda não registraram conflitos graves entre as facções. Situação diferente da região Norte do país. A guerra entre duas facções, que já matou mais de 100 pessoas no país, teria explodido em setembro do ano passado, depois de um “comunicado” que uma das facções emitiu, o “Salve Geral do PCC”, decretando o fim da aliança com Comando Vermelho.

O texto foi escrito a mão, na Penitenciária de Presidente Venceslau, em São Paulo, onde fica a cúpula do PCC. Possivelmente foi transportada por algum advogado ou visitante e enviado às prisões brasileiras dominadas pela facção. O “salve” se espalhou.

Desde as chacinas na região norte, os presídios do MS vivem clima de instabilidade. Um princípio de motim em Dourados (a 233 km de Campo Grande) e o assassinato de um detento na Máxima, foram alguns dos incidentes já registrados.

A Agepen afirma que a situação está sob controle em todo Estado. Já o Sinsap-MS (Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul) diz que está longe disto, e cobra medidas urgentes para evitar um massacre e garantir a segurança dos servidores. 

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