Condições de delegacia contrastam com bens apreendidos de traficantes
Enquanto veiculos lotam pátio da Denar, prédio também é sucateado
Os bens do tráfico apreendidos pela Polícia Civil, como carros de luxo, altas quantias em dinheiro e motos, contrastam com as condições da própria Polícia que atua na repressão desse crime.
Na Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico), onde há Audi e um Jipe Cherokee de traficantes parados há anos, a estrutura do prédio é extremamente precária, com vidros quebrados, chão com piso arrancado e cadeiras e mesas que sem lugar onde ficar fazem da recepção um depósito.
Alguns dos carros de luxo apreendidos em operações ainda ocupam o estacionamento e a frente da delegacia, pois é necessário que a Justiça julgue os traficantes a quais pertencem para irem a leilão.
Na Denar, mais de 700 inquéritos foram relatados apenas neste ano, revela o delegado titular, Márcio Takeshita. Além disso, ele não sabe precisar quantas investigações estão em andamento, simultaneamente.
Entre o que foi apreendido com os bandidos há dólares, grandes quantias em dinheiro e veículos. “O tráfico é dinheiro, é comércio, o que eles (traficantes) querem é ter lucro”, frisa o delegado.
Por isso, revela, a ação da Polícia tem que preocupar não apenas em prender os bandidos, mas em “quebrar” a estrutura montada por eles para praticar o crime, a fim de prejudicar a continuidade do tráfico depois que eles cumprirem pena.
Apreensões - Apesar de não arriscar o valor aproximado que o tráfico movimenta na Capital, o delegado ressalta que esse é um dos crimes mais lucrativos, incluído na mesma lista do tráfico de armas e pessoas.
Apenas neste ano, várias foram as apreensões de dinheiro e veículos caros. Em outubro, pela Operação Tic-Tac, foi preso o traficante Léo Jocura, que fornecia droga a usuários de alto padrão financeiro, conforme apontaram as investigações.
Com ele foram encontrados um Jipe Cherokee e uma Saveiro, dois mil dólares e R$ 100 mil em dinheiro. Em outra prisão, a do traficante Anderson da Silva Nakamura, ocorrida no mês passado, foram encontrados R$ 47 mil em dinheiro e outros R$ 16 mil em cheques.
O delegado explica que como o dinheiro dos traficantes é oriundo do tráfico, não pode ser depositado e por isso fica guardado com eles. Já imóveis e outros bens geralmente são colocados em nome de terceiros, o que dificulta sua apreensão.
Ele ressalta ainda que os traficantes da Capital não são expansivos como os do Rio de Janeiro, por exemplo, que usam várias correntes de ouro e gostam de ostentar a riqueza obtida por meio do tráfico, mas mais discretos, o que dificulta sua identificação e prisão.