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Capital

Corte de 57 árvores coloca moradores contra síndico em residencial

Corte para modernização de garagens foi autorizado sem projeto técnico e devida compensação ambiental, diz denúncia

Ronie Cruz | 25/04/2019 14:49
Árvores já estão sendo cortadas no Condomínio Flamingos.
Árvores já estão sendo cortadas no Condomínio Flamingos.

O corte de 57 árvores, para ampliação do estacionamento do Condomínio Flamingos, no Lar do Trabalhador, colocou moradores em lados opostos. Segundo quem é contra, a supressão das árvores ocorre sem projeto técnico ou a devida compensação ambiental. Já o maior defensor da proposta, o síndico do condomínio, garante que todo o processo foi realizado como manda a lei, para modernizar a estrutura.

A denúncia do desmate já foi registrada no MPE-MS (Ministério Público Estadual) a fim de barrar a obra considerada irregular.

O projeto de o estacionamento vai custar aproximadamente R$ 1, 7 milhão e tem duração prevista de um ano e sete meses. Ao Campo Grande News, o síndico Delmo Silva Araújo preferiu não dar detalhes da obra. “Foi aprovado na Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano). Já está tudo compensado. Isso é assunto interno. Já foi aprovado tudo certinho”, disse acrescentando que não há nenhuma possibilidade de que as obras sejam interrompidas.

Segundo a denúncia, o projeto não tem nem sequer acompanhamento de empresa ambiental especializada. Eles cobram a intervenção dos órgãos competentes a fim de embargar a ação para que seja feita análise criteriosa para “proteger o meio ambiente de um dano irreparável”.

O projeto foi aprovado por maioria de votos em assembleia realizada no dia 21 de janeiro deste ano. “Se foi aprovado em assembleia não há o que dizer”, afirmou moradora que saía do condomínio pela manhã, mas pediu para não ter o nome divulgado. 

Professor diz que preocupação é com o retorno que a obra vai ter considerando o alto investimento. (Foto: Marina Pacheco)
Professor diz que preocupação é com o retorno que a obra vai ter considerando o alto investimento. (Foto: Marina Pacheco)

No entanto, a compensação não satisfaz os moradores contrários ao projeto.  Eles defendem que não há a necessidade da construção de garagens, pois já existem as que foram construídas pelos próprios condôminos, além de serem consideradas parte integrante de cada apartamento, conforme convenção de 1987.

O professor Luiz Cássio, 50, que se posicionou contra a proposta na assembleia, diz que a votação foi apertada. “Muita gente não aprovava por conta de outros projetos que foram feitos e que tiveram gastos desnecessários nos quais não houve um retorno que a gente esperava. A nossa preocupação é também que esse projeto das garagens não saia de acordo com o investimento”, afirmou Luiz.

Um grupo questiona, inclusive, a validade da assembleia, porque não teria sido registrada em cartório, nem publicada em veículos de comunicação, o que é obrigatório em até oito dias após a sua realização.

"Muitas árvores foram cortadas nos últimos três anos, até a raiz é arrancada e cimentada depois para outra vaga de estacionamento, várias denúncias foram protocoladas na SEMADUR sem nenhuma providência", diz outro morador que pediu para não ser identificado, por medo de represália.

Por meio de nota, a Semadur garantiu que haverá compensação ambiental conforme ficou acondicionado na autorização para o corte das árvores. “Após a realização de Assembleia dos moradores e considerando o que foi deliberado na mesma, foi solicitada a supressão de algumas espécies do condomínio e após vistoria técnica autorizadas as remoções. Haverá a compensação ambiental por meio de insumos para a arborização urbana”, diz a nota.

Árvores cortadas dentro de condomínio para a construção de garagens
Árvores cortadas dentro de condomínio para a construção de garagens
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