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Capital

Deficit habitacional é problema “sem fim” e “dói o coração”, diz Marquinhos

“Quanto maior o desemprego, maior a dificuldade das pessoas”, comenta prefeito sobre a falta de moradias e suas consequências

Marta Ferreira | 13/07/2019 09:12
Equipe da Energisa cortando fiação clandestina usada para abastecer casas de favela no Centro-Oeste nesta quinta-feira, dia 11 (Foto: Henrique Kawaminami)
Equipe da Energisa cortando fiação clandestina usada para abastecer casas de favela no Centro-Oeste nesta quinta-feira, dia 11 (Foto: Henrique Kawaminami)

As cenas são vistas volta e meia em Campo Grande. Habitantes de moradias improvisadas fazem ligações clandestinas de energia, são alvos de operações contra os “gatos”, têm as gambiarras retiradas e em boa parte das vezes logo depois, volta tudo de novo.

Na quinta-feira (11), foi na área pertencente à construtora falida Homex, no Jardim Centro Oeste, onde os moradores chegaram a bloquear por cinco horas a pista da BR-262. No dia seguinte, sexta-feira (12), os gatos foram religados. Um dos moradores foi parar na Santa Casa de Campo Grande após levar um choque em uma ligação clandestina feita no terreno.

Em 2017, situação parecida havia sido registrada no bairro Mário Covas. Em agosto daquele ano, chegou a haver tumulto depois que o Batalhão de Choque entrou em ação para garantir o desligamento dos gatos. Antes disso, situações semelhantes já haviam ocorrido em ocupações como a Portelinha, a Cidade de Deus, para ficar nas mais recentes.

É um ciclo vicioso. Um problema que parece sem fim e que, nas palavras do prefeito Marquinhos Trad, faz doer o coração. “Doi o meu coração? Dói”, afirma o prefeito ao comentar sobre o deficit habitacional e as consequências que o acompanham.

Marquinhos começou no Poder Público na área da habitação. De lá para cá, observa aumento do problema, conforme as ondas de crise financeira no País. “Quanto maior o desemprego, maior a dificuldade das pessoas nessa área”, diz.

Moradores com fios nas mãos (Foto: Henrique Kawaminami)
Moradores com fios nas mãos (Foto: Henrique Kawaminami)

Nos últimos anos, com a montanha-russa política em Brasília, para ele a situação piorou bastante pois o programa “Minha Casa, Minha Vida”, criado para combater a falta de moradias para famílias de baixa renda, sofreu com as mudanças de governo. “Ele começou a dar certo, mas aí veio o impeachment da Dilma, parou, veio o Temer, também parou, e agora veio o governo Bolsonaro e parou novamente”.

O prefeito concordou com a expressão usada pela reportagem de que a situação pode ser comparada à figura de linguagem de um “cão correndo atrás do rabo”. “A cada ano de atraso, parece que equivale a 10 anos de crescimento do problema”.

Marquinhos, na conversa com o Campo Grande News, afirmou que em sua gestão, a construção de casas populares, que estava parada desde a gestão anterior, foi retomada. Já foi lançado o processo para 600 casas e serão mais 2,2 mil até o fim da gestão.

O número de moradias previstas para serem entregues não chega nem perto do total de inscritos na Emha (Agência Municipal de Habitação). Hoje, são 39 mil cadastrados e segundo o chefe do Executivo municipal, a procura das famílias de baixa renda triplicou.

O pedido para conversar com o prefeito sobre o tema foi motivado pela situação ocorrida na área da Homex. Sobre esse caso específico, anotou o fato de ser uma área particular. “A Prefeitura nada pode fazer”, citou.

Ainda comparando com a gestão anterior, de Alcides Bernal, Marquinhos afirmou que em sua administração, as ocupações de área pública, onde o Município pode agir, são tratadas de forma diferente. “A gente tira no dia seguinte”.

De acordo com ele, para áreas muito antigas, em seu governo, a política tem sido de regularização, inclusive como forma de combater a clandestinidade de ligações de energia e água.

Família observa trabalho da concessionária de energia em área invadida (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)
Família observa trabalho da concessionária de energia em área invadida (Foto: Henrique Kawaminami/Arquivo)

Energisa – A concessionária do abastecimento de energia de Campo Grande explica, por meio de nota, que as ações de combate ao furto de energia são desencadeadas com base em informações do Centro de Inteligência de Combate a Perdas, que monitora constantemente o comportamento de consumo dos clientes.

As informações sobre os possíveis locais com suspeita de ‘gato’ são confidenciais, portanto, não podem ser compartilhadas; e em caso de denúncias, a identidade do consumidor é mantida em sigilo.

A Energisa atua em todo o Estado “independente da classe social”, conforme determinação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Serviço - Para ter inscrição na Emha, o interessado deve procurar a sede da agência na Rua Íria Loureiro Viana, 415, na Vila Oriente, em Campo Grande. Mais informações pelo 3314-3900.

Já a Agehab (Agência de Habitação de Mato Grosso do Sul) funciona na Rua Soldado PM Reinaldo de Andrade, nº 108, e atende no 3348-3100. 

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