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Capital

Dentro da Praça e nas calçadas, Ary Coelho vira "feira livre" de ambulantes

Usuários reclamam que ambulantes vendem até churrasquinho no lugar

Liniker Ribeiro | 18/09/2019 14:49
Trecho da Praça Ary Coelho, na Avenida Afonso Pena, tomado por barracas improvisadas para vendas por parte de ambulantes (Foto: Paulo Francis)
Trecho da Praça Ary Coelho, na Avenida Afonso Pena, tomado por barracas improvisadas para vendas por parte de ambulantes (Foto: Paulo Francis)

Foi o tempo em que Praça Pública era espaço apenas para descanso e lazer. Atualmente, pelo menos na Ary Coelho, no Centro da Capital, o que mais se nota é o aumento da comercialização dos mais diferentes produtos, expostos em bancas improvisadas, montadas por vendedores ambulantes dentro e fora das cercas que delimitam o lugar. A maioria delas ocupa calçada da Avenida Afonso Pena, entre as Ruas 14 de Julho e 13 de Maio, disputando espaço com os pedestres e usuários de ônibus.

Não é preciso caminhar por muitos metros para logo dar de cara com um vendedor. Entre os produtos comercializados, meias, carteiras, capas para celular, cabos, fones de ouvido, acessórios, brinquedos e até alimentação. Quem passa pelo local constantemente garante que, uma vez ou outra, até espetinho é assado e vendido no meio da rua, próximo a uma grande árvore na Afonso Pena.

A reportagem esteve por duas vezes na região e, apesar de não encontrar pessoas vendendo os espetos de carne, registrou a sujeira provocada pelas cinzas que foram deixadas para trás.

Restos de carvão e cinzas; resultado de espetinho comercializado no local, conforme leitor (Foto: Marina Pacheco)
Restos de carvão e cinzas; resultado de espetinho comercializado no local, conforme leitor (Foto: Marina Pacheco)
No local também é possível encontrar artesanato e acessórios (Foto: Paulo Francis)
No local também é possível encontrar artesanato e acessórios (Foto: Paulo Francis)

Entre as pessoas que passam pelo local, a presença dos ambulantes divide opiniões. Para a jovem Larissa Rocha, de 23 anos, a situação representa o cenário atual no Brasil. “Isso mostra a decadência do país, onde as pessoas precisam ficar no meio da rua vendendo para ter alguma coisa”, ressaltou.

Já o acadêmico de publicidade Lucas de Souza, de 23 anos, não concorda com a situação. “Fica ruim para andar, na maioria das vezes fica batendo em outras pessoas porque não tem muito espaço, principalmente próximo ao ponto de ônibus”, opina.

Para ele, uma medida de resolver a situação seria adotar medidas parecidas com as que são desempenhadas em terminais e feiras livres, onde cada ambulante recebe uma numeração e tem o ponto exato para trabalho determinado.

Tem também quem fique em dúvida na hora de opinar. “É difícil falar porque estamos em um país que não tem emprego para todo mundo, as pessoas lutam para viver honestamente e, se você reclamar, não significa que vão tomar providências. Tem horas que incomoda, mas não adianta reclamar”, argumenta o pedreiro Hélio Leal Costa, de 59 anos.

O outro lado – Para quem trabalha no local, estar ali é questão de sobrevivência. “Pago meu IPTU aqui, meu licenciamento aqui, na minha idade ninguém vai querer me contratar”, revela um vendedor ambulante que não quis se identificar e que, há 43 anos, trabalha nas ruas.

Ele explica ainda que, a presença dos ambulantes na Praça Ary Coelho faz parte de um acordo direto com o prefeito de Campo Grande. “A princípio seria até o fim do ano passado, mas se não desse encaminhar todo mundo para outro local, continuaria valendo”, afirmou.

O ambulante Israel Melquizedequi, de 31 anos, confirma a informação diz ainda que o local é apenas provisório. “Estamos à espera da definição do prefeito”, revelou. Ele ressalta ainda que, por mais que o local improvisado esteja resolvendo a situação dos ambulantes, não é o ideal.

“Aqui é um local insalubre, temos vento e água a nosso desfavor, ou seja, não tem como explorar o potencial econômico do lugar”, afirma. Ainda na análise dele, 50 centímetros para comercialização de produtos na Rua 14 de Julho, não valem 20 metros da calçada da Ary Coelho. “Quem vem na praça quer sentar em um banco, tomar um sorvete, aqui não é referência comercial”, ressaltou.

Durante dois dias, o Campo Grande News tentou respostas junto à prefeitura de Campo Grande sobre as regras para a ocupação da praça, mas não obteve respostas.

Produtos são vendidos dentro e fora da Praça Ary Coelho, no Centro da Capital (Foto: Paulo Francis)
Produtos são vendidos dentro e fora da Praça Ary Coelho, no Centro da Capital (Foto: Paulo Francis)
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