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Capital

Desabastecimento pode causar falta de vacina contra a tuberculose

Flávia Lima | 07/04/2015 18:26
A pequena Thaila conseguiu garantir sua dose da vacina contra a tuberculose. (Foto:Alcides Neto)
A pequena Thaila conseguiu garantir sua dose da vacina contra a tuberculose. (Foto:Alcides Neto)
Após rompido o lacre, as doses devem ser aplicadas em até quatro horas. (Foto:Alcides Neto)
Após rompido o lacre, as doses devem ser aplicadas em até quatro horas. (Foto:Alcides Neto)

A partir de abril, postos de saúde da Capital correm o risco de ficar totalmente desabastecidos da vacina BCG, aplicada em bebês logo nos primeiros dias de vida como forma de proteção contra a tuberculose. Segundo a gerente de imunização da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Cássia Kanaoka, o Ministério da Saúde afirmou, em nota, que a distribuição desse tipo de vacina, além da tríplice viral e da vacina contra a febre amarela, seria regularizada nas próximas semanas.

Ela diz que desde o segundo semestre do ano passado o abastecimento está prejudicado devido ao racionamento das doses pelo governo federal. Através de um comunicado no início do ano, o Ministério da Saúde alega que o laboratório responsável pela produção da vacina está passando por reformas e não conseguiu suprir a demanda, prejudicando a distribuição das ampolas.

A redução no número de lotes de vacinas recebidos fez Sesau criar um cronograma de imunização, que permite a organização de todos os distritos sanitários e Unidades Básicas de Saúde na aplicação dessas vacinas com data e hora agendada, mas nem sempre é possível evitar que as doses sejam perdidas. Ocorre que uma vez aberto lacre, o produto precisa ser utilizado em, no máximo, quatro horas, caso contrário perde a eficácia.

Como cada ampola tem dez doses, caso esse número de crianças não procure o posto de saúde, a vacina acaba sendo descartada. Mesmo pedindo às mães que levem o bebê nos dias e horários específicos de imunização de cada unidade de saúde, algumas unidades não conseguem evitar os contratempos.

Foi o que aconteceu na manhã desta terça-feira, no posto de saúde localizado no bairro São Francisco, na rua Dr. Dollor de Andrade com a Rui Barbosa. No local havia apenas uma ampola que a gerente da unidade precisou buscar no posto da Vila Corumbá.

Para não desperdiçar as dez doses, ela pediu para a única mãe que procurou o posto pela manhã, voltar no final do período para dar a oportunidade de outras crianças serem imunizadas no período da tarde.

Com isso, a gerente de loja Paula Bento precisou retornar próximo das 11 horas na unidade de saúde para vacinar a pequena Thaila Romero, de oito dias. Ela conta que não sabia do cronograma de imunização e levou a bebê ontem ao posto, sendo orientada a retornar nesta terça-feira. “Para mim não foi complicado porque moro na região”, disse. Contudo, se não aparecer mais nenhuma criança esta tarde, o restante das doses será descartado.

A gerente do posto, Rita de Cássia Almeida Canale afirma que a Sesau conseguiu 50 ampolas que serão destinadas à maternidade Cândido Mariano. “Lá não tem desperdício, já que as crianças são vacinadas logo que nascem”, diz. Ela destaca que para a próxima terça-feira terá que recorrer novamente à unidade da Vila Corumbá para garantir o cronograma em seu posto na próxima semana.

De acordo com Cássia Kanoka, a rede municipal tem recebido 20% do que é solicitado pela Sesau.”Vamos pedindo conforme a necessidade, mas no último mês recebemos apenas 10 ampolas, quando o normal seria 1,5 mil”, ressalta
Ela disse que algumas mães reclamam do cronograma, mas ele deverá ser mantido até que a situação se regularize. “Se não adotássemos esse procedimento estaríamos sem vacina desde o ano passado. Dessa forma conseguimos cumprir a meta de imunização do ano passado. Teve criança que tomou com atraso, mas não ficou sem receber a dose”, explica.

Já no Estado, segundo a assessoria da Secretaria de Saúde, das 20 mil doses que normalmente são solicitadas, apenas quatro mil foram entregues no último mês para atender todos os 79 municípios. Para evitar o desabastecimento, os municípios do interior também criaram cronogramas de imunização, e como a demanda é menor, até o momento não há risco de faltar vacina para os bebês, apesar da redução de quase 80% das doses.

A doença - A tuberculose é uma infecção causada por bactérias, que atinge pulmões e outras áreas do corpo e pode levar a morte se não for tratada. A melhor forma de prevenir é com a vacinação. A transmissão é feita pela saliva expelida durante a tosse e espirros de uma pessoa contaminada. Os sintomas são semelhantes a doenças como bronquite e pneumonia, que ocasionam tosse intensa e prolongada.

Segundo dados do Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), Campo Grande registra média de 300 casos por ano. Segundo a OMS (Organização Municipal de Saúde), a tuberculose mata mais de um milhão de pessoas no mundo todo ano. O Brasil ocupa o 17º lugar entre os 22 países responsáveis por 82% do total de casos de tuberculose no mundo. Embora seja uma doença que pode ser prevenida, o número de mortes no Brasil chega a 4,7 mil pessoas por ano.

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